Cantoras, apresentadoras, compositoras, musicistas e prendas tradicionalistas lutam com todas as forças para mudar o cenário machista do Rio Grande do Sul.
Buenas amigos, como estão?
8 de Março, Dia da Mulher.
E uma luta que dura desde o início da civilização.
Aqui no Sul do Brasil não é diferente… Pouco espaço, poucos argumentos e muitas justificativas para driblar a verdade.
Quando se fala em feminismo e a luta contra o machismo, é comum ouvir que isso é coisa de agora, que antes não existia…. Sempre existiu! A diferença é que muitas mulheres calavam-se por medo, culpa, vergonha e hoje o movimento está ganhando voz, mulheres estão na busca pelo seu posicionamento comum ao homem na sociedade.
E ao mesmo tempo que falamos da luta das mulheres, precisamos falar de algo que é infelizmente é muito comum no meio tradicionalista:
Assédio:
“Assédio consiste numa perseguição insistente e inconveniente que tem como alvo uma pessoa ou grupo específico, afetando a sua paz, dignidade e liberdade.”
É triste tratar o assédio como algo comum na vida das mulheres. Sim, isso é constante, independente do lugar, cultura, estação do ano… O homem sente-se livre para atingir o espaço da mulher. Não se engane, isso acontece no CTG, no rodeio, no baile, no ensaio… Quantas cantadas, olhares maldosos, quantas invasões na vida e no corpo da mulher.
Neste momento alguém está pensando: “ah, agora ficam se fazendo de vítimas.” Isso se já não pararam de ler antes, e foram criticar em algum lugar.
Mas seguindo.
Conheço gurias, que decidiram não participar do movimento gaúcho, pois entendem a nossa cultura como machista, onde a prenda é submissa ao peão. Que pena, elas estão certas… O peão é o destaque, escolhe, define, manda e desmanda. Claro, existe uma história por trás disso, mas como tudo evolui, o tratamento com a mulher/prenda deve evoluir.
As mulheres estão em uma constante luta contra o machismo e a procura da igualdade! Isso não vai parar, ao contrário, só tende a crescer!
De alguns poucos anos para cá, um movimento tem acontecido para lutar contra essa forte maré, que insiste em permanecer por aqui, não abrindo portas, não dando oportunidades.
Sabemos que boa parte dos leitores deste texto irão discordar, dizer que é frescura, que estamos aumentando, que não é pra tanto, que cada um conquista seu espaço, que temos que nos colocar no nosso lugar.
Já escrevemos outras vezes sobre o assunto, e esse é o retorno “padrão”, porém nem por isso vamos parar.
Há pouco menos de 1 ano atrás, SHANA MÜLLER puxou o assunto. Puxou não, retomou, pois já havia outras vezes falado sobre isso. Porém agora, em posição de destaque, como apresentadora do Galpão Crioulo, pertencente ao grupo RBS que sempre gostou de dar enfoque ao gauchismo tradicional, gaúcho, macho, masculino…
Como esperado, uma enxurrada de críticas, falando mal não só da sua opinião, como também da sua vida artística. Infelizmente, muitas MULHERES participantes dessa tormenta de ofensas nas redes sociais, atacando sua música e vida pessoal. Triste, infelizmente.
Foto: Patrícia Astudilla
Antes dela, a Clarissa Ferreira já havia escrito sobre o assunto. Para quem não conhece, é violinista (a melhor que já ouvimos, sem dúvida!) e etnomusicóloga. Ela possui um blog chamado Gauchismo Líquido, onde aborda temas “não convencionais” sobre a Tradição Gaúcha.
Usamos as aspas para convencionais, porque pouco são falados… são omitidos pelo todo. São aqueles assuntos que as pessoas preferem não falar, do que precisar enfrentar.
Como por exemplo, o Festival da Barranca. Ela tratou o assunto em 2016, questionando por que o Festival é essencialmente Masculino, e a mais de 45 anos é proibida a participação de mulheres. O texto intitulado: “Até quando só eu lírico masculino? Sobre o Festival da Barranca e a proibição de mulheres há 45 anos” causou revolta entre muitos radialistas e músicos do meio tradicionalista gaúcho
No final do ano passado, escrevemos aqui sobre a falta de mulheres como Instrutoras de Danças Tradicionais Gaúchas. Conversamos com algumas, para citar e comentar sua vivência. Convidamos outras tantas, que preferiram não falar…
Entre ano passado e este ano, o MTG junto a suas Regiões Tradicionalistas tem buscado tratar cada vez mais o assunto, iniciando um trabalho de “formiguinha” como se diz, tentando plantar uma semente de pensamento de mudança, começando lá dentro de cada Entidade, para depois crescer e crescer…
E esta luta também esta fortemente no campo acadêmico, onde a cada semestre mais e mais pessoas buscam entender, estudar e avaliar nosso momento histórico, e ainda, machista.
Junto com esta corrente, não podemos deixar de citar os grandes avanços em todas as áreas, onde cada mulher tem buscado seu espaço! Seja em debates, empreendendo, estando a frente de entidades e grupos de danças, dando a cara a tapa em festivais de músicas e poesias… Ou seja, esse EMPODERAMENTO FEMININO precisa ser valorizado cada vez mais!
Por que não lutar pela causa?
Por que entender como “frescura“?
Uma discussão que não podemos fugir!!
Por que transformar em objeto? Por que tratar com diferença? Por que, por que, por que…???
E então, outras perguntas que parecem cada vez mais difíceis de serem respondidas:
Como e quando vamos mudar?
Onde a mulher gaúcha vai conseguir se encaixar no cenário gauchesco no século XXI?
Como futuramente verão a nossa sociedade nos dias de hoje? Será que como a geração que resolveu parar de simplesmente aceitar as coisas “como são desde sempre e assim perpetuarão” ou então como a geração que resolveu discutir o assunto e mudar o rumo?
Vamos mudar?
E lembre-se: “Sua liberdade acaba, quando começa a minha!”
Feliz 8 de Março, Dia Internacional da Mulher…