Buenas amigos, tudo certo?

Recebemos um baita material do nosso amigo Diego Muller, que está sempre contribuindo com a Estância Virtual com conteúdo de primeira!

Os 10 SEGREDOS DAS DANÇAS FOLCLÓRICAS, são uma tese realizada pelo antropólogo, historiador, folclorista, escritor, poeta, compositor, ator, roteirista, apresentador e advogado (fundador, professor e bailarino do “Conjunto de Folclore Internacional Os Gaúchos” e avaliador dos concursos estaduais de dança Femobral), ANTÔNIO AUGUSTO FAGUNDES, mais conhecido como NICO FAGUNDES.

A preposição foi apresentada e aprovada, por unanimidade, em plenário, durante o “XII CONGRESSO TRADICIONALISTA GAÚCHO”, realizado na cidade de Tramandaí/RS, em 28 Outubro de 1966 (Congresso de fundação da instituição MTG/RS, há 52 anos atrás), sendo publicada nos anais do evento e republicada, a posterior, em artigo para o jornal “Diário de Notícias”, a 15 de Dezembro de 1968, citando os importantes “10 Segredos/Mandamentos da Dança Folclórica Gaúcha” apresentada em nossos ambientes de “culto” à “tradição regional.

Achamos o material SENSACIONAL, e espero que vocês também achem!

01. AS ESTILIZAÇÕES:

A dança folclórica, como fato de uma Ciência (o Folclóre), é, lógicamente, um fato científico. Ninguém, portanto, pode modificá-la, assim como ninguém pode modificar um fato histórico, apenas para fazê-lo bonito… O poeta Múcio Teixeira, no passado, colocou Bento Gonçalves e Onofre Pires à testa de dois grandes exércitos, decidindo, em duelo, a sorte da batalha que não quiseram travar. (!) É bonito? Talvez. Mas não é história. Pela mesma razão, os FOLCLORISTAS e os BONS TRADICIONALISTAS condenam as estilizações descaracterizadoras, nem na sua música, nem nos seus versos e nem, sobretudo, na sua coreografia.

02. O PROBLEMA:

A dança é um “espetáculo” visual, primeiramente. Por isso, a indumentária tem que ser bem escolhida e montada, pois a sua importância é enorme. O ideal seria apresentar cada dança com a indumentária de sua época e de sua região, facultadas, porém, duas ou mais indumentárias para aquelas danças que tiveram ou tem duas ou mais épocas e regiões. A região da dança, a ser considerada, não é aquela onde ela foi recolhida, mas a de sua origem, aquela região de onde a dança é característica, ou típica. O Pezinho, por exemplo, é da região dos plantadores de cana.

Vocal CTG

03. O CANTO E A MÚSICA:

Mas a dança folclórica é também um espetáculo auditivo, razão pela qual extremo cuidado deve cercar a execução de sua música e do seu canto. No instrumental, pelo menos uma gaita e um violão, sendo recomendável para as danças mais antigas, primitivas, como os Fandangos, rabecas e as violas. O número de instrumentos, evidentemente, não é mais importante que a boa execução da música, mas também é evidente que dois violões bons fazem melhor figuração que um violão bom. Para o canto, o normal é a execução uníssono, ressalvadas aquelas danças típicas de regiões onde o gaúcho canta folcloricamente a duas vozes. Os FOLCLORISTAS e BONS TRADICIONALISTAS repudiam os arranjos vocais que fogem a estas características. Em poucas das nossas danças os próprios dançarinos devem, obrigatoriamente, cantar. Tal é, por exemplo o Pezinho. Nas outras, o canto deve ser apresentado pelos instrumentistas ou por vocalistas, especialmente designados.

04. A APRESENTAÇÃO:

A apresentação do grupo que vai dançar, também é significativa. Alguns conjuntos vão ao extremo de criar, para suas apresentações, complicadíssimas entradas em cena, que mais parecem uma dança completa. Entradas, e essas, nem sempre de bom gosto. Graça e elegância devem fazer par com a sobriedade e a autenticidade. É um segredo dos BONS CONJUNTOS de danças folclóricas, por outro lado, a correta disposição dos pares em cena, bem como seus deslocamentos mínimos e sua postura elegante, nos intervalos entre uma dança e outra. Se não é recomendável um comportamento dos ‘mais profissionais’, tal como cumprimento ao público, tão ao longo dos bailarinos clássicos, por outro lado não se deve fazer o oposto: com atitudes visivelmente desleixadas em cena, frequentemente sublinhadas por gritos de galpão, risadas, bocejos, e, às vezes, até uma bota mal lustrada, uma bombacha ou uma trança caindo.

Dança Folclórica

05. O ALINHAMENTO:

O alinhamento é, provavelmente, um dos aspectos mais descuidados pelos conjuntos de danças folclóricas. E, no entanto, é um dos mais importantes. Em certas danças, como o Pezinho, ainda se faz mais notável. O correto alinhamento, determina que cada coluna se desloque como um todo, como uma linha reta, e não como uma serpentina, cheia de curvas. Mas tal alinhamento/harmonia, não deve, NUNCA, assumir uma rigidez mais própria de soldados, em marcha… O perfeito alinhamento se nota, também, na coordenação dos gestos mais simples: o pé à frente, a cabeça inclinada, o palmeio, a altura, o movimento de saias, etc.. Desta ‘régra’, igualmente, faz parte a posição pessoal do dançarino: nem curvado, nem rígido.

