polca-mancada dança
Polca-Mancada: Foto de Rose Garcia

Muitas músicas fazem referência, mas quem conhece a polca-mancada?

Primeiramente alertamos que, esta Polca-Mancada, é um tema totalmente distinto daquela Polca-Mancada citada por Paixão Côrtes, recolhida e registrada por ele (encontrada na serra, em São Francisco de Paula), e ainda não publicada ao público, em suas obras.

Esta é outra Polca-Mancada, encontrada com moradores da cidade de Encruzilhada do Sul, em outra região do Estado, já pela equipe do IGTF, no ano de 1985, sendo associada a outros elementos (incluindo música e partitura, com transcrições de Rose Garcia e pauta de Jorge Preiss) colhidas já em Santa Cruz do Sul, em 1985, por Donas ROSE GARCIA e LILIAN ARGENTINA (com fotos de Rose Garcia).

É, basicamente, uma variante da Polca tradicional, tendo, o tema, como informantes, em Encruzilhada do Sul, a família Andrade – Felicidade Lindóia Andrade, Suely Rodrigues de Andrade e Arthur de Andrade – e, em Santa Cruz do Sul, Marciliano José Rodrigues (à época com seus 75 anos), remanescentes do grupo de danças do CTG Lanceiros de Santa Cruz, que aprendeu alguns temas com o seu Augustinho Manoel Serafim, quando ele teria se mudado para Santa Cruz do Sul, para ensinar algumas danças que conhecia (muitas, inclusive, criadas por ele) àquela entidade, próximo ao ano de 1960.

Dona Felicidade, Dona Suely e seu Arthur são parentes de Marciliano Rodrigues.

É dança híbrida, do Ciclo do Fandango com Pares Enlaçados e vários são os autores que citaram a Polca-Mancada em suas obras, mostrando que foi, sim, um tema muito tradicional e bailado por nosso Rio Grande afora.

“Onde vai senhor Tatu

Em tamanha galopeada,

Eu vou pra cima da serra,

Dançar a Polca-Mancada.”

 

polca-mancada
Nico Fagundes em pesquisa folclórica pelo interior do RS

O tema é composto por 3 Figuras, montado e reconstituído (já que todas as reconstituições existem para ser por primeira vez descrita passo a passo, didaticamente), pela equipe técnica do IGTF e seus colaboradores, onde nominamos as pessoas, segundo documentos (pesquisa de gabinete), de: Lilian Argentina, Maria Gladis e Moema Moralles (reconstituição e revisão coreográfica), além de Beatriz Kieling, Cláudio Haussen, Eleu Moreira, Gilberto Albuquerque, José de Souza, Laerte Moraes, Marcos Anunciação, Paula Ribeiro, Rosa Vilkveis, Térson Praxedes e Fábio Ribeiro (demonstração e reconstituição das danças).

Esta coreografia faz parte de um livro, ainda inédito, escrito pela equipe do IGTF, sob direção de Antônio Augusto Fagundes, qual soubemos que está para ser retrabalhado e lançado, em breve, por parte da mesma equipe do IGTF que a trabalhou, na época de 1984, 1985 e 1986, inclusive, podendo ser lançado em um site, com coreografias citadas, partituras, gravações de áudio e vídeo, etc., ou seja: algo totalmente didático, por quem trabalhou-a, na década de 80.

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Relembramos, novamente, porém, que a descrição coreográfica pautada abaixo não é como as que estamos acostumados hoje (nos concursos), citando “vírgula por vírgula”, dentro das necessidades de avaliações “detalhadas” dos concursos rígidos, como do ENART (e outros), por exemplo. Assim, acreditamos que seja muito pertinente e mais tranquilo cada grupo seguir como se entende a seguinte descrição, sendo totalmente “permissível” que existam várias interpretações e execuções para a mesma dança (já que não, possivelmente, não saberemos como ela era praticada no momento de sua reconstituição), sem buscar um gabarito único e restritivo.

