Bento Gonçalves Influência

Mantenho a coluna Influência a mais de um ano. Semanalmente, escolho temas variados ou seleciono uma entre as diversas sugestões de pauta que recebo dos ouvintes – muitos assíduos. Neste mais de ano de ininterruptos encontros semanais, sempre tive a vontade de fazer entrevistas, apesar de não ser jornalista. Na semana passada tive o privilégio de realizar esta primeira entrevista com um convidado que a muito eu idealizara: o professor, historiador e museólogo Giovani Mesquita do Estreito. 

Giovani lançara em setembro do no anterior o primeiro de dois volumes da sua biografia sobre Bento Gonçalves. Encontrei o livro por acaso, nas minhas corriqueiras andanças pelas livrarias do centro de Porto Alegre e, graças aos recursos atuais, não tive dificuldades em contatar o autor. Identifiquei-me e após breve conversa, o convite foi aceito, ao passo que, desafortunadamente, meu proposito se cumpriu quase um ano depois. Publiquei a coluna e depois a ouvi novamente e refleti alguns dos temas abordados: Revolução Farroupilha, Bento Gonçalves, identidade cultural, separatismo e tradição.  

Estamos no período das festas juninas, tradicionais no Norte do nosso país. Confesso que nunca me senti atraído por essa festa de caráter tão popular. Mas é inegável que esta é uma festa brasileira. Tu que chegou até aqui deve estar se perguntando: o que Bento Gonçalves tem que ver com festas juninas?

Nada.

E tudo.

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Para misturar um pouco mais as coisas, recebi em minha casa, na semana passada, a visita do estimado amigo uruguaio Santiago Soares de Lima. Uma manhã memorável, transbordando charlas, mates e uma típica orientalidade que me conduziu ao próximo parágrafo.

Escrevo estas palavras cento e setenta e quatro anos após a assinatura do tratado de paz entre farroupilhas e imperiais, nos campos de Ponche Verde. Apesar do tempo largo, os fantasmas de um falso espírito separatista ainda rondam o nosso estado. Estão permeados, influenciam.

Bento Gonçalves fez pátria. Lutou. Venceu e foi derrotado. Sangrou com os seus. Ofereceu o que de mais nobre um homem pode dar – a vida por uma causa sagrada. Mas depois de dez anos de lutas, retornou, junto com os seus, às suas casas. Regressaram à pátria, à bandeira verde-amarela.

Os farroupilhas se reintegraram ao Brasil. Cento e setenta e quatro anos depois, ainda desprezamos – no plural – festas populares brasileiras como as Festas de São João, o Carnaval, o Festival de Parintins entre outros, mas exaltamos nossos festejos farroupilhas.

Vejo muitas pessoas elogiarem o gauchismo dos uruguaios ou dos argentinos. Tenho que concordar, dá um pouco de inveja. Lembrando de alguns amigos destes países, gauchos e tentando qualificá-los, uma das primeiras palavras seria, sem dúvidas, patriotas. E aqui? Quanto tempo mais levaremos para nos reintegrar ao Brasil?  

bento gonçalves

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