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06. OS IMPLEMENTOS DA INDUMENTÁRIA:

Os implementos também merecem uma ‘régra’ especial. As esporas, por exemplo. Nos Fandangos antigos, de terreiro batido, as esporas desempenhavam papel relevante, sublinhando o ritmo. Mas, para as danças menos antigas – e, sobretudo, quando o local da apresentação tem parquê ou revestimentos especiais (salões de festas, pistas de danças) – elas são, perfeitamente, dispensáveis. E dispensáveis, igualmente, são as armas, os instrumentos de trabalho (boleadeiras, tirador) e peças de indumentária que jamais apareceram em bailes gaúchos, tais como chapéus, lenços à cabeça e palas, a menos, naturalmente, que se trate de completar uma indumentária histórica, quando, então, o interesse cultural da própria dança supere o da dança.

Indumentária

07. O MANDANTE E A DISCIPLINA:

O ‘mandante’ das danças dá a tônica do êxito nas apresentações, que dê as determinações antes da entrada em cena e as vozes de comando durante a execução das danças. Evidentemente, o posto requer alguém com inatas qualidades especiais, tais como liderança, boa voz, etc… O mais normal é que o mandante seja um homem, mas, excepcionalmente, pode ser uma dama. Igualmente, normal, é que o mandante faça parte do conjunto de danças, mas não é errado comandar de fora, como os antigos ‘mestre-sala’, sobretudo, quando se trata de pessoa idosa. A disciplina do conjunto de danças é fundamental. Disciplina, essa, que tem múltiplos aspectos: assiduidade aos ensaios e às apresentações, obediência ao mandante, ao professor, respeito e camaradagem entre os membros de conjunto, ausência de vaidades e vedetismo.

08. O PROFISSIONALISMO:

O que é profissional, em matéria de danças folclóricas? Apenas assinar contrato, para dançar? Ou será também receber cachê, mesmo sendo amador, em programas de rádio e TV, que são patrocinados? E receber ajudas-de-custo, para pequenas despesas, como viagens, refeições e táxi? E das espetáculo, com entradas pagas, qualquer que seja o fim da receita apurada? E receber dinheiro para dar um curso, ou mesmo uma conferência? E ser contratado pelo Estado, por exemplo, para ser professor de danças? Profissionalismo, tecnicamente, seria fazer profissão em qualquer das hipóteses acima citadas. E salvo as execuções, de artista de rádio e TV, isso nunca ocorre, no tradicionalismo, apesar de ouvirem frequentemente, com ares de acusação: ‘Fulano é profissional!’ Ou, então, ‘Tal conjunto é profissional!’. Ou, ainda, ‘Não aceitem a inscrição para o concurso, porque se trata de profissional!’ Mas a grande verdade é que o profissionalismo, em si, não é nem um bem nem um mal. É verdade que, normalmente se apresenta como um mal, pois para atender a seus imperiosos reclamos. E, em nome de uma falsa arte, para se manterem os grupos, ditos ‘profissionais’, a continuar modificando arbitrariamente as danças folclóricas ou, às vezes, tradicionais do gaúcho. Mas é perfeitamente possível conciliar tradicionalismo com profissionalismo. Na Argentina, no México e nos países socialistas isso tem ocorrido. Há mesmo grupos pagos ou subvencionados pelo Estado, que fazem profissão das danças folclóricas e que respeitam sua pureza. Em caso de concurso, desde que o profissional respeite a pureza do folclore, não há porque negar-lhe inscrição. Há, infelizmente, casos em que os centros de tradições concorrentes contratam um elemento, a peso de dinheiro, unicamente para o concurso. Mas esse é um assunto meramente moral e não cultural. Pode-se censurar, não proibir.

09. OS PROFESSORES DE DANÇA:

Os professores de danças folclóricas devem ser escolhidos, pelos grupos interessados em aprender, com máximo cuidado. Isso, porque há professores e ‘professores’. Estes últimos, por ignorância ou má fé, tem causado prejuízo, não pequeno, ao tradicionalismo gaúcho. Aprendem mal e ensinam mal o que aprenderam. E, ás vezes, até o que não aprenderam! Aventureiros percorrem o interior do Estado, changueando pouso e churrasco… e ‘ensinando’ danças. Não raro, remunerados. Alguns inventam danças ou pesquisas folclóricas. Outros, sem conhecimento adequado, chegam mesmo a efetuar pesquisas, evidentemente incompletas e defeituosas, lançando nos centros de tradições os frutos espúrios desas ‘coletas’. Mas, infelizmente, no atual momento tradicionalista, torna-se difícil, ao inexperiente – e, sobretudo, no interior do Estado – distinguir o jôio do trigo. Para tanto, são recomendáveis prudências nos convites, e atenção na qualificação de tais professores. Uma boa régra a seguir, é só convidar integrantes de Invernadas Artísticas sabidamente boas, que respeitam a coreografia folclórica das danças.

10. A CHULA:

A Chula, como dança individual, merece ‘regra’ à parte. Ensaios constantes e capacidade criadora estão na base do êxito dos chuliadores famosos. Ajuda muito, porque ensina, verem dançar os melhores chuliadores, bem como tomar parte na maior quantidade de competições possíveis. O bom chuliador é aquele que está sempre ensaiando, para manter a firme resistência física e sempre criando e aprendendo novos ‘passos’, para ampliar seu repertório.

“Esses são, ‘data vênia’, os DEZ SEGREDOS DAS DANÇAS FOLCLÓRICAS, os quais todos os Centros de Tradições e grupos de danças podem e – renovada ‘vênia’! – DEVEM conhecer!”

E então gauchada, gostaram? Concordam com todas? É de muito tempo atrás, mas tem muita verdade nessas linhas, não?

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Abraço

#DANÇA

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