“Tchê, tu dança em CTG a anos, e não faz ideia o que está dançando? Quando elas começaram? E quem pesquisou, tu sabes? Maçanico é um bicho? Qual dança veio antes ou depois? O tatu é bicho manso mesmo e nunca mordeu ninguém? E Caranguejo é peixe ou não é?”
Fonte desconhecida
Hoje começamos uma nova série na Estância Virtual: o Dançando na Estância. E para começar a falar sobre, explicaremos como tudo isso começou.
Em 1949, quando convidados para participar, em Montevidéo, do “Dia de la Tradición Uruguaya”, uma representação de nove gaúchos brasileiros foram participar, e então foram surpreendidos. A riqueza de detalhes que as danças tradicionais dos platinos possuíam, deixaram clara a lacuna ainda aberta na tradição gaúcha sul rio-grandense.
Como citaram Paixão Côrtes e Barbosa Lessa em seu livro Manual de Danças Gaúchas: “Nós, os rio-grandenses, porém, não tivemos uma dança sequer que pudéssemos apresentar, por mais modesta que fosse, e que servisse para traduzir nossa alma popular!”.
No retorno ao Brasil, com o sentimento de tristeza por fazerem parte de um povo que esqueceu as suas tradições, resolveram iniciar o seu processo de pesquisa.
Fonte desconhecida
Para a produção do primeiro Manual, lançado em 1953, foram três anos de pesquisa realizadas em 62 municípios do Rio Grande do Sul. E como citam os autores “através deste trabalho, procuramos devolver ao Rio Grande algo que ele infelizmente deixara se perder.” (CÔRTES; LESSA; 1961, p.11)
Neste Manual, Paixão Côrtes e Barbosa Lessa dão constante ênfase no regionalismo de cada dança. Que as danças (mesmo sendo de mesma nomenclatura), eram dançadas de formas peculiares em diferentes cidades.
Foto: Livraria Cultura
“As danças que apresentamos neste Manual, estão impregnadas do verdadeiro sabor crioulo do Rio Grande do Sul, são legítimas expressões da alma gauchesca. Em todas elas está presente o espírito de fidalguia e respeito a mulher(…).(CÔRTES; LESSA; 1961, p.13)
Quer algo mais Gaúcho e autêntico do que o parágrafo acima? E para completar eles citam que “qualquer teatralidade do gaúcho que venha a colidir com o respeito que o gaúcho nutre pela mulher – jamais poderiam ter vingado no ambiente gauchesco.” (CÔRTES; LESSA; 1961, p.13)
Um ponto é importante deixar claro. As danças tradicionais gaúchas não são chamadas assim por terem se originado no ambiente campeiro, mas sim porque o gaúcho recebeu estas danças, seja de onde fosse, e lhes deu características próprias!
Foto: TV Tradição
Para conhecimento, no primeiro Manual de Danças Gaúchas foram lançadas as seguintes danças: Chimarrita, Pézinho, Caranguejo, Cana-verde, Maçanico, Quero-Mana, Rilo, Meia-Canha, Pericom, Chotes, Chote de Duas Damas, Rancheira, Rancheira de Carreirinha, Terol, Pau-de-Fita, Tirana do Lenço, Anú, Balaio, Tatu, Chimarrita Balão e Chula. Um avanço histórico para podermos viver o mundo que vivemos hoje, com grandes rodeios como o Rodeio Internacional da Vacaria, e também grandes festivais como o Enart e o Fegadan. Sem contar todos os festivais que rondam Santa Cataria, Paraná e por aí vai.
Foto: Estampa da Tradição
Que tal? Gostou de saber um pouco mais de como tudo começou? Então acompanha a Estância Virtual, que vamos te contar tudo sobre todas as Danças Tradicionais pesquisadas por esses viventes e dançadas até hoje, seja no ENART ou então no “estilo Campeiro” (Fegadan e Vacaria / Paixão e Moacir). No próximo post, tudo que você deveria sabe sobre a TIRANA DO LENÇO! Não quer perder? Então curte a nossa fanpage no Facebook compartilha com teus amigos e marca nos comentários os melhores (e piores!) dançadores do teu CTG. Um forte quebra costela e até mais!