Buenas moçada, tudo firme?
Já falamos algumas vezes sobre algumas Tiranas, como a do Lenço, a do Ombro e a Tirana Charrua (se quiser ler, no final deixaremos os links).
A verdade é que buscando em outras obras que não de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, encontramos mais algumas informações que são no mínimo “diferentes” e quem sabe seja legal tu saber um pouco mais.
Todas informações foram retiradas do livro “Cancioneiro Gaúcho” de Augusto Meyer.
Então CONTINUA LENDO, que vamos de mostrar as 7 COISAS QUE NUNCA TE FALARAM SOBRE AS TIRANAS, e no final ainda te damos um BÔNUS com todas as diferentes letras que possuem no livro.
1 – POR QUE O NOME DE TIRANA?
“O nome foi popularizado pela cantora Maria Rosario Fernández, casada com um ator conhecido por El Tirano.”
Bueno, algo já temos. E o livro fala também que fora uma música muito singela e fácil, e por isso se popularizou, e nisso, o nome Tirana pegou.
2 – QUANDO A TAL TIRANA COMEÇOU A SER CONHECIDA?
A princípio, um dos autores, José Subirá, afirma que a tirana começou por volta de 1780.
Completa citando que “As composições que levam o nome Tirana foram, no princípio, sons de baile com canto. Mais tarde, o baile caiu em desuso, conservando-se só como canção, que se denominava segundo alguma palavra do estribilho, por exemplo: Tirana do Caramba, Tirana do Contrabandista etc…”
3 – ONDE A TIRANA FOI CONHECIDA?
“Juan Alfonso Carrizo registrou a Tirana em Tucumán, apenas cantada. Tornou-se popular em Cuba por volta de 1830, segundo Eduardo Sánchez de Fuentes, e era conhecida em toda América.”
Bueno, Tucumán é na Argentina. Foi falado também em Cuba. Mas uma das maiores popularidades mesmo foi em PORTUGAL. Junto com outras marcas antigas, são conhecidos até hoje. Existe até uma quadrinha conhecida por lá, lembrando que a Tirana não acaba nunca.
“Esta modinha tirana
É uma moda tão bonita…
Todas as modas acabam,
Só a da tirana fica.”
4 – EXISTE DIFERENÇA NAS FORMAS DE DANÇAS?
A Tirana já percebemos que é uma herança folclórica, dançada da sua forma específica em diversos países, em que vai ganhando tons e características locais.
Segundo Cezimbra Jacques “Assim como hoje existem muitas valsas, muitas quadrilhas, etc. existiam também diversas tiranas: a “tirana grande”, dança sapateada em roda grande, diversas “tiranas de dois”, bailadas em grupos de dois pares; a “tirana de ombro”, assim chamada devido a aproximação seguidamente do ombro de um dos cavalheiros com a dama do outro cavalheiro e vice-versa; e fora destas, havia também a “tirana tremida”, assim denominada pelo trinada das cordas da viola e também chama “tirana dos Farrapos”.
Estas Tiranas são danças citadas, porém até hoje não recolhidas e reconstituídas, ficando somente nas citações por falta de informações da forma de danças.
5 – E A MÚSICA DA TIRANA, O QUE TEM DE ESPECIAL?
A música da Tirana foi publicada pela primeira vez em 1903, com uma nota junto, trazendo alguns detalhes importantes e que são utilizados até hoje, como por exemplo o “ai” no final de alguns versos, como a demonstrar o fim da frase musical, ou então as batidas do tocador no tampo do violão.
Os autores da música e dos versos foram ignorados, e ninguém sabe quem foi, mas que são importantes são!
6 – A TIRANA FOI DANÇADA SÓ NO RIO GRANDE DO SUL AQUI NO BRASIL?
Com certeza não!!
Há citações de Tiranas na Bahia, onde não fora tão diferente da nossa pelas características citadas: “vinda dos Açores para o Brasil, foi dança de sapateado e canção solista. As tiranas eram cantadas durante o trabalho, por lavandeiras, canoeiros ou mesmo nos putiruns…”
Foram vistas também Tiranas no Amazonas, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
7 – EXISTEM MAIS QUADRINHAS DA TIRANA OU SÓ AS QUE SE HOUVE NOS RODEIOS?
Com certeza existem e DEVEM ser utilizadas para que não fiquem presentes apenas em livros antigos.
Deixamos abaixo todas as que se encontram no livro do Augusto Meyer, base desse texto inteiro:
“Eu amei uma tirana
E ela não me quis bem;
Agora vou desprezá-la
Vou ser tirano também.
Tirana, feliz tirana,
Tirana de um dolorido
Uma tirana de gosto
Deixa um gaúcho perdido
Minha tirana de gosto,
Rosto mimoso e bem-feito,
Quem teu fandango não baila
Não é gaúcho direito
Tirana, feliz tirana,
Tirana, que bom fandango!
De tudo vou-me esquecendo
Só de ti me vou lembrando.
Tirana, bela tirana,
Tirana do arvoredo,
Se o teu pai te degredar,
Comigo seja o degredo!
Tirana, tira, tirana,
Tirana da fagagosa,
Assim como ela é bonita,
Também há de ser gostosa.
Tirana, feliz tirana,
Tirana, vamos andando,
A minha licença é pouca,
O tempo está acabando.
Tirana, feliz tirana,
Tirana, o sol ‘sta nascendo
E quando o sol se apagar,
Nas estrelas ‘stou te vendo.
Tirana, feliz tirana,
Tirana, vamos embora
Juntinhos, de braço dado,
Antes de romper a aurora.
Tirana, bela tirana,
Tirana do pé pequeno,
Eu te levo nos meus braços
E não te molha o sereno.
Tirana, bela tirana,
Tirana, não chores, não!
Não dormirás ao relento,
Teu leito é meu coração.
Tirana, tira, tirana,
Tirana, que eu vi, bem vi:
Meu amor em braços de outro!
Não sei como não morri!
Tirana, feliz tirana,
Tirana, que eu vi, eu vi:
Na cabeça de um velho,
Um ninho de bem-te-vi.
Tirana, tira, tirana,
Tirana, vou te deixar:
Tirana, juraste falso,
Tirana, pra enganar.
Tirana, feliz tirana,
Tirana da tirania,
Já não morre por amores
Quem por amores morria.
Todos gostam da tirana,
Mas é só para dançar;
Porque de uma tirania
Ninguém deve gosta.
Eu amei uma tirana
E ela não me quis bem;
Agora vou desprezá-la,
Vou ser tirano também.
Vou cantar esta tirana
Para dar a despedida;
Já passa da meia-noite,
Fica a dança concluída.
Quero dar a despedida,
Despedida de tirana;
Tirana é como amor falso,
Diz que quer mas só engana.”
Que tal moçada?
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Ah, e se quer ver o que já escrevemos sobre as tiranas, clica abaixo:
Gracias!
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