Debate está crescendo acerca da maneira em que as Danças Tradicionais Gaúchas estão sendo tocadas nos eventos em todo o Brasil.

O tema “Música” nas Danças Tradicionais Gaúchas está cada vez sendo mais discutido.

Há quem defenda o toque de uma maneira, outro de outra, e um terceiro ainda de modo diferente. Cada um com suas razões e explicações.

Conversamos com o Diretor de Música do Movimento Tradicionalista Gaúcho, Sr. Murilo de Andrade, sobre como o MTG está vendo esta situação como um todo.

Alguns dias atrás, ocorreu o Painel Técnico para o FEGADAN 2018 (clique aqui para saber como foi), onde novamente foi muito falado sobre a MÚSICA EM CADA CICLO (ou geração) COREOGRÁFICA distinta.

Recebemos então um material do Sr. Murilo, no qual faz um paralelo com breves resumos de cada característica. Este material é referente ao Curso em Vacaria no ano de 2009, ministrado pelo folclorista João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes.

Vamos transpor abaixo o material na íntegra:

JOÃO CARLOS PAIXÃO CÔRTES

CURSO DE VACARIA – DEZEMBRO DE 2009

(Resumo e detalhes musicais)

Tópicos (*)

01-Formação do RS (chegada dos açorianos e formação dos continentinos – inicio das danças)

02-Papel da mulher (homem do sul – descendente dos portugueses)

03-O homem gaúcho (homem do sul – descendente dos continentinos)

04-Danças gaúchas (inícios dos “bailes” e do primeiro ciclo de danças)

05-Respeito à dama (sua importância no nascimento das danças)

06-Teatralidade (como o gaúcha se porta)

07-Territorialiedade (noção de espaço)

08-Musicalidade (como tocavam nossos antepassados)

(*) Tópicos a serem observados nos livros de João Carlos Paixão Côrtes.

“A interpretação da dança (música e coreografia) é da maior importância e validade, pois traduz as características de uma época… A expressão de vida de uma coletividade… O desenvolvimento socio-cultural de uma comunidade… Enfim, o folk, que é o próprio sentir, agir e reagir natural do povo!” (João Carlos Paixão Côrtes)

AS GERAÇÕES E SUAS CARACTERÍSTICAS

DANÇAS DE PRIMEIRA GERAÇÃO: FANDANGO

*Palavra chave: CONTINENTINOS E FANDANGOS-BAILES-ANTIGOS

Cronologia: Primeira geração coreográfica

Data: A partir de 1753 no RS, aproximadamente (entrada dos açorianos no RS)

Expressão chave: Danças continentinas

Movimento origem: O fandango ibérico originou essa geração Migração: Chegaram através de da colonização portuguesa e dos birivas brasileiros

Característica: Cabocla-açorita

Geografia: Encontradas próximas aos pólos de civilização leste, noroeste e sudeste do estado (regiões de povoação mais antiga)

Evolução peão e prenda: Homem e mulher não se tocavam Tipologia: Danças de expressões corporais

Movimento base: Sapateios chamando a atenção da mulher

Música x Dança: Aqui a música segue o dançarino (violeiro)

Musicalidade: Moderada, para destacar sapateios

Instrumentação: Tocada somente por viola, rabeca e percussões rusticas (espora e facão) Cantor: Era a peça fundamental, tendo o instrumental inclusive afinado por ele

Levantes: Importantes, sem ritmo, bem rasgados, destacando a figura do violeiro Evolução: Primeiro levantes (partes cantadas), depois dança (parte sapateada)

* Música: A música é totalmente dependente da viola, que por sua vez acompanha o dançarino caboclo. A musicalidade é bem rasgada e a cantoria algo “chorosa” (pela origem moura e ibérica), onde a viola predomina, em dueto com “rabecas”. As cordas eram afinadas pelo cantor, e este era a maior expressão melódica e interpretativa do “Musical”. Sapateios e bate-pés cadenciados são feitos, onde a batida da viola é rasgada (para baixo) imitando os tempos dos sapateios (hoje a gaita hoje realiza na baixaria esses mesmos rasgados, nos mesmos tempos: acompanhamento). Levantes são rasgados e interpretados ao máximo pelo cantor (hora do cantor).

