DANÇAS GAÚCHAS: AMBIENTE OU MOTIVAÇÃO?

“A Motivação é superestimada; o Ambiente é Mais relevante.“

Neste texto eu vou te mostrar a relação entre os resultados possíveis do teu grupo de dança, com Motivação x Ambiente, e já fica a pergunta: Será que os resultados não estão chegando ao teu grupo por falta de motivação dos Dançarinos?

Vou me apoiar novamente no livro “Hábitos Atômicos” do autor James Clear (escrevi semanas atrás sobre HÁBITOS QUE TODOS GRUPOS DE DANÇAS DEVERIAM TER) porque acredito que ainda da pra tirar muito suco dele e trazer para nossa vivência de grupos de danças tradicionais gaúchas.

1 – Ambiente ruim, Hábitos ruins.

Quem já teve a oportunidade de dançar muitos anos no mesmo CTG em que mudaram bastante as pessoas, ou até mesmo quem trocou de Entidade, consegue perceber (mesmo que sem querer) a diferença que pequenos detalhes de um ambiente podem influenciar diretamente nos resultados.

Facilito e dou exemplos.

Tu acha que é mais fácil um CTG ganhar um rodeio quando:

1. Se tem um Galpão bom para ensaiar ou em chão batido sem paredes?
2. A maioria dos dançarinos são da cidade ou precisam viajar longas distâncias?
3. A patronagem está organizada e alinhada com os objetivos ou quando ninguém sabe o que está acontecendo?
4. Se ensaia pilchado ou de qualquer jeito?

Claro que, não é DETERMINANTE. Vai ter grupo sem galpão que ganha rodeio? Sim. Vai ter grupo que ensaia com qualquer roupa e ganha? Claro. Vai ter grupo que é uma bagunça o CTG e ganha? Vai.

Mas o que é importante entender e pensar é que, quando existe uma Gestão preparada, pensando no Ambiente, é mais fácil criar bons hábitos de ensaio, e com isso, passar a ter pessoas mais engajadas que não faltam, logo, mais horas de ensaios com grupo completo e: Resultado.

Se pensar o oposto parece simples entender. O CTG é uma bagunça, ninguém consegue entender o que está acontecendo, ninguém é responsável por organizar ou lidar com os problemas, as pessoas fazem o que querem sempre, tem ensaio que tem 10, depois tem 20, depois tem 8 pessoas, então por ter poucos, permanecem poucos indo e muitos faltando já que é o NORMAL para aquele ambiente e assim vai… 

Reforço: é possível que um grupo assim ganhe algo? É. Mas via de regra, não parece o melhor caminho, menos ainda o mais saudável.

2 – Motivação não é tão importante

Confiamos e acreditamos muito que um grupo motivado é aquele que poderá conquistar seus objetivos. Eu nunca tinha pensado muito sobre, exceto no capítulo do livro “CTG S.A. Liderança e Comunicação para Alcançar o Sucesso” que lembro de ter usado uma citação do Mário Sergio Cortella, onde ele diz que “motivação é uma porta que se abre por dentro“.

A verdade é que esperamos sempre que o coordenador, o posteiro ou o instrutor “puxe” mais o grupo, que dê aquela energia, que motive as pessoas a irem no ensaio etc etc etc… Mas o que me parece é que se o ambiente está ruim, pode vir o Bernardinho tentar motivar o grupo que não vai dar certo no LONGO prazo. Talvez para um rodeio, ok. Mas não perdura.

Powered by Rock Convert

Grupos que possuem bons hábitos e rotinas de ensaios e rodeios, que estão em sintonia, que o CONTEXTO esteja bem alinhado com os anseios de todos ou pelo menos da grande maioria, possuem motivação por si só, ou seja, vem “da porta de dentro” de cada um, sem a necessidade de estímulos externos para dar aquele empurrão.

As pessoas que estão em um ambiente que entendem como REALMENTE bom são motivadas por si só. Querem estar no galpão ensaiando. Querem ajudar nos eventos e fortalecer o CTG. Querem fazer um algo a mais que não somente ensaiar.

3 – Como mudar um Ambiente Ruim?

Todo novo hábito é iniciado por um novo estímulo. É preciso fazer com que bons estímulos sejam ÓBVIOS para todos, de modo que seja estranho fazer diferente daquilo. Eu começaria definido diretrizes básicas de ensaio, para criar um contexto diferente. Explicar que antes era feito assim, e agora será assado. Que antes se ensaiava de tênis, agora todos precisam estar de bota e sapatilha. Explicar os motivos da mudança, os potenciais ganhos e qual o objetivo com isso, de modo que pareça óbvio ensaiar sempre de “uniforme”. Mas precisa ser EXPLICADO, e não só uma regra chegar do nada, porque aí é imposição e não construção.

É importante reforçar horários de ensaios, cronograma de eventos, padrão de uniforme, o que se espera daquela semana ou mês, o que será feito e o que se optou por não fazer… para que todos estejam sempre recebendo esses estímulos e reforçando que aquela bagunça anterior, que aquele ambiente ruim e contaminado está mudando.

Lembrar de reforçar os exemplos positivos, elogiando em público quem está comprometido (claro que não no modo “puxa saco”), e chamar em separado quem esteja ainda seguindo os hábitos antigos, para entender o motivo daquela resistência e caso chegue no ponto que essa pessoa pode ainda ser o Estímulo Negativo para volta ao padrão passado, tomar uma ação mais concreta para resolver o problema, seja com uma advertência ou suspensão.

É bom lembrar também: estamos sempre propensos a voltar aos padrões ANTIGOS que estão mais enraizados. Então mesmo que uma mudança recente pareça ótima, qualquer deslize pode nos levar para o padrão antigo.

4 – Fechando a Porteira

Para quem se interessa pelo tema e quer realmente fazer a diferença na sua Entidade, recomendo fortemente a leitura de “Hábitos Atômicos: Um Método Fácil e Comprovado de Criar Bons Hábitos e se Livrar dos Maus“, tem um preço camarada na Amazon (só clicar aí no link).

OBS: não é indireta pra ninguém, nem pra onde eu danço, dancei ou qualquer coisa do gênero, só contextualizações de conceitos já estudados, colocados no nosso pano de fundo.

E bueno, forte abraço!

LEIA MAIS: HÁBITOS QUE TODOS GRUPOS DE DANÇAS DEVERIAM TER