Dança dos Facões

Buenas gauchada, firme?

Tu já deve ter no mínimo ouvido falar da tal Dança dos Facões.

Se não ouviu, tu pode imaginar a grosso modo, que são só homens, cada um com dois facões, que ficam dançando e batendo eles no ar. Ta, ta, ta, não é barbada assim, melhor explicar direito…

Então che, se tu quer saber mais sobre a Danças dos Facões, CONTINUA LENDO, que tem coisa nova por aí!

Bueno, pra começar quero destacar que as informações deste texto foram retiradas do livro Tropeirismo Biriva: História, Canto e Dança, de Cristiano Silva Barbosa, lançado em 2016, e pelo link tu podes acessar, se tiver interesse em se aprofundar no assunto.

1 – DESTAQUES IMPORTANTES ANTES DE TUDO:

Primeiro destaque: só é dançado por homens.

Segundo destaque: os facões são afiados, e podem fazer uns “taio” graúdo.

Terceiro destaque: se tu não gosta de alguém do teu grupo, não dance a Dança dos Facões, pode dar problema…

2 – QUEM PESQUISOU E DE ONDE SAIU?

“Dança pesquisa em 1957, juntamente com integrantes do CTG Paixão Côrtes de Caxias do Sul, muito apreciada outrora, nos “Caminhos das Tropas”, na Região dos Campos de Cima da Serra (Pinheiro Grosso, Vacaria, São Francisco de Paula, Bom Jesus, São José dos Ausentes), onde os principais informantes foram os senhores Maximiano Azevedo Velho com 70 anos e que ainda dançava este tema com desenvoltura e destreza; Armando Antonio Alves 55 anos, Tio Pita 75 anos e os Poncianos.”

Pensa uns nego véio dançador, não se entregou nem com 70 na conta!

Dança do Facão

3 – A DANÇA DOS FACÕES É UMA LUTA? TEVE ORIGEM NA GUERRA?

“Temos visto grupos folclóricos fazendo deste tema um motivo coreográfico barbaresco, de infundida violência, fugindo de uma expressão artística singela. (…) De certo modo há um simbolismo, uma representação ensaiada em seus movimentos, mas não se faz dela uma luta de ferro branco.”.

Che, então se tu acha que a gauchada está brigando, ou um tentando atacar o outro, tu te quebrou

Primeiro porque se é pra brigar, não ia ser dançando que ia acontecer, e sim sem música sem nada, na peleia à moda dos antigamente mesmo. Cada coisa que aparece! Mas continuando:

“Esta dança não teve origem, como muitos erroneamente afirmam, nos acampamentos militares dos campos de batalha da Guerra do Paraguai. A imaginação criadora empolga fantasiosamente essa crença, mas sem dúvida, só é válida, até o momento em que se estabelece o limite de verdade.”

Ou seja, não nasceu em guerra nenhuma

4 – QUAIS AS INFLUÊNCIAS DESTA DANÇA?

Para qualquer dança, como estamos contando aos poucos, são influências de alguma região, que bailava algo semelhante, e ao chegar aqui deu aquela “agauchada” e foi ficando.

Com os Facões não foi diferente. Em outros lugares se bailava com espadas, sabres, facões, facas, e tudo quanto é tipo de arma branca. Mas seguimos o autor:

“Dança do Sabre, originária da Rússica; Vilão de Faca, dançada no Brasil Central; Danças militares dos Índios Guaranis, onde como espadas realizavam batidas compassadas utilizando-as como um segundo instrumento.”

5 – COMO SE DANÇA?

Já foi dito que é apenas por homens, OK. Então seguimos:

“Pode ser apresentada em filas, ao redor do salão, rodas, disposições livres, em dois ou mais grupos (ternos) em confronto. O número mínimo de tropeiros para executar a dança é de oito integrantes.”

No livro O Gaúcho – Danças Trajes e Artesanato, Paixão nos traz uma ideia de como eram feitas as marcações:

“… o importante é a marcação do ritmo dado pelas batidas de um facão contra o outro “por entre uma perna e outra”, “em cima e na frente”, “embaixo e atrás”. Quando bem executado, ouve-se um único som, característico e original. Aliás, a marcação do ritmo era um dos elementos que servia para anotar as faltas dos participantes deste ou daquele terno quando batiam os facões fora do tempo musical…”

6 – SE NÃO ERA UMA LUTA, ERA O QUE? QUAL O CLIMA DA DANÇA?

“Esse tema nos traz a ideia de descontração, alegria e diversão do Tropeiro Biriva. No Livro Achegas, Paixão relata esse clima de amizade e camaradagem que envolvia esses encontros:

“…naquela época, a incorreção das batidas dos facões de cada um dos participantes, no tempo certo da música, ocasionava a quebra da harmonia sonora de “terno” e motivava a penalização daquele que incorria em tal erro, já que era frequente por brincadeira, o “terno” com maior incorreção, ter que pagar uma galinhada ou uma rodada grande de cerveja…”

Eu tenho uns quantos conhecidos que iam querer dançar só pra tomar a cerveja dos que deveriam pagar, mas pena que hoje não acontece mais…

Dança Tropeirismo

7 – COMO É A MÚSICA? TEM TAMANHO PROS FACÕES?

“A cadência rítimica característica da Valsa Campeira está presente na parte musical, onde se faz ausente o uso da gaita.

Os facões utilizados deverão ter em torno de 50 cm de comprimento e 4,5 cm de largura, dentro da normalidade utilitária dos modelos usados, no meio rural Rio-grandense.”

Não é pra aparecer com nenhuma espada, mas também não são uns canivetinho xirú, segue as medidas!

8 – E COMO SÃO AS FIGURAS?

Che, para explicar todas as figuras por aqui ficaria difícil uma barbaridade.

O melhor que te digo é o seguinte: consegue um livro desses, assiste uns vídeos no Youtube, tira as dúvidas com algum instrutor ou próprio Cristiano, autor do livro, e vai te puxando.

O importante é que cada vez mais grupos estejam dançando o Tropeirismo, para que essas dançam não morram.

9 – ARREMATE FINAL:

Deixamos para Paixão Côrtes finalizar, através do livro Achegas:

“… neste tema, não estão presentes intenções de pontaços de adagas, figurações de brigas, pois o motivo, acima de tudo, é um bailado, onde se destacam a habilidade, agilidade e precisão, e não uma exacerbação machista belicosa. Afinal é uma dança da sociedade pastoril de outrora e não uma demonstração de cena guerreira.”

Aproveita e acessa um pouco mais da história do Cristóvão Pereira de Abreu, o pioneiro do tropeirismo no Brasil.

#Tropeirismo #Biriva

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