* EXEMPLOS:

* TIRANA-DO-LENÇO

* TATU-COM-VOLTA-NO-MEIO

* ANÚ (SÓ AS PARTES SAPATEADAS)

* BALAIO (SÓ AS PARTES SAPATEADAS)

musica gaucha

DANÇAS DE SEGUNDA GERAÇÃO: MINUETO

* Palavra chave: ETIQUETA

Cronologia: Segunda geração coreográfica

Data: A partir de 1830 no RS, aproximadamente

Expressão chave: Danças de etiqueta

Movimento origem: Figuras do minueto originaram essa geração Migração: Chegaram através de outros brasileiros ao RS

Característica: Cabocla

Geografia: Encontradas apenas no litoral norte do RS (região cabocla, portuguesa e açorita)

Evolução peão e prenda: Passaram a dar-se as mãos Tipologia: Danças graves

Movimento base: Geralmente passeios, dependentes no posicionamento

Música x Dança: Aqui a música ainda segue o dançarino (violeiro)

Musicalidade: Passou a ser mais moderada

Instrumentação: Ainda tocada somente por viola, rabeca e percussões rusticas (espora e facão) Cantor: Era a peça fundamental ainda, tendo o instrumental afinado por ele

Levantes: Ainda são importantes, sem ritmo, bem rasgados, destacando a figura do violeiro Evolução: Levantes passaram a possuir coreografia

* Música: A música é cadenciada, lenta e bem cantada, onde os passeios são agora “levantes dançados”, com passos a cada sílaba do cantante. O Cantor ainda predomina, e a viola ainda é rasgada, ponteando as melodias sem canto, rasgando melodias cantadas e batendo rasgados (para baixo) em melodias de sapateios. A música (assim como em todas as outras gerações) cresce quando a dança cresce, acalma quando a dança e o dançarino se acalmam, se empolga nas horas da empolgação dos pares (como nos sapateios e bate-pés, por exemplo) e assim por diante. A música é um conjunto com a dança, não fatores separados. Ainda predominam fortemente as características musicais da primeira geração.

* EXEMPLOS:

* QUEROMANA

*CARANGUEJO

* ANÚ (SÓ NAS PARTES DE PASSEIO)

traje gaucho

DANÇAS DE TERCEIRA GERAÇÃO: CONTRADANÇAS

* Palavra chave: CONTRADANÇAS VIVAS

Cronologia: Terceira geração coreográfica

Data: A partir de 1850 no RS, aproximadamente

Expressão chave: Contradanças

Movimento origem: O Rilo e seu desenho originaram essa geração Migração: Chegaram através de outros brasileiros

Característica: Cabocla

Geografia: Encontradas no RS todo (mapa do RS estava crescendo em povoamento)

Evolução peão e prenda: Homem e mulher se enlaçaram pelo braço Tipologia: Danças hibridas entre elegantes e brejeiras

Movimento base: Giros e figuras geométricas

Música x Dança: Geração coreográfica onde a gaita se introduziu na nossa dança

Musicalidade: Mais animada

Instrumentação: Época de transição, entre o uso da viola e violeiro e da gaita

Cantor: Peça hibrida, já ficando secundário a partir da gaita e do violão

Levantes: Foram perdendo sentido e perdendo espaço, tornando-se mais simples Evolução: Primeiro levantes (quando haviam), depois dança

* Música: Na música, assim como na dança, não se deve confundir vivacidade com o extremo desse ato. A vivacidade aqui existe em comparação às gerações/ciclos anteriores. Assim como na dança, nasceram então, nessa geração, toques mais animados e envolventes. Assim, a música, apesar de cadenciada, é bem tocada, bem animada, onde os floreios obedecem aos tipos das danças e ritmos, animando-as. Cantos são animados e bem interpretados pelo cantor. A viola ainda predomina, junto à rabeca, porém é o ciclo onde a gaita começou a se introduzir no RS e em nossas danças. Já os levantes aqui estão começando a perder espaço (também devido à morte lenta da figura do violeiro com a entrada da gaita no RS), e são mais melódicos agora, sem rasgados, sumindo com o tempo, até o seu fim.

