A mulher sempre teve um papel importante na construção da sociedade e cada vez mais ganha espaço e voz no tradicionalismo.
Nos dias atuais, muito se discute sobre representatividade no mundo e um grupo que anda crescendo dentro desse conceito é o público feminino. Com o avanço do feminismo através do tempo, desde a Revolução Francesa onde a mulher, de fato, construiu uma independência maior e até os dias atuais a história da emancipação da mulher toma rumos diversos.
Na literatura regional, a mulher gaúcha tem sempre o papel corajoso e pioneiras. Temos como exemplo a personagem criada por Érico Veríssimo: Ana Terra. Em seus livros O Continente I e II, Veríssimo deixa claro que a mulher contribuiu fortemente para a construção da história do Rio Grande do Sul. O uso da personagem como exemplo, deve-se porque é o espelho do atual modelo da mulher gaúcha que ainda continua tendo um papel corajoso e pioneiro.
“Sua personalidade forte, de garra, obstinação e resistência frente a todas as perdas e violências que sofre fazem de Ana Terra um símbolo da mulher gaúcha. Traços da personalidade de Ana e sua crença na vida serão encontradas nas mulheres das gerações futuras da família Terra Cambará, principalmente de sua neta Bibiana.”
Na história, encontramos a mulher como peça fundamental para a construção da república rio-grandense.
Muito se fala da Guerra dos Farrapos e suas grandes batalhas e feitos. Mas a presença feminina é negligenciada. Quando pensamos em mulher na Guerra dos Farrapos, logo pensamos em Anita, mas sem ser ela; o que sabemos da atuação da mulher em combate?
A resposta é: quase nada!
Para quem quer concorrer em regiões e/ou no estado, isso é algo bem importante e debatido!
Em uma sociedade originário de militares que tem tradição machista e direciona a mulher – desde cedo – aos afazeres domésticos e deveres religiosos enquanto esperava um cônjuge. Todo mundo sabe que a Revolução Farroupilha durou 10 anos! Mas a pergunta é: onde estavam as mulheres durante inúmeros ataques, incêndios e mortes?
A resposta é simples. A mulher estava conquistando seu espaço! Registros da época relatam alguns grupos espalhados pelo estado com propostas distintas. Fazendeiras que substituíram o administrador, liberando o gado mediante recibo ou vendo o rebanho espoliado. Barqueiras comandavam pequenas embarcações com produtos agrícolas para o mercado porto-alegrense; vivandeiras acompanhavam seus maridos em combate para o cuidado dos feridos e por aí, a lista só aumenta.
Acho importante destacar alguns nomes que fizeram história no pago gaúcho.
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Nísia Floresta: chegou ao Sul em 1833 vinda do Nordeste. Cantora, falava sobre as farturas das chácaras-cinturão verde de Porto Alegre. Traduziu a obra “Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens”, caracterizada por ser ousada e muito avançada. Como forma de minimizar os efeitos da ousadia causada pela obra, a imprensa a silenciou.
Nísia Floresta
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Ana de Barandas: grande questionadora de homens conservadores, a porto-alegrense era solidária na busca por mais direitos. Inconformada, suas denúncias tiveram repercussão na formação do pioneiro Partido Político Feminino. Foi presa, interrogada e expulsa de Porto Alegre. Em seu livro O Ramalhete (1845), argumenta que a mulher deve ter vontade própria para abraçar a causa que ache vantajosa.
Primeira edição de O Ramalhete de 1845
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Marquesa de Alegrete: heroína anônima, nobre pampeana, que em 14 de janeiro de 1717, na Batalha de Catalan, ao lado do esposo Marques de Alegrete – Luiz Telles de Caminha e Menezes serviu como enfermeira, mãe e até soldado, na demarcação de fronteiras do nosso pago gaúcho.
Mulheres atuantes que vale a pena pesquisar um pouco e sair do estigma que a história rio-grandense foi somente formada por homens.
Mas no cenário atual, a coisa está andando muito bem! A representatidade e voz feminina está mais ampla. Em sua maioria, as prendas dos CTGs que participam frequentemente dos eventos estão preparadas para expressar sua opinião sem medo.
A história das mulheres gaúchas do passado deixou um legado de bravura e determinação para as mulheres atuais. Até mesmo a palavra prenda, num significado mais amplo se caracteriza como dádiva.
Mas em falando em força da mulher, me vêm na cabeça a força da prenda em um tablado. Toda prenda enche os olhos daqueles que assistem a qualquer apresentação, seja de um grupo grande ou um grupo pequeno. As prendas roubam toda a atenção.
Um instrutor meu costumava dizer que a graça de uma dança é a prenda. E não é que ele tá certo? O colorido dos vestidos, o sorriso, o brilho no olho de toda prenda faz encantar até mesmo o sem sentimento.
“Por ser gaúcha és a flor do campo O teu encanto embeleza essa vivenda O nome dado somente a joia mais cara És a mais rara, por isso te chamo prenda “
Te Chamo Prenda
Juan Daniel Isenhasen
A dádiva (ou joia, como preferir), faz jus a tradução da palavra prenda, porque ter uma prenda ao teu lado no trabalho abrilhanta todo um trabalho.
Por isso podemos concluir que a mulher gaúcha é a mais corajosa, guerreira e bela de todo o planeta. Valorize sua voz, valorize seu trabalho, valorize sua prenda.
SOBRE O AUTOR:
Arthur Prado, nascido em Vacaria, está dentro do tradicionalismo desde 2011 na mesma entidade desde então. Atualmente, se encontra na gestão de Guri Farroupilha do CTG Querência do Socorro. Um amante da cultura gaúcha e literatura, fotografa e escreve nas horas vagas.
GOSTARIA DE RECEBER MAIS INFORMAÇÕES A RESPEITO DA CULTURA GAÚCHA PARA UMA APRESENTAÇÃO CULTURAL.
OBRIGADA