O Levante nas danças gaúchas é tão importante quanto o tema bailável em si, merece muita atenção!

Buenas amigos, como estão?

Falar sobre música nas danças tradicionais gaúchas sempre atrai debates com diferentes pontos de vista.

Primeiro é preciso identificar que a diferença na forma de tocar no ENART é totalmente diferente do estilo Campeiro, e não estamos aqui para classificar o que está mais ou menos certo, apenas frisar que a diferença é bem grande, e até mesmo quem é leigo no assunto consegue identificar bem fácil a diferença só no assistir um grupo dançar.

Se nos questionarem tecnicamente qual a diferença, não saberemos dizer, pois fazemos parte do grupo de leigos.

Utilizamos para buscar informações o livreto “Antigualhas cantilenas fandanguistas“, de João Carlos Paixão Côrtes, de 2004.

vocal CTG

Colocando presilha nestes nossos despretensiosos enfoques, lastimavelmente estamos presenciando o ensino de músicas e danças do nosso folk-tradicionalismo, por certos charlatães que, sem convivência pastoril, sem pesquisas autóctones e sem euritmia, vem deturpando melodias e passos de nossos bailares com “ricas soluções” de gabinete…

Tal avaliação, vale também para temas birivas, cujos motivos estão sendo descaracterizado e erroneamente avaliados por “ilustres” desconhecedores…

Não duvidamos que, dentro em breve tais barbaridades maléficas, despidas de fundamentação, se oficialize…

Pobre da nossa tradição!

E é assim que iniciamos nosso texto, com um desabafo do Sr. Paixão Côrtes, para então, na sequência, entendermos de fato o Canto Levante.

Assim, como na época atual nós identificamos uma série de ritmos, de gêneros, de composições, através de acordes, notas, sons de percussão, expressões vocais, elementos eletrônicos ou não, quer nos parecer que o levante, era a expressão poética-vocal, que servia de prenúncio para diferentes gêneros musicais do ciclo fandanguista.

Esta forma, denominada levante, terá possivelmente raízes no que Tomás Borba e Fernando Lopes Graça, em seu “Dicionário de Música” (Lisboa 1965), definiram como: “Levantamento: s.m. Expressão empregada no canto liturgico, cuja execução é, em princípio destituída de acompanhamento. O levantamento de uma antífona, de um Salmo ou de um hino é função do regente do coro, ao qual compete entoar na altura e tom próprios a primeira frase da melodia, que o coro em massa depois prossegue.”

Bueno, já identificamos claramente o que é o tal do Levante. Então seguimos:

No Rio Grande do Sul, o levante, apresenta-se como uma espécie de cantilena com estrofes separadas, individuais, com rimas singelas, numa maneira como num prólogo sonoro vocal sem obedecer a um ritmo preciso, livre, mas entoado de maneira a nos dar uma sensação rítmica musical. A viola era o destaque.

Informação importante: A VIOLA ERA O DESTAQUE. Onde estão as violas? Seguimos:

Música Gaúcha

O levante consiste em uma forma de cantar a solo com certa liberdade; com melodias frouxas, algo lamuriosas, em que parece haver um predomínio da voz ao som instrumental. Antes, porém, o instrumentista “rasgava a viola”, como “tentando descobrir” o tom do cantador, isto é, o instrumento era afinado pela maior ou menor tensão de suas cordas, por cravelhas de madeira (artesanal). Obtinha-se então, várias escalas diatônicas, ajustadas à voz e à capacidade do cantor para cada música. Daí a importância da viola para o canto, por ser ela um instrumento polifônico.

Pensa só, barbada não devia ser…

Representa o levante uma forma de anúncio cantado, algo de sentido recitativo, para que os bailarinos possam se preparar para irem tirando suas parceiras em tempo hábil. Há um natural deslocamento dos dançarinos no salão, durante o seu canto, para que, ao seu término os pares já estejam em posição de iniciarem a dança.

Aqui já conseguimos imaginar um pouco como os grupos em sua maioria fazem, mas também as diversas discordâncias de movimentos e gestos ensaiados que são feitos durante o Levante, perdendo a característica principal deste momento…

O solista, ao entoar esta anunciação musical, o fazia numa poética que também não apresentava uma divisão métrica mais rígida, aparecendo sílabas espichadas, em compassos livres (…). No ponteio, surgiam por vezes, acordes “rasgados”, arpejos e, quando não, batidas com o polegar ou pontas dos dedos da mão direita do violeiro, ao comprido do tampo frontal (…).

Sabe aquela baita rasgada no violão (que pode ser também da viola) que o músico faz antes da Tirana, por exemplo? Aquele é o tamboreio no violão, que foi muito peculiar dos músicos fandanguistas.

As melodias do levante habitualmente apresentavam notas bastante agudas, que para alcançá-las, o interprete ficava com os músculos do pescoço bastante dilatada. O canto deveria ter bom peito.

Cada cantor-instrumentista, segundo Paixão, poderia a sua própria interpretação da música-tema em questão, desde que não perdesse as características da 1ª e 2ª Geração dos bailes gauchescos.

O canto levante se fazia presente em motivos dos dançares do Ciclo Fandaguista.

Bueno, são muitas informações e não creio que fique 100% claro para quem é leigo em música (assim como nós), porém vale a pena os responsáveis pelos grupos de dança e grupos musicais se atentarem aos detalhes, buscando a música mais autêntica possível aos grupos de dança, e não, as mais bonitas e cheias de enfeites que não retratam o verdadeiro bailar gauchesco de outrora.

Abraço moçada!

#Música #Levante #CTG

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