Integrações que não integram, qual a lógica?

Alguns meses atrás estive em um rodeio que ao final, como de costume em diversos rodeios, o organizador (ou o apresentador) pediu para os músicos do último grupo permanecerem no palco, e convidou os dançarinos que estavam na plateia para se juntar ao centro do palco e dançarem algumas danças de “integração”, até que finalizassem as planilhas para iniciar os resultados.

Porém, como também já de costume, veio o aviso: “Pessoal, quem estiver PILCHADO pode vir dançar, vamos respeitar.

Tenho certeza que tempo atrás eu já concordei com isso.

Me lembro de não gostar de ver pessoas na famosa Integração do ENART dançando com roupas que não a sua de dança, e principalmente os que nem dançaram o próprio Domingo.

Mas hoje vejo bastante diferente. Será que não estamos perdendo uma excelente oportunidade de tentar deixar nossas danças tradicionais, um pouco mais “populares”? Claro, parece utopia pensarmos que por aqui algum dia veremos em uma praça tocar um Tatu com Volta no Meio e quem tiver por ali passando pare para dançar, assim como vemos acontecer com nossos hermanos Argentinos.

Porém me parece também ilógico que nós mesmos que somos os participantes dos CTGs não consigamos criar formas de levar isso adiante, de fortalecer, de buscar um “algo a mais”.

Uma das frases que eu mais gosto do Paixão Côrtes é:

CTG S.A.Powered by Rock Convert

“Podemos viver um momento tradicionalista de calção ou de smooking; tradicionalismo não se manifesta exclusivamente na forma de ser, mas principalmente na de sentir, de viver.”

Para mim isso é um tapa na cara até hoje. Uma reflexão que nós como Movimento deveríamos fazer…

Por que para dançar uma integração em um final de rodeio eu preciso estar pilchado?

Revivi esse momento alguns dias atrás, onde outro apresentador usou a mesma frase: “Pessoal, convidamos todos os grupos e invernadas aqui presentes para uma dança de Integração, quem estiver pilchado pode participar…“.

Eu, pilchado, não quis ir. Mas um monte de gurizadinha de Mirim e Juvenil que estavam na volta, queriam muito estar lá, porém estavam de abrigo e tênis. Não puderam. E aí fizeram o que? Dançaram ali mesmo! Sim, dançaram fora do tal “palco” principal, o que me fez lembrar daqueles vídeos de festivais de Folklore na Argentina, que quem dança é o povo.

E dizem que nós adultos que temos que dar o exemplo… 

Eu sei, o apresentador ou organizador só seguiu um protocolo. Talvez o MTG até tenha alguma coisa disso em algum regulamento, assim como tem para os Hinos, para os agradecimentos, para as Bandeiras… Ou talvez não, talvez só foi feito “como sempre foi”.

E como disse o Paixão:

“O Rio Grande do Sul é, atualmente, um dos Estados mais pobres em folclore. (…) Vive-se, agora, da projeção ou reinterpretação do folclore.”

Nós, como lideranças, temos que pensar mais. Sim, tu que está lendo provavelmente exerce um papel de liderança em alguma escala dentro do teu convívio. Vamos pensar mais, conversar mais, ler mais…
Aos poucos a gente consegue.

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