“Tchê, de onde surgiu a chula? Desde quando se dança chula? Quem foi que pesquisou? Tem muita regra? Era mesmo um desafio por uma prenda?”

Chula Gaúcha

Foto: Cássio JP. Silva

Buenas gauchada sapateadora! E aos não sapateadores também! Hoje a prosa é sobre a CHULA! Quem nunca ficou um tempão apertado em uma arquibancada só esperando a grande final da chula, seja na Vacaria, no ENART, no FEGACHULA ou até nos grandes rodeios do estado! A verdade é que a Chula sempre atraiu a atenção de uma gauchada loca de especial, e das que mais se puxam, porque che, vou te falar uma coisa, tem cada passo que não parece que é feito por humano que nem nós…

Mas bueno, então se tu querer saber a história da Chula, CONTINUA A LEITURA, e não te esquece de COMPARTILHAR lá no nosso FACEBOOK que assim tu divulgas mais e mais essa baita arte!

Luiz Felipe Curtarelli Chula

Foto: Divulgação Facebook

Como de costume, vamos recorrer aos grandes Paixão Côrtes e Barbosa Lessa (saiba mais clicando aqui), através do seu Manual de Danças Gaúchas, o famoso livro azul. É importante deixar claro que a chula disputada em sua grande maioria em festivais, é diferente da chula que das Danças do Tropeirismo Biriva. As avaliações são distintas, com regras distintas.

Mas chega de prosa, e vamos ao que interessa!

“Quando em julho de 1951, o gaiteiro Augustinho Manoel Serafim, de 56 anos de idade, mostrou-nos, em Vacaria, como se dançara a “Chula” no seu tempo de moço, nós ficamos perplexos, verdadeiramente surpresos. É que jamais – em todas nossas consultas bibliográficas e pesquisas de campo sobre o folclore do Rio Grande do Sul, e mesmo do Brasil – havíamos encontrado a mínima citação sobre essa curiosa “Chula” que ele nos ensinava: dança executada somente por homens e em desafio. O ineditismo era de tal monta que não nos atrevemos a apresentar a Chula de imediato – em festivais folclóricos que nessa época dirigimos – temerosos de que algum folclorista ou cronista negasse autenticidade a tal dança. Quem sabe se tudo não passava de um sonho do gaiteiro Manoel Serafim? Ou quem sabe se a Chula fora uma criação extremamente localista, fruto de alguma brincadeira de galpão, numa estância qualquer, sem maior repercussão no meio campeiro?

Sentíamo-nos inteiramente desamparados pela bibliografia folclórica brasileira, nesta afirmativa de que existira no Rio Grande do Sul uma dança chamada “chula” e executada somente por homens”

James Pereira Chula

Foto: Rodrigo Risson

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Então che, que tal essa? Só tinham ouvido um causo de um gaiteiro… Pensa o quanto antiga a chula não era, que nem em livros estavam encontrando registros… Mas também nem tudo estava perdido. Muitos meses depois, vasculhando a obra “Notícia Descritiva da Província do Rio Grande de São Pedro do Sul”, escrita por Nicolau Dreys em 1817, e só editada em 1839 é que encontraram uma referência a dança da chula.

É importante deixar claro que à esta época, o termo Gaúcho era pejorativo, e significava um cavaleiro nômade, sem lar, sem querência, e a este Gaúcho é que Dreys se referiu da seguinte forma:

“(…) pelo menos os gaúchos aparecem geralmente sem mulheres e manifestam mesmo pouca atração para elas. (…) O gaúcho parece apreciar o dinheiro menos para suprir suas precisões, que são poucas, do que para satisfazer suas paixões ou alguns gostos instantâneos: ele quer dinheiro principalmente para jogar ou para adquirir a posse de qualquer brinquedo que, como nas crianças, excitou sua cobiça passageira. Por isso pouco trabalha o gaúcho, enquanto tem dinheiro. O tempo passa-se em jogar, tocar ou escutar uma guitarra nalguma pulperia, e às vezes, porém com raridade, dançar uma espécie de chula grave, que vimos praticar por alguns deles.”

Chula Individual

Foto: Divulgação Facebook

Aí sim! Agora sim! Aqui inclusive podemos perceber que a Chula NÃO foi um desafio por mulheres, visto que o gaúcho passava a maior parte do tempo sem a presença delas, então tem muito versinho feito por aí que não casa muito bem. Mas bueno, pelo menos alguma coisa a mais já sabemos!

Foi então em 1952 a primeira demonstração oficial a público da dança da Chula.

Quanto a origem da canção, cada autor tem um entendimento diferente. Alguns acreditam ter se originado de Portugal, enquanto outros batem o pé que é dança Brasileira, que se aproximam do baiano ou do baião.

Mas bueno, espero que tenham gostado de saber um pouco mais dessa arte, e se sim, não esqueçam de COMPARTILHAR lá no nosso FACEBOOK, e também nos seguir no INSTAGRAM, TWITTER e YOUTUBE che!

E se tu te interessou, acessa também a página sobre as DANÇAS TRADICIONAIS e o BOLICHO DO JUVENAL che!

Um forte quebra!

#Chula #FEGACHULA #Dança

2 COMENTÁRIOS

  1. Sei que o Post já é antigo, mas gostaria de comentar mesmo assim:
    sobre a parte que diz que não acharam nenhuma referência sobre a chula em nenhum livro ou documento, apenas, posteriormente o do Nicolaus Dreys:

    Temos o livro ”Viagem à comarca de Curityba” escrito por St.Hilaire em 1820;

    No capítulo ”A vila de Castro”, St.Hilaire dá a descrição de um bailado campestre entre os campeiros dos campos gerais e cita a chula:
    ”Além de música, houve danças. Sendo quaresma, não foi permitido o batuque. Dançaram a dois,
    como nas antigas danças alemãs, e a quatro, uma marca coreográfica chamada na região ANU e CHULA, em que sapateiam furiosamente, dobrando os tornozelos, aliás, com certa graça.”

    Outras obras importantes como ”Passeio à minha Terra” de Salvador José Correia Coelho, de 1844, e Viagem pelo Paraná de Avé Lallemant, 1858, citam detalhadamente a figura do campeiro curitibano, biriva de cima da serra bem pilchado, de bota sanfonada, chilena, bombacha, guaiaca, pala fimbrado, lenço branco e chapéu, nas lidas com o gado, com presença marcada no tanger das tropas, nos fandangos primitivos (Dançando a chula), nas sapecadas, E no chimarrear com a nossa própria congonha crioula de cima da serra.
    Parece que o Paranaense atual se esqueceu de três Séculos de história, sangue, raça e procedência Surenha..

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