“Tropeiros? Quem foram? De onde vieram? O que dançavam? Em que época foi? Tropeavam o que? Eram só do Rio Grande do Sul?”
Foto: Divulgação Facebook
Buenas amigos, como vão? Hoje vim contar um pouco de um dos movimentos mais marcantes que já passaram aqui pelo Rio Grande do Sul. Um movimento que serviu para o desenvolvimento e o progresso de muitas vilas, que futuramente se tornaram grandes cidades de toda a região sul. Além disso, quero te apresentar um pouco do que os Tropeiros Birivas dançavam em seus momentos de descontração, afinal, as jornadas sempre eram longas, e precisavam se divertir de alguma forma. Foi buscado informações em especial em um livro, chamado “Tropeirismo Biriva: História, Canto e Dança” do Sr. Cristiano Silva Barbosa, recentemente lançado na cidade de Antônio Prado, vindo a suprir a falta de um “manual” de danças completo para o assunto em questão.
Então se tu quer entender um pouco mais sobre as Danças do Tropeirismo Biriva,CONTINUE LENDO! Ah, e no final tu vai poder ver um pouco do livro lançado pelo Sr. Cristiano Barbosa che!
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O Tropeirismo, para resumir da forma mais simples possível (e é claro deixando todas peculiaridades para trás) foi o movimento onde homens levavam gado, mulas e cavalos de uma região a outra. Seu maior momento foi no século XIX, onde milhares de animais eram transportados do Uruguai e da Argentina até a cidade paulista de Sorocaba. E foram nesses trajetos, que um “novo” homem do campo criou sua identidade.
Como as viagens eram extensas, e com muitas dificuldades, quando esses tropeiros faziam seus “pousos” para descanso da tropa, é que nasciam as necessidades de algum tipo de diversão, de distração. E então, nesses momentos os tropeiros birivas cantavam, dançavam, contavam histórias (e com certeza muita mentira!).
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Foram esses momentos que fizeram diversos autores pesquisarem a fundo o tema. Como citou Paixão Côrtes em seu livro “Danças do Tropeirismo Gaúcho”: “(…)motivou que descobríssemos originais danças e cantigas, (até então desconhecidas de nosso folclore) temas desenvolvidos por homens campeiros em seus momentos de lazer, no vivenciar dos “pousos”, nos descargar das “bruacas” de suas tropas cargueiras (em especial de muar) ou de se recrear, na sociedade rural primitiva, embora saibamos do trabalho árduo que essa jornada exigia, mas que, mesmo assim, permitia o tropeiro tosco, momentos espirituais de cantar e dançar alegremente com parceiros de tropeada…”
Agora tenta imaginar um pouco a cena. Um bando de homem, parido xucro de berço, mais grosso que parafuso de patrola, viajando muitos dias (e até meses!), no seu descanso resolvem dançar. Che, que cena!! Imagina, no meio do campo, música e dança acontecendo!
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E para piorar um pouco, pensando em distância, de Entre Ríos na Argentina, até Sorocaba, são quase 2000km (pelo Google Maps). E pensa que não tinham estradas, só alguns “corredores”. Não é fácil em galo? E tu reclama de estrada que tem buraco…
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Um fator muito importante, citado pelo Cristiano Barbosa em seu livro, “é que nossas danças, neste caso específico as do Tropeirismo, são gaúchas não porque tivesse se originado inteiramente no Rio Grande, ou nos caminhos de tropas, mas porque o gaúcho, recebendo-as de onde quer que viessem, lhe deu música, detalhes, colorido e alma nativa, sem que perdesse de vista sua época, grupo social e ambientação.”
Ou seja, as danças não foram criadas ou inventadas por eles. Todos receberam influencia de algum lugar, seja por terem visto dançarem, ou até mesmo por terem dançado em outros ritmos…
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O principal aspecto das danças birivas são o sapateio e a teatralidade. Os peões, por conviverem diariamente com animais, gostavam de imitá-los. Como citou Cristiano Barbosa, “nossas danças são impregnadas do verdadeiro sabor crioulo do Rio Grande, são legítimas expressões da alma do povo gaúcho. Em todas elas está presente o espírito de fidalguia e sua impressionante teatralidade, que sempre caracterizou o campesino Rio-grandense. Danças que sufoquem a teatralidade do gaúcho, jamais poderiam ter vingado no ambiente gauchesco.”
Quanto aos sapateios, o gaúcho sempre quis mostrar que é melhor que os demais. Floreava assim seus sapateios com diferentes elementos, tentando dificultar, e mostrar a sua habilidade.
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Agora uma notícia IMPORTANTE, vinda do mestre Paixão Côrtes em seu livro “Danças e Dançares”, a todos os sapateadores: “Gaúcho que se presa não entra chão adentro sapateando, fazendo barulho. Se eleva do solo, se desprende de forma máscula e sublime, sem perder a sonoridade firme e límpida dos correspondentes tempos fortes e fracos de uma música, entre batidas marcantes e tênues, vibrantes e suaves, fugindo, outrossim, de pisar em ovos ou em flores”.
Mas então che, que que achou dessa? Que tapa na cara hein galo? Sempre quis soca o pé no chão pra chamar atenção! Te quebrou che…
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Para encerrar, e quase esquecendo de citar, as danças do Tropeirismo Biriva são: Chico do Porrete, Chula, Fandango Sapateado e Dança dos Facões! Essas danças vamos contar um pouco daqui para frente, uma por uma, então não esquece de curtir nossa página no Facebook, que tu vai entender tudo que estamos falando! E da uma olhada aqui embaixo algumas páginas do livro novo. Se tu te interessa na compra, CLICA AQUI, e fala direto com o Autor! E se tu ainda não leu sobre a história da Tirana do Lenço, do Balaio, da Chimarrita Balão e do Tatu com Volta no Meio, aproveita também para dar uma olhada che! Um abraço!
Mas o tropeiro biriva nunca usou chiripá e nem saiote. Isso é coisa de gaúcho da fronteira, na linha com o Uruguai, onde o charruas e minuanos usaram essa indumentária.
Não é proibido se dançar com tal indumentária, mas não será uma coisa autêntica (historicamente falando). e mudar as coisas não é da tradição.
Carlos Zatti – Curitiba, berço biriba!