“Como assim sentir? Ouvir a música? Fazer os passos? Sentir dor? Sentir frio no inverno? Sentir calor no verão? Sentir o quê?”
Foto: Estampa da Tradição
Buenas, tudo certo? Vamos falar um pouco sobre Danças Tradicionais Gaúchas… Sim, um pouco mais, afinal já falamos em diversas oportunidades sobre. O problema é falar com certa tristeza sobre esse assunto. Tristeza? Sim, tristeza… Nos preocupamos tanto com interpretação artística (afinal é o que mais vale nos concursos) porém nunca paramos para entender e SENTIR a dança. Tristeza maior se dá ao ler as palavras ditas pelo Sr. Paixão Côrtes.
Então se tu queres entender do que estou falando, SEGUE A LEITURA que tu vai entender. E depois que tu ler, pode conhecer também um pouco mais sobre: A Origem da Tirana do Lenço, a Mudança na Chimarrita-balão: melhor ou pior?, a Verdadeira história do Tatu com Volta no meio, o Balaio: Dança gaúcha ou nordestina e As Verdades do Anú que nunca te contaram!
Foto: G1.com
Talvez ao ler as colocações que seguirão, retiradas do livro “O Gaúcho: Danças, Traje e Artesanato” tu vais pensar: “sim, mas já ensaiamos tanto para irmos bem nos rodeios, como vamos fazer mais isso? Os avaliadores já cobram tantos detalhes, além de tudo tenho que “sentir” a dança?” Então lê e depois falamos sobre:
“É oportuno lembrar que, ao falar sobre determinada dança, o professor não deve limitar-se aos fundamentos coreográficos e musicais, mas, de igual modo, transmitir elementos de enriquecimento cultural. Há necessidade de fazer ver aos participantes que a beleza da dança não está ligada unicamente à exatidão dos passos ou movimentos, ao colorido das vestes, à autenticidade dos trajes, à correção da música etc. É preciso entender e sentir o motivo, a essência, e nela colocar a sensibilidade da alma, executando-a com a pujança do coração. (…) Muitos praticam a dança, mas nem todos a sentem folcloricamente. Folclore é alma, folclore é coração.”
Foto: Estampa da Tradição
Esse parágrafo mata o assunto. Vemos tanto os instrutores cobrarem interpretação de seus grupos, sem passar noções históricas e culturais da dança. Por que algumas danças parecem mais “naturais” que outras, tanto para quem dança, quanto para quem assiste?? Exemplo: Tirana do Lenço. Dá para ver claramente os grupos que estão VIVENDO aquele momento. E por qual motivo? Conhecer a EVOLUÇÃO da dança. O CONTEXTO da dança.
A Interpretação vai além de fazer o que uma comissão avaliadora cobra. Quantas vezes tu saiu do palco, fazendo tudo certinho do que o instrutor cobrou, e o que a comissão avalia, mas com uma sensação de VAZIO? De só ter EXECUTADO passos? De não ter VIVIDO o momento? Se não SENTIMOS a dança, ou é porque nunca nos contaram a história dela ou porque a preocupação é unicamente com troféus.
“Chegará o momento – e nisto temos confiança absoluta – em que nosso povo, inclusive aqueles que integram entidades tradicionalistas, abandonarão a impressão, hoje generalizada, de que somente aquele que estiver em traje típico gaúcho poderá dançar os motivos folclóricos rio-grandenses. Aí, então, estaremos diante de uma verdadeira consciência folclórica tradicionalista, vivendo as festas da querência, onde os participantes não terão a obrigação de se exibirem em trajes característicos (inclusive fardados) nem a preocupação de apresentarem espetáculos ou shows, ou a vergonha de serem taxados de grossos…”
Como vamos fazer para não deixá-las MORRER? Como vamos tornar NATURAL dançar Tatus, Chicos, Tiranas nas ruas, bailes, festas…?
Foto: Estampa da Tradição
Olha chê, já fazem uns 30 anos que o Paixão falou isso, e não notei tanta mudança assim… Não é algo natural dançar as danças tradicionais gaúchas, talvez por existiremCOREOGRAFIAS características… Mas Vaneira, Chamamé, Milonga e Chote em todo baile se dança, e isso não é ruim, mas podemos ir além… Talvez o cenário não tenha mudado, porque a preocupação que se teve a 30 anos atrás, seja a mesma que se tem hoje, e as coisas não evoluem culturalmente, apenas comercialmente.
Para concluir, deixo para o Mestre Paixão proferir as palavras de esperança: “O povo – crianças, jovens, velhos – dançará em mangas de camisa, na rua; enfatiotado, nas reuniões sociais; em traje de gala, nos salões e clubes; em roupa de balê, ao som da orquestra sinfônica; no palco, no colorido artístico dos teatros; desportivamente, nas ruas de recreio e praça pública. É bom que se diga em alto e bom tom: tradicionalismo não é só dança. Mas temos que reconhecer que o conhecimento da dança folclórica por um povo civilizado, é, também, um elemento precioso para se aquilatar o nível cultura da gente dessa terra.”
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