Anú? Isso é um pássaro? Como faço para dançar? Tem quantas partes? E se é um pássaro, ele é preto mesmo? E é passarinho de verão? É uma dança tradicional?

Dança Tradicional do Anú

Foto: Estampa da Tradição

Buenas moçada, tudo bueno? Falar da dança do Anú não é lá a coisa mais fácil do mundo, já que tem umas 271 partes, e além de que “não existe primeira sem segunda”. Então para não delongar muito, que tal falar da tal dança do “passarinho de verão”? E se tu nunca viu, da uma olhada aqui embaixo no tal do ANÚ, e CONTINUA LENDO que tu vai entender bem da dança che!

E já para não fazer muito mistério, vou te largar de barbada a verdade sobre o Anú que nunca te contaram: “O anu-preto vive nas paisagens abertas com moitas e em capões entre pastos e jardins. Não voa bem em lugares muito abertos, pois seu voo é lento, mas é bem adaptado para voar em áreas de mata não muito fechadas ou mistas com campos. Sempre anda em pequenos bandos de cinco a sete indivíduos que voam de um lugar para o outro (no máximo a distâncias de cinquenta metros), sempre saindo primeiramente o líder.”(Wikipedia)

Agora que tu já sabe a verdade che, aproveita e fica sabendo tudo sobre a DANÇA DO ANÚ!

Anu pássaro preto

Foto: Site Pássaros Silvestres

Segundo afirmou Cezimbra Jacques, “as tiranas em primeiro lugar, e em seguida o anú, foram as danças prediletas do gaúcho sul-riograndense”. E che, tu hay de concordar que até hoje é assim! Já o Paixão e o Lessa explicaram que o Anú “aproxima-se bastante da Quero-Mana, principalmente pelo passeio cerimonioso que os pares realizam” e que “o período em que o anú gozou de maior popularidade, no Rio Grande do Sul, foi em meados do século passado”, que diga-se de passagem é lá por volta de 1850…

Mas falando na dança propriamente dita, o Anú conta com uma série de figuras a qual vamos falar um pouco na sequência. A posição inicial se da após “anunciada a dança, pelo marcante, os pares vêm-se postar em fileiras opostas”. A dança é feita em duas filas, sendo uma de peões e outra de prendas. Os pares iniciam de mãos dadas, sendo peão pela mão direita, e prenda pela mão esquerda.

Marco da Tradição

Foto: TV Tradição

Então, tomados pelas mãos, e durante o inicio do canto, peão e prenda iniciam a dança.Realizam três passos-de-marcha para frente, um passo de juntar, e realizam um cumprimento. Após o cumprimento, onde a música sofre uma interrupção, os pares realizam mais cinco passos de marcha e então outro passo de juntar, porém desta vez frente a frente com o par. A prenda realiza primeiramente um giro pela esquerda e após a conclusão, o peão o realiza, e então, cumprimentam-se respeitosamente mais uma vez.

Aruá Anú

Foto: TV Tradição

Essa é a parte “tensa” da dança, onde normalmente o dançarino que não está muito preparado, ou então é novo, sente a pressão aumentar. Se o nervosismo tomar conta, não tem quem não fique com o canto da boca tremendo durante todo o passeio, naquela vontade de sorrir, mas ao mesmo tempo sabendo que não pode ficar só sorrindo… Bah, essa parte só quem dançou para entender do que eu estou falando!

Após os cumprimentos, “ao som da melodia do sapateio-continuado, todos os dançarinos batem palmas, viva e alegremente, acompanhando a música.” Ao concluir as palmas, repetem a primeira figura do passeio do Anú.

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Anú Marco

Foto: TV Tradição

Concluído o segundo passeio, inicia a parte boa do Anú che!! A parte do sapateio e do sarandeio!! Ao primeiro comando de, “CERRA E TRAVA!”, “o homem executa um sapateio-interrompido sem sair do lugar, e a mulher sarandeia graciosamente, no mesmo lugar”. Feito o cerra e trava, o marcante grita o “TIRA ESPINHO!”. Os peões então realizam sapateios interrompidos, e ao final batem com sua mão na sola da bota, como se fossem realmente”‘tirar um espinho” da bota. Ao tirar o espinho, todos gritam “JÁ TIREI!”. Caso seja vontade do marcante, pode repetir a figura chamando um “OUTRA VEZ QUE AINDA NÃO VI…” e assim sucessivamente, até o próximo comando.

Aqui a adrenalina começa a aumentar, porque tu sabe que o sapateio do “BAMO EMBORA!” vai ser chamado em seguida, e tu vai ter que sair para frente da fila, cuidando para não abrir buraco, cuidando para acertar as harmonias, não errar o sapateio, e ainda dar uma boa pacholiada! Mazá Anú véio! E com essa movimentação dos peões, as prendas ficam lá na fila, realizando sarandeio no lugar, desoladas, como se eles as tivessem abandonado… Que vida hein che? Mas as prendas que se atrevam a não fazer um sarandeio bem bonito e gracioso para ver o que acontece…

Dança do Anú Juvenart

Foto: Estampa da Tradição

Então ao já ter feito o “BAMO EMBORA!”, e tendo deslocado a fila de peões, o marcante chama o “OLHA O FOGO!”. Então todos peões executam um sapateio interrompido, e ao final fazem meia-volta para então poderem retornar às suas prendas, que durante o olha o fogo, realizaram sarandeio no lugar. Então, o marcante grita o “BAMO VOLTA!”, onde os peões retornam sapateando para às suas prendas, e as mesmas aguardam o retorno realizando sarandeio na posição.

Cosa mais gaúcha hein che? Aqui sim se vê a habilidade da gauchada! Fora a festa dos pares quando voltam a se ver, e realizam o “BATE PALMA!”, chamado pelo marcante. O Bate Palma é similar ao da primeira parte. Então ao comando de “SERRA E MANCA!”, “as mulheres sarandeiam sem sair de suas posições. Mas os homens, flexionando levemente o joelho esquerdo, realizam um sapateio-continuado-mancado em torno do próprio corpo, à frente de suas companheiras.”

Foto: TV Tradição

E para arrematar então, ao comando de “FIGURA!”, os peões realizam um sapateio e concluem pousando o joelho direito no chão e estendendo a mão para a sua prenda, que durante esse tempo, realizou sarandeio no lugar.

Então, com todos peões com um joelho no chão, e segurando a mão de sua prenda, o marcante comanda “NÃO EXISTE PRIMEIRA SEM SEGUNDA!”. O vocal volta a tocar a melodia do Anú, e a dança volta a se repetir.

Foto: TV Tradição

Mas então che, o que tu achou da dança do Anú? Vale lembrar quanto a interpretação da dança, que a diferença é grande entre o estilo ENART e o estilo Campeiro. No ENART, a mímica das figuras é mais ressaltada, onde os peões demonstram dor no “serra e manca” por exemplo, cuidam para não se queimar no fogo do “olha o fogo” e por aí vai, enquanto no Campeiro prevalece o pacholismo e a característica individual de cada dançarino. Não existe certo ou errado, existem formas diferentes de se dançar…

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