Buenas gauchada, como estão?
Estamos passando por um período um tanto turbulento quanto às manifestações culturais no nosso Estado, principalmente falando da Dança.
Para quem desconhece, vale apresentar alguns fatos importantes, para então compreender sobre o que estamos tratando.
Foto: Divulção Facebook
Existem dois estilos de danças, como já mencionamos outras vezes: o “Campeiro” (descrevemos um pouco mais em outro post, clique aqui para ver) e o estilo ENART.
O que acontece, é que dentro do estilo Campeiro, há alguns anos, criou-se uma nova divisão. Esta nova divisão, basicamente, segue duas diretrizes distintas, com pensamentos MUITO parecidos na sua grande maioria, porém com detalhes de criação diferentes.
Até aqui OK? Então seguimos…
Como já se sabe, e percebe-se pelos grandes festivais e rodeios, o estilo Campeiro já conta com um número menor de CTGs que o ENART. Com esta nova divisão, os rodeios praticamente dividiram-se também pela metade. Quem estava acostumado a ir para a Vacaria e assistir todos os grandes grupos, agora não vê mais. O mesmo acontece com quem presenciou o 1º FEGADAN.
Foto: Divulção Facebook
Quem ganhou com esta divisão? Ninguém
Qual estilo é o certo? Nenhum
Qual é o mais autêntico? Nenhum
Aproveitando, é importante salientar que nos últimos dias tem-se havido uma grande discussão entre os tradicionalistas que aderem a estes dois movimentos distintos, tentando buscar um ponto de equilíbrio para que todos possam voltar a confraternizar juntos.
Porém, um texto postado pelo cantor, compositor e antes de tudo, tradicionalista FABIO SOARES. Em poucas palavras, resumiu o que provavelmente a grande maioria que está presenciando estes confrontos sente.
Foto: Tati Sperry
Então, sem mais delongas, segue o texto abaixo:
“Não acredito na autenticidade… Ela não existe em nossos grupos de dança e não serão cartilhas que nos ensinarão a tê-la. A autenticidade existiu num tempo muito antigo. Seu Paixão e o Lessa fizeram contatos e tiveram vivências, mas não viveram no tempo da tal autenticidade mencionada em seus livros. Foram pesquisas. O que é um trabalho de pesquisa? São reconstituições… É preciso compreender que “os ensinamentos” das danças tradicionais são modelagem para concursos… para que grupos alinhem pensamentos em prol de um concurso, de uma competição, e não alinhamentos fiéis a determinado tempo. Talvez, em seus primórdios, a intenção era agregar, informar e resgatar. Mas atualmente tudo não passa de CONCURSO. E não há o ‘mais autêntico’. Aliás, há… está escondido em algum galpão muito no interior de algum lugar desse sul, tocando sua gaitita de quando em vez, tomando seu chimarrão, churrasqueando, dançando em baile gaúcho num rancho de beira de estrada, vestindo sua bombacha e seu lenço, não porque representa um tempo, mas sim porque é sua roupa do dia a dia… E aprendeu tudo isso com seus pais, que aprenderam com os avós dele, que aprenderam com os bisavós dele… E de forma genuína e autêntica chegou a ele… Mas está lá… Neste longínquo e inimaginável mundo… e não combinando cores de vestidos, alinhando passos e organizando arranjos musicais… para participar de um evento armado onde o que erra menos ganha – nem sempre, na verdade.
O que há, no meu ver, são manifestações diferentes de expressão. Uma valoriza o cênico e artístico, outra prega que a espontaneidade individual é mais importante, uma terceira admite detalhes de criação, mas é tão conservadora quanto a segunda. O ideal seria que cada um que segue um desses formatos admitisse isso pra si e pro seu grupo, sem agressões aos que “pensam diferente”
Que tal che?
É importante ressaltar, que o Fabinho não possui envolvimento com o lado A ou lado B. Quem o conhece, sabe disso. Até porque, essa história de ter um lado, já está errada por si só. O único lado é o Rio Grande do Sul.
Foto: Filme O Tempo e o Vento
Aliás, fazendo um apelo pessoal, quem sabe chegou realmente a hora dos “grandes” tradicionalistas que possuem a maior parte do conhecimento artístico do nosso estado, sentem e aparem as pontas. Saiam um pouco das redes sociais. Diminuam as ofensas, os ataques. Se o problema é o regulamento de concurso A ou B, porque não unificá-los, e tornar aceito, em um mesmo rodeio, os dois “estilos Campeiros”?
Será que é tão difícil assim?
Um regulamento único, que aceite o grupo A como é, e o grupo B como é, avaliando de uma forma justa e bem clara, os dois lados?
Porque se não for assim, podemos temer pelo pior…
Bueno che, se tu compactua com esta ideia, não deixa de comentar o que pensa lá no nosso FACEBOOK. Aproveita também para saber um pouco mais sobre o que escrevemos das DANÇAS TRADICIONAIS, PAIXÃO CÔRTES, COISAS QUE SÓ QUEM DANÇA FAZ e por aí se vai…