Os três Estados meridionais do Brasil, mormente o Rio Grande do Sul, vivenciaram entre 1893 e 1895, a Revolução Federalista, um entrevero de natureza política de grande repercussão no começo da República.
A causa principal foi o descontentamento com a administração exercida pelo Presidente do Estado do Rio Grande do Sul – antes de 1891 era Província -, Júlio de Castilhos, o qual pertencia ao Partido Republicano Rio-grandense.
Os apoiadores de Castilhos eram os Chimangos, também conhecidos como Pica-Paus; positivistas, centralizadores, presidencialistas e alinhados ao Governo Federal.
De outra banda estavam os Maragatos, inspirados nos ideais de Gaspar Silveira Martins, os quais pretendiam derrubar Júlio de Castilhos e estabelecer a Descentralização Política de viés Parlamentarista.
Os Maragatos eram contrários às Diretrizes do Presidente Floriano Peixoto que apoiava Castilhos, de tal forma que convenceram os revolucionários dos Estados de Santa Catarina e Paraná a lutar pelo Federalismo, dando feição nacional à Revolução.
O Movimento Revolucionário Federalista foi nocauteado em fevereiro de 1894, na batalha da Lapa no Paraná quando enfrentou as forças do Marechal de Ferro.
Sem provisões e munição os rebeldes se fragilizaram. Seis meses depois os Chimangos decapitaram o chefe dos Maragatos, Gumercindo Saraiva, e, enviaram sua cabeça para o governador Júlio de Castilhos.
Os Maragatos continuaram a luta, mas, enfraquecidos findaram por assinar o termo de Paz em agosto de 1895 na cidade de Pelotas, RS.
Moral da História. A Proclamação da República foi rejeitada bravamente por algumas lideranças sociais e políticas brasileiras.
Eles se insurgiram porque não toleravam o Presidencialismo, o Positivismo, o Centralismo, e a manutenção das Oligarquias nos governos dos Estados.
Ocorre que o Presidente da República Marechal Floriano Peixoto soube sufocar não só o Federalismo como todas as revoltas da época.
Convém registrar que em 1923, quando o Presidente da República era Artur Bernardes, o entrevero entre maragatos e Chimangos se repetiu.
Joaquim Francisco de Assis Brasil, Líder dos Maragatos, enfrentou as forças de Borges de Medeiros, seu rival político, que o derrotara na eleição de 1922 para governador do Estado do Rio Grande Do Sul.
Os chimangos venceram novamente com as bênçãos do Governo Federal, mas, para cessar definitivamente a peleia, as partes celebraram em dezembro de 1923 o Acordo de Pedras Altas, pelo qual os Maragatos conseguiram algumas mudanças na Constituição Federal e na organização das futuras eleições no Rio Grande do Sul.
Para lembrar, os revolucionários foram apelidados de Maragatos pelas forças da situação, numa analogia à Comarca espanhola de Maragateria cujos habitantes tinham por gentílico: Maragatos, os quais usavam lenços vermelhos e andejavam como ciganos, comercializando cavalos roubados.
Atualmente este conceito não é mais pejorativo sendo motivo de orgulho usar lenço vermelho e se denominar Maragato.
Em retorsão, os revolucionários apelidaram os combatentes castilhistas de Chimangos, por eles, usarem lenços brancos, numa alusão a ave de rapina: chimango ou carrancho dos Pampas.
Os gaúchos atualmente usam faceira e respeitosamente lenços vermelhos, brancos e de outras cores demonstrando integração e civilidade.
Tudo por hoje indiada. Abracito.
Dr. Francisco Mello.