* EXEMPLOS:

* CANA-VERDE

* BALAIO (PASSEIO)

rodeio gaucho

DANÇAS DE QUARTA GERAÇÃO: PARES ENLAÇADOS

*Palavra chave: BAILES ENLAÇADOS

Cronologia: Quarta geração coreográfica

Data: A partir de 1880 no RS, aproximadamente (após a Guerra do Paraguai e a introdução da gaita)

Expressão chave: Danças enlaçadas

Movimento origem: A valsa e sua movimentação originaram essa geração

Característica: Europeia Migração: Chegaram ao RS através da colonização europeia

Geografia: Encontradas em todo o estado do RS

Evolução peão e prenda: Passaram a se abraçar (semi-abraço) Tipologia: Danças largas

Movimento base: Danças individuais, independente dos outros

Música x Dança: Aqui o dançarino segue a música

Musicalidade: Passou a ser mais viva

Instrumentação: Tocada com a gaita e seu instrumento moderno de acompanhamento (violão) Cantor: Era peça secundária, tornando-se coadjuvante total da gaita

Levantes: Inexistência de levantes Evolução: A dança passou a perder, aos poucos, coreografias complexas, passando a ser repetitiva

* Música: A música aqui já passa a ser mais tocada como nos bailes antigos (exemplos disso ainda se encontra em musicas dos Bertussi, Pedro Raimundo, Porca Veia, Os Mirins, etc). A gaita é a peça fundamental de todo este ciclo, inclusive gerando várias danças sem letra e somente tocadas. A música é animada (lembrando que cadência nada tem a ver com animação. Animação é bem tocado, independente do ritmo da cadência). O levante aqui é inexistente. A percussão perdeu o uso caboclo de esporas e facões em sua execução.

*Peão e prenda se abraçam

* EXEMPLOS:

* VALSA-DA-MÃO-TROCADA

* CHOTE DE DUAS-DAMAS

*CHOTES CARREIRINHO

vestido de prenda

CICLO POR CICLO

Instrumentais:

*Primeira geração/Fandango – Viola, rabeca, espora, facões, pandeiro

*Segunda geração/Minueto – Viola, rabeca, espora, facões, pandeiro

*Terceira geração/Contradança – Gaita, viola, violão, rabeca, violino, pandeiro

*Quarta geração/Pares enlaçados – Gaita, violão, violino, pandeiro

Percussão:

*Primeira geração/Fandango – Espora, facões, pandeiro

*Segunda geração/Minueto – Espora, facões, pandeiro

*Terceira geração/Contradança – Pandeiro

*Quarta geração/Pares enlaçados – Pandeiro

Canto:

*Primeira geração/Fandango – Levantes solo / cantos solos e duetos

*Segunda geração/Minueto – Levantes solo / cantos solos e duetos

*Terceira geração/Contradança – Prelúdios solo / cantos solos, duetos e três vozes

*Quarta geração/Pares enlaçados – Cantos solos, duetos e três vozes / Ou sem cantos

Levantes:

*Primeira geração/Fandango – Levantes primitivos

*Segunda geração/Minueto – Levantes primitivos

*Terceira geração/Contradança – Prelúdios (levantes suaves, sem rasgados)

*Quarta geração/Pares enlaçados – Não existem levantes

VER/LIVROS IMPORTANTES

* Bailes e gerações (J.C. Paixão Côrtes) – Livro sobre as gerações

* Antigualhas cantilenas fandanguistas (J.C. Paixão Côrtes) – Normas e características de primeira e segunda geração coreográfica nos musicais de danças

* Fandangueios orelhanos (J.C. Paixão Côrtes) – Reconsiderações coreográficas e musicais sobre o Tatu com volta-no-meio

* Festos rurais (J.C. Paixão Côrtes) – Considerações musicais das danças gaúchas, Reconsiderações musicais sobre a Tirana

* Picoteios e saracoteios (J.C. Paixão Côrtes) – Reconsiderações coreográficas e musicais sobre o Balaio

