Buenas amigos, como vão?
Essa é uma pergunta que com certeza chama muito atenção.
E não é por nada. Cada vez se vê menos jovens participando dos vocais de invernadas, tocando em rodeios ‘a la cria’, sem preocupação com correções e sim por puro divertimento e por aí se vai.
Pois para tentar mudar um pouco isso, na 25ª RT, mais precisamente em Caxias do Sul, dois músicos se voluntariaram a ensinar.
Exatamente, ensinar de graça. Sem custo. Apenas para mais pessoas aprenderem.
Essa iniciativa começou lá por meados de 2015, mas só foi sair do papel agora. Fábio Soares (o Fabinho) junto com o Luiz Gustavo Padilha decidiram unir forças, e firmar uma parceria junto a 25ª RT, mais especificamente com a Silvia Soares, que abraçou o projeto e fez se materializar.
As motivações para tal? Ah, essa tu poderá ler na íntegra a reflexão que o Fabinho postou lá no dia 05 de Outubro de 2015:
“Bueno… de fato nos últimos dias alguns questionamentos andaram surgindo de diversos lados sobre alguns pormenores envolvendo musicais de invernadas… pois bem… não quero me ater aos tais “problemas” ou “boatos”… mas quero aproveitar para gerar uma reflexão a todos nós músicos, sendo mais incisivo aos músicos de invernadas.
Eu, particularmente, me preocupo bastante com o legado que posso deixar à frente… aos meus filhos e netos, por exemplo (isso que nem os tenho ainda…). Não gostaria que meus pequenos não pudessem conhecer o real valor do tradicionalismo. Viver as coisas boas que eu vivi quando piá, de ir num rodeio e conhecer gente… de poder ter vivências rurais nos rodeios citadinos, num contato superficial talvez, mas de grande valia pra formação do meu gosto por essas coisas da natureza e dos costumes do campo… que não pudessem aprender a entoar milongas, chamamés, valsas, ligadas ao tempo antigo… menos modernas… mais raiz… mais interior… não “mais” que os demais estilos ou gêneros, mas com um teor maior de essência… difícil conceituar, mas quem me conhece e quem vivencia isso vai entender o que eu estou querendo dizer.
Pois bem… hoje me assusta o fato de haverem poucos músicos a cerca de nossa cultura regional… me assusta o fato de poucas entidades tradicionalistas terem um departamento cultural ativo e contribuinte ao meio tradicionalista… na formação de sabedores e apreciadores dos nossos valores… não de concorrentes de chula, declamação, gaita, canto… mas sim de interessados pelo movimento em seu acontecimento na história e em nosso momento… Eu – e todos os músicos que trabalham e vivem da música – devemos sim seguir trabalhando e atuando como fazemos… no entanto acredito que não podemos fechar os olhos pra o futuro… precisamos fazer com que crianças gostem das nossas tradições… pois quem está a par desses eventos tradicionalistas sabe a dificuldade de encontrar músicos para determinadas ocasiões… e eu, no meu mais humilde conhecimento, entendo que muitos dos jovens promissores músicos não encontram vontade em aprender e tocar pois são ensinados – e vivenciamos isso dia a dia – a serem concorrentes… a vivência e os valores ficam para segundo plano… já vi relatos de pais me dizerem “meu filho perdeu uns dois rodeios – dos tantos que participou – e agora não quer mais participar”… o gosto parece estar sendo o ser mais que alguém… quando na verdade todos que concorremos sabemos que jamais fomos mais que alguém porque nos premiaram em um ou outro evento… Competir é bom, é importante também… mas eu – depois que ganhei maturidade para entender as coisas – valorizei muito mais a arte que fazia do que o troféu que ganhava ou não… embora enquanto era criança e concorria nunca fui incentivado apenas a ganhar… mas sim, participar valia muito mais… hoje tenho muitos amigos do tempo que concorria e que eramos “concorrentes”… e acho que isso precisa vir dos mais velhos… precisa vir da gente que está aí todos os dias… mas… um dia não estaremos mais… e eu não gostaria que as coisas se extinguissem com o passar do tempo – o que hoje, devido a baixa de participantes ativos no meio, parece ser o caminho mais óbvio.
Sobre os eventos não posso falar com exatidão, apenas refletir o quanto posso fazer com que seja diferente… rodeio de um dia, no meu tempo não existia… a gente acampava, tinha uma vivência no final de semana… conhecia pessoas diferentes… jeitos diferentes… e ali que me formei músico… ali aprendi os primeiros acordes, as primeiras canções… na vivência… na convivência… hoje… se é de dois dias há alojamentos… se é de um dia lota-se um ônibus, sai-se as 6 da manhã de casa, pilchado, se passa em no mínimo 2 rodeios diferentes na região e se volta pra casa antes do resultado… “malemal” se vê um amigo… ou a arte dos amigos…
Não acho que devam acabar os rodeios de um dia ou os alojamentos… mas nesse momento da história, em que vivemos numa inundação de informações e isolamentos tecnológicos – celulares e suas redes sociais -, onde algumas pessoas já clamam por atenção “ao vivo”… acho importante distribuir interesses culturais reais também… acho importante mostrar aos pequenos que o “CTG” não é só o concurso… acho importante trazer de volta as vivências e nossos valores regionais… e não apenas viver nesse mercado que se tornou o tradicionalismo… onde todos ganham… até mesmo nós, os músicos.
Enfim… me perdoem se parece agressivo a alguém… jamais tive alguma intenção diferente de convidar os amigos a refletirem sobre nossos valores e o futuro deles.
Abraços!”
Então che, vale a pena abraçar a causa? Se vai salvar o mundo – ninguém sabe – mas temos que começar por algum lugar!
Gauchada, fica o convite a todos, abaixo tu poderás ver todos os contatos na imagem e como funcionará.
A che, antes que esqueça, não esquece de dar uma visitada da LOJA BUENAS que tem umas promoções por lá que deusolivre!