Tchê, que tal dançar a Chimarrita-Balão? O quê? Teve mudança? Não aguenta as costas e os joelhos? Fala isso de novo que te corro do ensaio jaguara!!”
Mudança drástica ocorrida na chimarrita-balão. Não faz ideia do que estou falando? Da uma lida, que logo tu vai saber.
Dançar a Chimarrita-Balão é um misto de emoção, dor, sabedoria, dor, prática em ajoelhar, dor, sapateio bem gaúcho, dor, sarandeio todo cheio de floreio, dor… Pelo menos para quem nunca se ajoelha na vida, e do nada precisa fazer isso duas vezes, um com cada joelho, em pouco tempo, depois de um sapateio. Pois é, a Chimarrita-Balão realmente “NÃO É PRA TODOS DANÇAR! É PRA QUEM TEM O PÉ LEVE, PRA QUEM SABE SAPATEAR”!
A Chimarrita-Balão, não foi difundida em todo o estado. Era dançada em apenas algumas partes dele. “A Chimarrita-Balão é conhecida somente no litoral-norte e planalto-do-nordeste do Rio Grande do Sul. “Balão” foi uma dança bastante vulgarizada em Portugal no século passado, e teve, no Brasil, variantes como “Balão-Faceiro”. Não encontramos, a não ser na denominação, a mínima semelhança entre a Chimarrita-Balão e a tradicional Chimarrita”. (CÔRTES; LESSA; 1961, p.119).
Logo, já sabemos que realmente não tem nada em comum com a Chimarrita, a não ser o primeiro nome. Mas porque será? Não faço ideia… Deixando a história de lado, vamos a dança!
Foto: Estampa da Tradição
Pela descrição do “Manual de Danças Gaúchas” de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, “os pares se formam, independentemente, mas procurando a disposição de um circulo”. Diferença notável da característica que hoje a dança é apresentada, onde os pares dançam espalhados, individualmente, sem intenção de formar um círculo. Por que mudou? Não faço ideia…
Pronto, acabou de ficar sabendo a mudança drástica. Não, não vou comentar sobre as mudanças do novo livro do MTG para o ENART, porque prefiro deixar isso para os instrutores.
Já imaginou que barbada ensaiar a harmonia da Balão, em roda? Ia ter instrutor enlouquecendo (e dançarino procurando o banco). Bueno, eu sei que talvez não seja tão drástica como tu imaginou, mas para mim é uma mudança que no mínimo deve ser lembrada por todos quando decidirem reclamar de ter que repetir tantas vezes…
Mas seguindo a roda do mate, outro fator que chama atenção na dança, é a maneira do enlace, diferente de todas as demais danças. “Com os corpos um tanto afastados um do outro, homem e mulher, se tomam por ambos os braços, de maneira que a mão do homem dê apoio ao cotovelo da mulher, e a mão desta se apoie na junta-do-braço de seu companheiro.” (CÔRTES; LESSA; 1961, p.119).
Foto: Estampa da Tradição
A primeira figura se inicia após conclusão da introdução sem canto. Os saltos de polca é que ditam a regra desta figura. Enlaçados pelos braços da forma citada acima, o par gira pelo salão durante 8 tempos. Pela descrição do Manual, seriam todos pelo lado esquerdo, seguindo o círculo imaginário da roda. Não praticado atualmente, onde os pares giram de forma livre, apenas mantendo o sentido de baile, pelo salão.
Concluídos os 8 tempos, inicia-se a segunda figura, onde os pares tomam-se pela mão direita. “O rapaz leva sua mão esquerda às costas, e a moça, coma mão esquerda, toma graciosamente da saia” (CÔRTES; LESSA; 1961, p.119). O sapateio do peão então deve dar um giro em torno do corpo, e no último tempo ajoelhar-se. Enquanto a prenda, graciosamente executa sarandeios no lugar. Aqui que a coisa começa a ficar complicada, e todo peão lembra que daqui a pouco vai ter que ajoelhar duas vezes, o que lembra a história da dor e por aí vai. Mas bueno, voltando ao fato, após ajoelhar pela primeira vez, o peão levanta-se e executa o mesmo movimento, porém para o lado oposto, e ao final ajoelha-se uma vez em um joelho, e a segunda no outro joelho. A prenda mantém seus sarandeios, nunca perdendo a graciosidade característica das mulheres.
Foto: Estampa da Tradição
Só para deixar claro, que não sou só eu que canso com a Chimarrita-Balão, segue comentário dos autores do Manual:
“A Chimarrita-Balão é uma dança de duração relativamente curta, e isso ocorre porque se deseja evitar o cansaço dos dançarinos. A verdade é que o ato de ajoelhar-se sem interromper o bate-pé exige, do dançarino não só destreza, como principalmente acentuado poder de contração muscular, visto que tal ato é realizado com vivacidade, dando margem a forte ruído dos calçados.” (CÔRTES; LESSA; 1961, p.120).
Mas então, que tu me diz tchê?
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