A escola demorou muito para chegar no Rio Grande do Sul, e com isso, paramos no tempo, por muito tempo…

Buenas amigos, como estão?

Para empunhar uma lança, manejar uma espada, domar potro ou plantar trigo, não era preciso ler nem escrever. A instituição escolar levou muito tempo para chegar ao Rio Grande. O ensino das primeiras letras ficava circunscrito ao âmbito doméstico.

Com essa frase inicial, retirada do livro “Nativismo – um fenômeno social gaúcho“, do saudoso Luiz Carlos Barbosa Lessa, iniciamos nosso texto de hoje.

O atraso por aqui perdurou por muitos anos. Apenas por volta de 1820 surgiram algumas aulas de Latim por Rio Pardo, Porto Alegre e Rio Grande. Só em 1828 foi possível fazer um curso superior, e isso em São Paulo. E pouco a pouco, com o surgimento das primeiras escolas primárias por todo o pago, surgiu o maior desafio.

De um lado a cultura cultivada – institucionalizada e oficial -, e de outro a cultura folk, espontânea, transmitida oralmente no dia-a-dia. De um lado a sabedora da escola, de outro a sabedoria do povo (folklore).”

Logo que a República foi proclamada, Júlio de Castilhos e Silveira Martins travaram verdadeiras batalhas em suas dissertações, e com isso, um minoria letrada pode acompanhar o desenrolar dos embates.

Porém, em 1896, Alfredo Ferreira Rodrigues escreveu:

Apesar de não estar difundida no Estado a instrução popular, o rio-grandense não se pode considerar um povo atrasado. O que há é uma distribuição muito desigual de instrução.

O rio-grandense, sobretudo o da campanha, que representa o verdadeiro tipo nacional, é franco, leal, hospitaleiro em extremo, amável e valente.

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A nota discordante das belas qualidades do gaúcho é o espírito sanguinário, infelizmente comum no interior em certas classes. Nas guerras civis, esse espírito sanguinário, incitado pelo ódio de partido e mais ainda pela sede de vingança, mais se acentuou, dando lugar a horrores sem nome, a barbaridades de toda a sorte, que tocam as raias da selvageria.

E foi a luta para mudar essa visão de Rudeza, que cada vez mais tentou-se “abafar” o gauchismo daqui, trazendo cada vez com mais força as influências de centros urbanos, e não de sociedades rurais.

Não querendo ser confundida com a sociedade galponeira, a sociedade urbana se esforçava por adotar padrões cosmopolitas. Nos salões do Club Comercial – para a elite – ou do Club Caixeiral – para a classe média – aprendiam-se as danças da moda lançada por Paris: a schottisch, a polka, a habanera, a mazurka. Nas escolas, as crianças aprendiam a ler nas cartilhas lusitanas…

Em resumo, a própria escola e os clubes sociais faziam de tudo para diminuir a cultura folk, ou seja, o folclore do nosso estado, a fim de transformar em uma sociedade exclusivamente urbana, e com isso, por uma longa faixa de tempo nos perdemos.

Digo nos perdemos, pois figuras como Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, apenas na década de 40/50 em diante conseguiram reconstituir boa parte da nossa cultura. Se lembrarmos os relatos dos tradicionalistas na década de 20/30, teremos uma sequência de barbáries, onde nem chimarrão se podia tomar na rua, e bombacha então…? Nem se fala!

É bem verdade que essa busca por manter vivas nossas tradições se iniciou por volta de 1890 em diante, principalmente na figura de João Cezimbra Jacques. Foi nessa época que surgiram os primeiros Grêmios Gaúchos, Centros Gaúchos e etc…

Mas isso é assunto para outro texto amigos.

Espero que tenham aprendido algo de “novo”,

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Abraço!

#BarbosaLessa #PaixãoCôrtes

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