Os passos, sapateios e ordem coreográfica foram, assim, aqui transcritos, exatamente como estava nos arquivos o IGTF, escrita por seus pesquisadores e colaboradores (os quais devemos exaltar, para não cometer enganos ou “mentir” sobre a história do tema).

Por fim: não sabemos nada da sua originalidade, inclusive por possuir citações e coreografias de outras coreografias de Polcas-Mancadas, podendo, esta, ter claramente influências já de uma “projeção folclórica” (como outros temas praticados por Augustinho Manoel Serafim – Ver “Novas Danças do Rio Grande Antigo”, de Paixão Côrtes, p.34), ao invés de ser totalmente um reflexo espontâneo do “folk”.

O acervo das danças, recolhidas pelo IGTF, está totalmente à disposição, com acesso aberto e permitido a todo o público, no “MUSEU ANTROPOLÓGICO DO RIO GRANDE DO SUL – MARS”, sob responsabilidade de Rossanna Prado (Rua Sete de Setembro, 1020, Sala 22 – Centro Histórico – Porto Alegre/RS), com fone: 51.3228-7664 e e-mails: [email protected] e [email protected] Blog: http://museuantropologico.blogspot.com

Faça uma visita e pesquise, pois todos lá são super-atenciosos, e, o material é de todos (salvo os direitos autorais, claro), e são as coisas da nossa terra! O próprio Museu agradece e incentiva a pesquisa!

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COREOGRAFIA

FORMAÇÃO – Pares dispostos à vontade.

POSIÇÃO INICIAL – Pares dispostos frente a frente. Homem com braços caídos, ao longo do corpo. Mulher, segurando a saia.

PREPARAÇÃO – ambos marcam, no lugar, quatro passos de Polca (parte A da música).

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Polca-Mancada: Foto de Rose Garcia

FIGURA 01 – O homem segura os cotovelos da mulher. Esta apoia sua mão no ante-braço do homem. Ambos executam o passo da Polca-Mancada. O homem afastando a lateral do pé esquerdo sobre a esquerda; arrasta o pé direito para junto do pé esquerdo; mais um passo lateral, arrastando o esquerdo sobre a esquerda; unir o direito ao esquerdo; outro afastamento do esquerdo sobre a esquerda, e bater com o pé direito no chão (4 tempos – parte B da música). A mulher executa os mesmos movimentos com o pé contrário. Ambos executam os mesmos movimentos sobre direções opostas, isto é, o homem afasta-se sobre a direito (pé direito) e a mulher sobre a esquerda (pé esquerdo), logo após a batida, já executada anteriormente (4 tempos). Repetir a figura sobre a esquerda e sobre a direita do homem (8 tempos – parte B da música).

FIGURA 02 – “Passeio”: o homem toma com a mão direita a esquerda da dama, com os braços semi-flexionados à frente. Continua segurando, com a mão direita, o cotovelo da mulher que se apóia com a esquerda, em seu ante-braço. Assim, um tanto afastados, avançam três passos, com a seguinte sequencia: homem – pé esquerdo, direito, esquerdo; mais um avanço do direito, em colocação de meia ponta de pé.  Mulher – pé direito, esquerdo, direito; mais um avanço do esquerdo, que bate no chão. O par troca de mão; o homem volta-se sobre a direita, e a mulher sobre a esquerda. O pé, que baterá no solo, eleva-se e entra em giro, para dar o primeiro passo de retorno (4 tempos). Assim, a figura é executada para o lado oposto (4 tempos). Repete-se o “Passeio” (8 tempos – parte C da música).

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Polca-Mancada: Foto de Rose Garcia

FIGURA 03 – O homem enlaça, com o braço esquerdo, o esquerdo de sua companheira. Ambos executam uma volta completa (6 tempos), iniciando-a com o pé esquerdo. Soltam-se os braço e executam um leve cumprimento (2 tempos). Enlaçam-se pelos braços direitos e executam uma volta (6 tempos). Soltam-se os braços, e um novo leve cumprimento (2 tempos – parte C da música).

A dança pode ser repetida à vontade, várias vezes.

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Partitura da Polca-Mancada: Transcrição de Rose Garcia com pauta de Jorge Preiss

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