Grupos de Danças Tradicionais Gaúchas não estão preparados para o fracasso em suas apresentações.
Não sei dizer muito bem o motivo que resolvi escrever este texto. Na verdade eu até sei qual foi o gatilho que meu deu inspiração (uma conversa ontem com Jéssica, depois de um dia bem puxado…) mas acredito que já pensei muito sobre isso em outras oportunidades.
Chegamos a conclusão ontem, que não estamos nunca preparados para o Fracasso.
“Mas como assim??? Vocês não ensaiam para ganhar??? Como vão querer se preparar para perder???”
Não é por aí…
A verdade é que como já falei em diversos outros momentos, eu dancei 5 edições do ENART, onde tínhamos um grupo sempre modesto, com diversas dificuldades, mas sempre íamos para Santa Cruz. O “sonho” sempre foi estar no domingo do ENART.
Então, passou 2010, 2011, 2012, 2013… e nada. Em determinado ano, especificamente em 2012, nós tínhamos certeza que passaríamos.
Só haviam comentários positivos para o grupo. A certeza estava batendo em nossa porta.
E adivinhem, não passamos. Se foi o chão. Tudo perdido.
“Um ano horrível, nada deu certo, foi uma bagunça…” – era o que dizíamos.
Pensando nisso, parei para pensar o quanto a gente deixa de aproveitar a melhor parte, ou então, o que realmente deveria ser a melhor parte e muitas vezes não é – a preparação.
Essa história de 2012 a Jéssica sabe contar com todos os verbos que eu uso, de tantas vezes que já falei. E isso que a gente nem se conhecia ainda na época. O que me faz pensar o quanto este Fracasso doeu.
Mas bueno, em 2014, passamos para o domingo. Tudo ótimo, tudo perfeito, melhor ano da vida.
Já em 2015, não passamos, e o grupo rachou, paramos de dançar.
Logo percebi: não estamos NUNCA preparados para o FRACASSO.
Mudando de saco pra mala, essa semana tem FEGADAN. Lá, metade dos grupos participantes passam para o domingo em cada categoria. Ou seja, metade vai “fracassar” e metade terá “êxito”.
Mas isso também depende muito. Só estar no domingo é insuficiente para quem quer ser campeão e tem chances para tal. Então, se ficar em segundo ou terceiro, terá sido um Fracasso. Será que o ano inteiro terá valido a pena para alguns?
Tentando contextualizar ainda mais…Será que o motivo real da criação das competições de danças, era o FIM ou o MEIO?
Sempre prefiro pensar que o meio, onde os momentos de confraternização, união e parceria fossem os mais importantes, e caso desse tudo certo, o grupo ensaiasse bem e o instrutor fizesse as correções, o resultado viria “ao natural”.
Talvez seja uma utopia pensar assim, mas talvez não. Hoje tenho alguns colegas de grupo que eu tenho CERTEZA que pensam assim, e eu demorei muito para entendê-los.
Não que o resultado não seja importante, longe disso… mas temos que APRENDER a VALORIZAR o que realmente nos faz feliz, ou deveria nos fazer…
Um resultado é momentâneo, é passageiro… Mas as histórias de todos os rodeios do ano, eventos, churrascos e etc… esses são para sempre, pode ter certeza!
Para quem está se preparando para a Inter-Regional do ENART e posteriormente para o ENART em si, assim como o pessoal que vai dançar o FEGADAN logo na sequência, uma dica: APROVEITE TODOS OS MOMENTOS, e não só os 20 minutos do tablado.
Eu estou longe de ser o exemplo, porque sou muito competitivo, mas aos pouquinhos a gente vai colhendo aqui e ali, e aprendendo mais e mais!
Forte abraço, e bons eventos!