DETALHES GERAIS MUSICAIS

* O curso que teve em Vacaria tentou padronizar as danças, de acordo com as gerações e as características de cada uma. A “palavra-chave” seria “folclore”, rural e “antigo”. Aquele musical simples que emociona (muito mais na dinâmica do que na criação), aquele musical mais antigo que interage com os dançarinos (suavizando nas horas que dança suaviza e crescendo na hora que os dançarinos precisam crescer e que a dança chega a apoteose). Exemplos como “Os Bertussi”, “Porca Veia”, “Pedro Raimundo”, “José Mendes”, são alguns nomes que podem ser de grande valia, principalmente nos toques dos ponteados de violões e gaitaços.

* As gerações são importante, tanto no toque do instrumental quanto na dança. Danças de mesma geração coreográfica possuem características “parecidas” de cadência, batidas de violões, animação, instrumentalização, cantorias, cerimônias ou não, etc e etc. Geração manda em tudo: inclusive na música.

* As dinâmicas serão bem cobradas em todas as danças. Ainda mais quando se tem um avaliador somente para música (entra no item da INTERPRETAÇÃO da música). Os avaliadores conseguem identificar bem claramente os tempos fortes e fracos de cada dança (harmonicamente com a movimentação do dançarino) e, portanto, onde se deve crescer ou se suavizar. Assim, a dinâmica se torna muito importante para o dançarino e o todo da apresentação.

* Batidas de violões também serão cobradas, inclusive de acordo com os ciclos. Avaliadores sabem as identificar. Assim, sempre que a característica da dança for de primeira geração (sapateios) ele deve ser tocado com “rasgados” primitivos. Ou seja: batidas para baixo, iguais as do Anu e Tirana, por exemplo. Isso em todas as danças de primeira geração e nas hibridas, nas suas partes de primeira geração (sapateados).

* Nas danças, sempre que houver uma pausa coreográfica, o musical também possui pausa (no acompanhamento). Na verdade a pausa pode ser só nos acompanhamentos: violões base, violas base, baixaria de gaita, pandeiros, percussão, etc. Os solos e acréscimos podem preencher esse “vazio” (em seus arranjos e/ou improvisos) para não ficar a melodia monótona. Mas isso depende do grupo. Normalmente essas pausas acontecem nas trocas de coreografias, passando de uma para outra, ou na troca de movimentos, passando de um para outro. Um exemplo clássico é o Balaio: Antes as batidas dos violões eram iguais e diretas, sem respeitar pausas e mudanças na coreografia. Começava no inicio da dança e nunca parava, até o final. Agora, padronizando, não. O passeio do Balaio é de terceira geração coreográfica (ciclo das contradanças), então a batida é mais suave que o rasgado de primeira geração, porém viva, algo estilo uma “vaneira” ou o que seria o que deu origem as batidas de “vaneira” (chamada erroneamente de “samba-campeiro” ou “baião-campeiro” por muitos). Os pares parando no meio do passeio para voltar (fazendo uma pausa na coreografia) também convidam o musical a realizar a mesma pausa no acompanhamento. Chegaram no par, trocam de figuras, passando para primeira geração coreográfica (sapateios), assim o musical (acompanhamento) faz a pausa (compatível com a pausa dos dançarinos). E aí se inicia as batidas “rasgadas”, para baixo (mais fortes que as batidas de terceira geração coreográfica). Como os sapateios são o refrão da dança (todas as danças possuem refrão) e sendo a parte forte da dança, então o musical cresce, identificando essa característica. Termina um sapateio, e pausa. Inicia outro. Acabou, pausa. E assim por diante. Depois volta para o passeio, suaviza de novo, e sempre com as pausas. Isso vale para todas as danças. E todas as pausas. Isso vale para todas as danças. Todas.

* As partes finais da danças sempre são “apoteóticas” (a apoteose da dança). Sapateios mais complicados e mais vistosos são sempre no fim, coreografias mais trabalhadas também, etc. Assim o musical pode crescer sempre no fim, para terminar forte também.

* As trocas de tons são permitidas e até incentivadas, pois faz a dança se tornar mais “viva” e dinâmica. Portanto para trocar de tom de preferencia não fazer no meio da “rodada” da coreografia. Há de se terminar toda ela, e aí sim trocar (quando iniciar sua repetição total).

