Marina Paixão Côrtes

MARINA PAIXÃO CÔRTES: Estão nos detalhes as grandes riquezas do nosso passado.

Buenas amigos, como estão?

O dia 07 de Agosto de 2023 vai entrar para a história, pelo menos a minha história. Tive a oportunidade ímpar de conhecer o apartamento de João Carlos Paixão Côrtes e Marina Paixão Côrtes. Para alguns talvez seja algo corriqueiro, mas para mim foi de um tamanho sem explicação.

Não sou saudosista e nem tenho propriedade para dizer que sou um profundo conhecedor de toda a história do Seu Paixão e da Dona Marina, mas com certeza posso dizer que já li MUITO praticamente todo material publicado por eles. Mas isso não vem ao caso, o que importa foi o que de produtivo pude colher de cultura nesse dia cheio que tivemos por lá.

Fomos recebidos pela Dona Marina por volta das 10h, onde em poucos minutos já estávamos acomodados na sala de jantar (sofás antigos em veludo cor vinho – ou vermelho?, poltronas que certamente foram mandadas fazer fora, mesas e cadeiras de entalhes impecáveis, coisas que não são de hoje como alguém diria)…

Ao menor sinal já estávamos ajoelhados em volta da mesa de centro, debruçados em todas as pastas com modelos desenhados pela Dona Marina. Não somente modelos de Vestidos, mas uma riqueza de detalhes em Sapatos, Chapéus, Casacos, Coletes, Sombrinhas… Ficamos quase 2h entre conversas e análises de cada modelo para cada pessoa.

Marina Paixão Côrtes

O mais interessante foi entender a concepção de cada modelo… como foi pensado, para que tipo de corpo, que tipo de pessoa e personalidade. Se para dia ou noite. Se frio ou calor. Qual a idade? Casada ou Solteira? Tantos e tantos detalhes para achar os pares perfeitos de peças. E não só isso: as inúmeras possibilidades que uma mesma peça pode trazer, mudando completamente o traje com a troca de um ou outro acessório. Isso é conhecimento.

Mas bueno, só por isso já teríamos tido uma aula… Mas não, logo depois começou o tesouro da visita.

Dona Marina nos convidou para conhecer a sua sala, onde guarda todas as suas peças. E aí sim senhoras e senhores, ficamos mais horas analisando cada modelo e suas peculiaridades. Nisso conseguimos perceber como tanta riqueza de detalhes se perderam, talvez em função dos concursos, não sei… mas a preocupação com uma boa peça de roupa não levava em consideração o palco em si.

Ouvimos tantas vezes perguntas como: “Mas por que vocês só fazem roupa de frio, se tem tanto rodeio no Inverno?“. Sem resposta. Talvez algum de nós pensou: “porque se usar isso vão nos descontar…” (?????)

Logo, com isso, fui percebendo que temos uma longa jornada ainda pela frente. Pode parecer que já se faz e se sabe de tudo em relação a Indumentária Gaúcha, especialmente a feminina neste caso, mas não é verdade. Quantos modelos de golas são possíveis para uma peça? E quantas são usadas? Quantos acabamentos de costuras em mangas? E os modelos de Sapatos então…? Quais os modelos de fichus que estamos colocando em palco? E quais não estamos? Porque esse é mais comum e o outro não?

Eu saí com tantas perguntas, mas com a certeza de que ainda da tempo. O conhecimento está ali, concentrado em uma pessoa e um lote de peças feitas nas últimas décadas.

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E isso que nem comecei a falar sobre: Leques, Peinetas, Travessas, Broches, Joias, Camafeus… Hoje pode nos parecer até meio óbvio o que “pode ou não pode” ser utilizado. Mas e o que é o melhor dentre tudo que pode? Quais os mais bem acabados? Quais seriam os mais “naturais” para a época?

Aquele lugar é um tesouro. É um museu da cultura gaúcha, da dança gaúcha, dos bailes, das festas, das roupas. 

Mas bueno, mas seguir mais um pouco adiante.

Após a nossa primeira imersão em Indumentária Feminina, Dona Marina nos convidou a conhecer a sala do Seu Paixão. Eu juro, quando eu vi aquela cadeira com a qual eu já assisti uns sem fim de documentários e ele estava sentado, mostrando os livros e pesquisas, aí que a ficha caiu. Era o ambiente o Seu Paixão muito trabalhou, escreveu, fez reuniões, organizou eventos. Foi ali que muita coisa foi “ressuscitada” para o povo novamente. Eu não consigo descrever o sentimento de estar ali.

Dona Marina nos mostrou em detalhes cada pedaço, cada quadro, estátua e inclusive o roupeiro do Seu Paixão com todos os seus Lenços Scavinos e Carijós (a maioria vermelhos!) além da centenas de livros que foram lançados e permanecem por lá. Gentilmente inclusive, tivemos a sorte e a honra de sermos presenteados com 3 obras… ai ai, as coisas dão certo no momento certo!

(Detalhe: nos mostrou a guaiaca utilizada quando foi o modelo do Laçador!)

Marina Paixão Côrtes

Eu falo isso porque lá em 2013 eu comecei a comprar livros do Seu Paixão e da Dona Marina nos Sebos e Online, mas em certo momento começou ficar escasso (e caro!). Então foi só lá em 2016, com a criação aqui da Estância Virtual, que o hoje meu amigo Diego me presenteou com dezenas de livros (alguns xerox, insistidos por mim) e foi aí que a EV deslanchou! Começava a abrir um mundo de oportunidades de escrita e saberes que eu não tinha.

E então, voltando para a visita, agora eu estava lá, rodeado por todos esses livros, por violas antigas, por estátuas do Laçador, CDs, Fitas gravadas, arquivos de pesquisas, máquina de escrever, computador, gravadores e gramofone. Que volta essa! Eu NUNCA imaginei estar lá, nunca mesmo. 

Hoje já me sinto saudosista. Hoje posso dizer que estive lá, mesmo que infelizmente sem a companhia completa do casal, mas eu sei que o Seu Paixão está em cada pedaço daquele espaço.

O tom do texto era pra ser mais cultural do que uma percepção minha, mas não me contive.

Vou ter que escrever outro para entrar nos detalhes de Indumentária realmente.

Nos falamos em breve.

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