“Tchê, mas o que é um bailongo? É diferente de um baile normal? Muda só o nome? E por que a dança é mais simples nos bailes? Tem alguma regra que tenho que cuidar?”
Foto: Divulgação Facebook
Buenas gauchada, tudo tranquilo? Aqui tudo tudo certo, e olha que se melhorar vira baile!!! Aproveitando o trocadilho, o assunto de hoje são os nossos bailes gaúchos. É importante que prestemos um pouco mais atenção neles, pois foi por falta de registros (até porque não havia forma de registrar, fora escrita ou mentalmente) que fez o Sr. Paixão Côrtes e o Sr. Barbosa Lessa sair rodando o estado inteiro para tentar achar pessoas que contassem como eram os bailes de outrora. Mas o que o Paixão acha afinal dos bailes de hoje? Melhor ou pior que os grupos de dança ensaiados?
Se tu te interessou che, CONTINUA A LEITURA que tu vai te surpreender, e com certeza vai te deixar no mínimo com um fiapo atrás da orelha.
Para dar voz ao mestre Paixão, utilizei dois livros diferentes, de épocas bem diferentes também: Falando em Tradição & Folclore Gaúcho de 1981 e Bailongo – Livre de ‘Marca’ e ‘Sinal’ de 2001.
Fonte desconhecida
O que acontece nos bailes, em termos de danças hoje, são o que Paixão Côrtes classificou como Danças de 4ª Geração, mais especificamente as danças “Vivas”, que são espontâneas nos dias de hoje como Valsa, Chotes, Rancheira, Polquinha, Bugiu, Chamamê, Milonga e Vaneirão. Essas danças são aquelas que acontecem “pela gente-povo, em plenos festejos bailáveis nos encarreiramentos de cancha-reta; no salão agreste e festivo de um fundo de rincão; na reunião caseira do bailar privado de uma estância…”
Em resumo, são onde as danças acontecem sem preocupação. É aquela vaneira que tu danças esperando o resultado de um rodeio. Ou então aquela milonga em um bailezitocom meia dúzia de pessoas… Enfim, totalmente distante de regulamentos, festivais, rodeios, etc…
O motivo da pergunta “Baile ou Bailongo?” me motivou graças a um evento que os CTGs Laço da Amizade, Imigrantes e Tradição e Marco da Tradição de Caxias do Sul estão organizando, com início no ano de 2015, e este ano se dará a segunda edição. O evento denominado “Bailongos Gaúchos e as Brincadeiras de Cotillon” chama a atenção de fato. Sobre as brincadeiras falaremos em outra oportunidade, vamos nos ater ao “Bailongo”.
Foto: Divulgação Facebook
Basicamente, Bailongo é uma junção das palavras Baile e Longo. Criativo não?
“Diz-se Bailongo, na Campanha, quando se refere a um acontecimento dançante promovido por uma sociedade, ou por uma residência familiar, em que se desenvolveu uma “baita” festa, em alto grau de alegria e respeitabilidade, com a presença maciça de bailantes convidados ou conhecidos, e que se dançou prazerosamente por longas horas, ao som de apurada música.”
Que tal essa? Em resumo, era um baita baile!
“É uma relembrança festiva dos “bailes-dos-antigamentes”: iniciava-se ao entardecer e só parava depois do romper as barras-do-outro-dia, com o sol alto, nem que para isso, fosse preciso, fechar os tampos das janelas do salão, para ter-se a “justificativa” de que ainda era noite… E razão para mais um “toque” do gaiteiro…”
Que coisa mais gaúcha! Baile de fundamento hein che? Imagina começar a dançar no final de um dia, e terminar no começo do outro? É quase uma rave da Vaneira/Chote/Bugiu/Milonga e etc…
Foto: Portal das Missões
“É a oportunidade para qualquer pessoa que goste de dançar, descontraidamente, temas gauchescos nos dias atuais, tome seu par e possa participar tranquilamente, assomando-se a um tablado, sem a específica obrigatoriedade de pertencer ao corpo de danças deste ou daquele CTG. (…) O Bailongo é para o povo dançar, independente do participante ser associado a uma entidade tradicionalista ou não.”
Vale inclusive, voltarmos para 1817, quando Nicolau Dreys falou: “Os rio-grandenses gostam de reuniões e de divertimentos coletivos, ou seja, qual for o objetivo do ajuntamento, música, dança, espetáculos, jogos, nele se depara a mais escrupulosa decência no meio de franca alegria”
Mas que barbaridade! Em 1817 já era assim, imagina se não haveria de ser também agora né xirú?
Fonte desconhecida
Em outro contexto, lá na década de 80, quando questionado por certo repórter o que o Paixão achava sobre os Bailões, a resposta foi de uma coerência sem tamanho:
“É importantíssimo no momento atual. Numa sociedade suburbana que tem raízes no meio rural, o homem do interior encontrou no Bailão, através de um ambiente descontraído e informal, mas respeitoso e com música regionalista, momentos que lembram sua mocidade.(…) O Bailão veio dar-lhe este local. Pilchado “à moda gaúcha” ou não, sem a obrigatoriedade e encargos de pertencer a quadro social de um clube, ele, com a “patroa” e filhos, por um preço acessível, pago na porta, acaba dançando chotes, mazurcas, vanerões e matando a saudade dos bailes de campanha de seu distante e saudoso rincão.”
Que tal essa? Com o aumento do êxodo rural no estado, as cidades se encheram da gauchada do campo, e aí virou uma festa, que seguiu até os dias de hoje! Viva aos bailes, bailões, bailongos, bailecos e por aí se vai!!
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Hasta luego, un abrazo!