“Tchê como assim bandeiras queimadas? Quem fez isso? Quando foi? E o que fizeram com esse vivente? O estrago foi muito grande?”
Fonte desconhecida
Buenas gauchada! É uma notícia triste, mas também temos que contar. Bandeiras do Rio Grande do Sul são queimadas, os nossos símbolos (hino e brasão) são destituídos e agora ninguém mais pode andar pilchado na rua que pode ser preso… Parece impossível, não é che? Mas isso aconteceu. Infelizmente…
Não está entendendo de onde eu tirei isso? Então CONTINUA LENDO essa história, que tu vai entender bem che! Inclusive vai entender o que foi feito para reverter essa situação!
“Houve época em que quase ninguém pensava em tradições rio-grandenses. Procurava-se, destruir tudo o que era “velharias”. Quanto à tradição geral, usos e costumes, tudo andava esparso, perdido, vivendo precariamente, em um ou outro recanto no Rio Grande do Sul. Salvara-se alguma coisa, através das poesias de Bernardo Taveira Júnior; as lendas de J. Simões Lopes Neto; a coleta, deste, de poesias populares, e mais algumas poucas coisas colhidas aqui e ali, como músicas divulgadas no “Almanaque” de Alfredo Ferreira Rodrigues. E nada mais… A não ser a memória e o vivenciar galponeiro do nosso homem pastoril.
De resto, nada, nada.
É possível que houvesse àquela época, uma tendência a uma espécie de modernidade, quase generalizada a qualquer preço e forma! Até a palavra “gaúcho”, soava pejorativamente à sociedade rio-grandense!
A ordem geral dos maiores centros do País, irradiadores das “modas”, era: mudar para “melhor”, “evoluir”, “desenvolver”, imitar as “novas” que vinham do além-mar europeu, ou seguir os “moldes” dos EUA – padrão USA – de qualquer maneira…
Enfraquecia-se a cultura tradicional rio-grandense e a cultura brasileira se via ameaçada por forte pressão, agora sob impacto dos veículos de comunicação de massa.”
Foto: Tadeu Vilani
Talvez tu esteja aí lendo e se perguntando quando foi que isso aconteceu, e por que falar disso justamente hoje, dia 20 de Setembro… Mas vamos seguir com a prosa, e vale a pena, te garanto!
“Haviam sido banidos do currículo do ensino no perídio do Estado Novo os fatos e feitos da história da Gente Gaúcha, e o Rio Grande tinha o seu amor cívico, amordaçado com a determinação da queima da Bandeira Tricolor Farrapa, pela ditadura do Getúlio Vargas. Ah daquele que tivesse à vista, em seu gabinete de trabalho, ou na intimidade de seu lar, a Bandeira Farroupilha. Era cadeira na certa, como subversivo à ordem política social do País!”
Pois é gauchada! Nem sempre o nosso estado amou ser gaúcho. Teve orgulho de ser gaúcho. Cantou o hino regional e vibrou ao poder ver a nossa bandeira tremulando. Períodos difíceis tivemos por aqui.
“Os símbolos do Rio Grande – Bandeira, Brasão e Hino Rio-Grandense – então banidos da vida comunitária gaúcha, só voltariam a público com a Nova Constituição do Estado em 1947, poucos meses antes de agosto do mesmo ano, quando de nossa arrancada gauchesca, no Julinho.
Diante desta encruzilhada, a cultura rio-grandense lograria sobreviver?
O que deveria ser feito pela geração gaúcha daquela época, “bombardeada” por inúmeros impactos socioculturais de um pós Segunda Guerra?
Queria a juventude, o direito de fixar as coisas das raízes rio-grandenses, de valorizá-las, de projetá-las, sem insurgir-se contra o desenvolvimento, o progresso, a liberdade, o bem-estar social e evolução.
Queriam estes rapazes dizer: presente, estamos aqui! Este lugar é nosso! Sabiam o que queriam e tomavam postura, resolutos! Não só cobravam!
Foto: Acervo Pessoal
Vivia-se 1947.
Os veículos de comunicação em massa mostravam-se saturados de estrangeirismos.
Foi frente a este impasse que, se iniciou em Porto Alegre, em agosto de 1947, um movimento ginasiano do proselitismo de todas as camadas sociais, de todos os seguimentos étnicos, em favor das tradições.
A preocupação principal era preservar, desenvolver e proporcionar uma revitalização à cultura popular rio-grandense, interligando nossa História, mais valorizada, no contexto da cultura brasileira.
O que víamos no grande centro urbano, extrapolava a singela necessidade de recitar um poema gauchesco ou “matar o saudosismo” das lidas rurais. Aqueles rapazes com formação de galpão, criados no meio campeiro, se depararam com uma situação, a de ser “proibido” de sair às ruas com roupas pastoris tradicionais e, o pior, de ver nas escolas, a nossa própria História, a Tradição e a Cultura gaúcha, quase ignoradas.
Esses jovens saíram de seus bancos escolares e foram às ruas, de uma Capital de Estado, corajosamente desfraldar a sua Bandeira Farrapa, quando instituições estatais e o próprio Governo Estadual, se omitiam ou palidamente, se dispunham a coloca-la no mastro ao lado do Pavilhão Brasileiro.
Foto: Acervo Pessoal
O grupo inicial, buscava uma trilha, diante da perda da fisionomia regional que se processava. A descaracterização necessitava ser combatida. O Rio Grande precisava reagauchar-se.
Agora, ponteando meus companheiros que portavam dignos elementos identificadores de “seus rincões”, estava eu ali, também bem pilchado, desfilando em cavalo encilhado a preceito, a desfraldar a Bandeira Farrapa ao lado da do “Julinho”, entremeada pelo Pavilhão Nacional.
Era 5 de setembro de 1947.
O Desfile Farroupilha estava nascendo pelas ruas de nossa Capital!
Este foi o grito!”
Tchê, me diz que não é uma história de arrepiar?? Assim nasceu a nossa Semana Farroupilha!!
Uma gauchada jovem, querendo buscar a história de suas raízes! Temos só o que agradecer!
Todos os trechos foram retirados do livro de João Carlos Paixão Côrtes, Tradicionalismo Gauchesco – Nascer, Causas e Momentos, do ano de 2001.
Que não deixemos a nossa cultura morrer novamente…
Viva a Revolução Farroupilha!
Viva o 20 de Setembro!
Não esquece de compartilhar com a gauchada nas redes sociais che! E se tu quer saber mais detalhes sobre essa e outras histórias, acessa a página do Paixão Côrtes!