Música tradicional gaúcha ganha cada vez mais destaque dentro dos CTGs.
Sabemos que o nosso RS é conhecido por sua riqueza musical. Hoje vamos falar dos grandes músicos, que com sua alma, composições, arranjos e melodias encantam e fazem frente aos grupos de dança nos diversos festivais Rio Grande a fora, até mesmo por todo o nosso Brasil.
O que seria de nós, meros dançarinos sem aqueles que embalam e criam nossas melodias?
Sem o musical, não teriam rodeios, festivais de dança, ensaios nos galpões. Eles são uma das peças mais importantes para uma invernada.
Temos uma mistura maravilhosa de timbres, notas musicais, em ritmos de pézinho, pau de fitas, entradas e saídas. Muitos deles são também compositores de mão cheia.
Estava eu na 1º Inter Regional do Enart desde ano, na cidade de Campo Bom, no mês de agosto, e me peguei a observar os músicos.
Muitos já estavam por lá, mesmo antes das invernadas chegarem, isso era cedo da manhã com suas malas de instrumentos, pesados, diga-se de passagem, o cuidado ao transporta-los era encantador. A cada troca de grupo, se posicionavam no palco, para dar o seu show, com suas vozes aveludadas e o cantar com a alma.
A riqueza que e diversidades de cantores que temos é maravilhosa, nomes como:
João Lucas Joca Cirne, Dênis Magalhães, Robson Paines, Alexandre Brunetto, dentre outros.
Para enriquecer mais a minha pesquisa, fiz uma entrevista com o grande músico João Lucas Joca Cirne, Bacharel em Direito pela Uniriter/Canoas, Cantor, Compositor, Gaiteiro, vem nos contar um pouco de sua trajetória.
1.Olá João Lucas! Não poderia falar sobre os músicos do nosso mundo do tradicionalismo sem lembrar do seu nome que é um dos mais consagrados dos nossos palcos. Para iniciar nosso bate papo… quantos anos tu toca para invernadas?
Oi Caroline. Antes de qualquer coisa, obrigado pelo contato e pela lembrança. É um prazer participar da tua coluna. Este ano completo 16 anos de atuação junto aos grupos de danças.
2.Na sua opinião qual a importância dos grupos musicais nos festivais de dança?
Percebo desde quando iniciei a trabalhar com CTGs, que a importância dos conjuntos musicais, bem como a sua responsabilidade perante os grupos e seus projetos só aumentou, exponencialmente inclusive, pois hoje o músico de invernada não é mais um mero coadjuvante nas apresentações, e nem pode ser.
É preciso estar envolvido com a concepção de cada projeto e usar de seu conhecimento e experiência no que se refere à parte musical (elemento indispensável à uma boa apresentação), para que cada grupo tenha de fato um belo espetáculo a apresentar, respeitando as características e particularidades de cada grupo seu respectivo tema.
Infelizmente ainda existem muitas pessoas (algumas delas formadoras de opinião) que não têm a compreensão de nosso papel, importância e comprometimento com o nosso TRABALHO. E é trabalho sim. Quem não vê desta forma está no lugar errado. Temos responsabilidades e incumbências que, modéstia à parte, não poderiam ser confiadas a qualquer pessoa.
Todos os grupos de danças buscam músicos qualificados e que ajam com profissionalismo, e é isto que temos o dever de entregar a quem nos confia o seu projeto. Ainda sofremos com alguns “rótulos” e “pré conceitos”, além da falta de estrutura em alguns eventos (de grande nível inclusive) que acham que os musicais não precisam de bom equipamento e técnicos de som capacitados à servi-los, ou até pior, quando o evento cria obstáculos à utilização de conjunto musical e praticamente “obriga” aos grupos a se apresentarem usando mídias digitais (CD, Notebook, Pendrive, etc), como se estas mídias se “auto gravassem” sem o nosso trabalho.
Curiosamente, grupos que dançam com gravações raramente têm colocações melhores nos rodeios do que aqueles que dançam com seus musicais. Acho que ainda fazemos a diferença. Pretendo fazer esta diferença sempre!
3.Para compor suas músicas, de onde sai a inspiração?
A inspiração vem sempre dá vontade de fazer o meu melhor por cada trabalho, indistintamente. Apesar de nunca ter dançado, diferente de muitos músicos de invernada, que iniciaram nos tablados, tenho sempre pensar no que os coreógrafos gostariam de ter para colocar seus movimentos e qual emoção e mensagem os grupos querem expressar no palco.
Minha mãe, Sônia Mara é minha letrista e minha grande parceira de trabalho. Tento aprender com ela e ter sensibilidade para cada trabalho ser de um jeito único. Aprendi muito, mas o nível de sensibilidade dela é praticamente inalcançável. Quem sabe um dia eu chegue lá. O principal é ter amor pelo que se faz e agradecer à Deus todos os dias pela dadiva da vida e da arte. Assim, a inspiração não falta nunca!
Obrigado por todas as palavras amigo Joca!
Gostaria de deixar aqui meu agradecimento a esse profissional brilhante e super simpático! São pessoas assim que deixam nosso tradicionalismo ainda mais cheio de amor, aumentando o respeito e admiração Brasil afora!
Que seja exemplo aos que estão iniciando, e viva a música gaúcha!
SOBRE A AUTORA:
Caroline Salamoni, 31 anos, formada Administração, particpa do Tradicionalismo Gaúcho há 13 anos. Atualmente, dançarina da Invernada Adulta do CTG Mata Nativa da cidade de Canoas.