* Os contracantos nunca foram encontrados nas pesquisas “in loco”. Portanto não se deve usar nem inventar. Na Cana-verde, no “Ai, ai, meu bem!” pode-se fazer algo parecido, repetindo o que o cantor principal canta… somente. Nas outras danças, o gaúcho nunca usou contracanto. Contracanto é um erro. Uma invenção musical moderna.

* Nos vocais há de se cuidar para eles serem mais folclóricos e “antigos” ao invés de muito “conjunto vocal”. Três vozes já se faz um baita musical. Pode se usar muito o DUETO, pois nas danças rurais eram os vocais que mais se utilizavam. O vocal não é o principal na dança, e ele deve servir como funcional para os dançarinos, e não dando a entender que é algo separado, apartado das danças. Deve ser integrado. Não se pode confundir musical de dança com conjunto vocal.

* A palavra “integrar” é chave no musical. A dança e a música devem estar muito bem “unidas”, e harmônicas. Uma deve servir para a outra. A dança para a música e a música para a dança. Não pode mais acontecer como antes, onde se tocava uma coisa e se dançava outra (desintegrada). Agora é tudo “unido”. Dependendo do movimento da dança o musical cresce e se empolga, e assim empolga os dançarinos. É uma roda de uma engrenagem só. Musical e dança são uma coisa só (lembrando que antigamente os músicos também dançavam nos bailes e vice-versa).

* O levante é algo bem característico. É usado nas danças de primeira e segunda geração. As de terceira até pode se usar, para posicionamento, porém algo mais melódico, sem muito rasgado, cantado sueva, etc (o chamam de preludio), mostrando que está se perdendo com o tempo as características de levante. As danças de quarta geração não possuem levante, nenhuma delas, ainda mais porque quase todas são espalhadas. Não existe levante para espalhar no salão. Eles são mais para posicionamentos. A não ser em danças especiais de quarta geração de “características ensaiadas” (Faca-maruja, Pau-de-fitas e Jardineira).

* Normalmente os cantores deixam uma parte da dança para ser só instrumental. Nessas horas o mais interessante seria trocar de tom, e fazer meio “empolgante”, suavizando quando for parte suave da dança. Só convidando e suavizando espontâneo. Essa parte instrumental normalmente é na terceira parte da dança, ou seja: 1 – normal, 2- normal, 3- instrumental e 4- normal de novo. Fim! …Para não ficar nem no início e nem no fim, ficando boa para empolgar na hora que tem de empolgar.

“É preciso entender o sentido do motivo, sua essência e, nele colocar a sensibilidade da alma, executando-o com a pujança do coração. Muitos desenvolvem certos motivos, mas não o sentem e não transmitem o sentir de suas raízes nativas. (…) As danças que vamos ensinar aos alunos do Curso de Danças Folclóricas, em Panambi, estão impregnadas de verdadeiro sabor crioulo do Rio Grande do Sul, são legítimas expressões da alma gauchesca. Em todas elas está presente o espírito de fidalguia e de respeito à mulher, que sempre caracterizou o campesino rio-grandense. Todas elas dão margem a que o gaúcho extravase sua impressionante teatralidade. Danças que sufoquem a teatralidade do gaúcho, ou que venham colidir com o respeito que o gaúcho nutre pela mulher, jamais poderiam ter vingado no ambiente gauchesco. Donde as danças gaúchas surgiram é problema secundário. O que interessa é sabermos que elas realmente animaram as festas do Rio Grande tradicional, e representaram um incentivo de alegria aos forjadores da grandeza histórica de nosso rincão. Estas danças são gaúchas não porque tivessem se originado inteiramente no ambiente campeiro, mas porque o gaúcho – recebendo-as de onde quer que fosse – lhes deu musica, detalhes, colorido e alma nativa!”

(João Carlos Paixão Côrtes – polígrafo didático para o curso de Panambi/RS – Janeiro de 1983 – Ministrante e folclorista: Paixão Côrtes – Auxiliares técnicos: Ery Assenato e Térson Praxedes)

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