Buenas gauchada, tudo bueno? Dançar é bom, todo mundo gosta. Dançar a uns 10 anos também, talvez até uns 20 anos seja normal. Agora, dançar a mais de 50 anos não é para qualquer um! Algumas semanas atrás, postamos sobre o casal Roberto e Iara Muller que dançam a mais de 50 anos e ainda não pararam (clique AQUI). Nessa conversa que tivemos com eles, e também com o Sr. João Aquino (Juca), surgiram muitas histórias ao longo desses 50 anos, as quais vamos te mostrar algumas a seguir!

Se tu realmente GOSTA das DANÇAS TRADICIONAIS, não pode perder este post, então CONTINUE LENDO, e depois nos diz o que tu achou lá no FACEBOOK che! E aproveita também para dar uma olhada no vídeo abaixo, que mostra um pouco de como foi chê!

Brazão do Rio Grande

1 – Qual a influência dos primeiros festivais (MOBRAL e FEGART) para o crescimento do ENART?

Roberto: Se não tivesse existido o MOBRAL, não existiria ENART. O FEGART só existiu porque o MOBRAL terminou, e quando ele terminou, o movimento começou a se preocupar que precisava manter os Festivais, porque movimentava o tradicionalismo.

2 – Como eram as danças antes dos Festivais?

Juca: No Brazão tínhamos dois que dançavam nos Gaúchos, que eram dos grupos profissionais, e a questão da vestimenta, onde todos passaram a usar iguais, porém antes cada um usava a sua pilcha. Antes do Mobral, as danças eram muito simples dentro das invernadas nos CTGs, não se tinha muito conhecimento

Roberto e Iara Muller

3 – Terminando o MOBRAL e iniciando o FEGART, em questão de dança, já podia-se notar alguma diferença entre os estilos de dança dos grupos?

R: No inicio do Fegart, se manteve a linha do Mobral, mas se preocupando mais com os descritivos do Manual, fazendo mais corretamente. A ideia de coreografias de entrada e retirada, acredito que o ponta-pé inicial quem deu foi o CPF Piá do Sul, mas não tenho certeza, onde foi uma inovação para o festival, e o público achou um máximo e aos poucos começou a se espalhar, mas até então o Fegart não possuía coreografias de entrada ou retirada.

J: Era julgada a dança em si, mas de modo geral muito amplo, onde o impacto visual era mais valorizado que a própria dança. Os jurados de danças até não entendiam muito do Manual, e sim da “arte” como um todo, então muitos poetas, músicos e escritores avaliavam.

Juca Brazão

4 – Qual a dificuldade encontrada para quem queria participar dos CTGs e grupos de dança?

J: Ninguém queria usar muito tempo em cima disso. Era comum em épocas de festival ensaiar todas as noites. Fora o custo envolvido, onde não existia muito apoio. Logo, era difícil achar pessoas que quisessem topar o desafio.

R: Na época um grupo de uma entidade, tinha no máximo 6 pares.

J: Para ter ideia, no terceiro Mobral, dançamos o Pau-de-fitas em 5 pares.

R: Além disso, foi uma época do surgimento dos Beatles, então quem saísse na rua pilchado era visto meio torto, tinha uma conotação ruim. Cansamos de levar umas pedradas quando decidíamos ir para os bailes de ônibus de linha municipal, sempre pilchados.

J: E ninguém tinha carro, então para ir para os ensaios, e para os bailes era sempre de ônibus…

Museu Brazão do Rio Grande

Uma pausa por aqui che! Se tu quiser, pode conhecer também detalhes sobre as danças tradicionais gaúchas clicando aqui. Tu vai conhecer tudo sobre a Tirana do Lenço, o Anú, o Balaio, a Chimarrita Balão, o Tatu com Volta no Meio e por aí vai…

5 – E desde quando vocês estão nessa lida da dança? Como eram as coisas lá no início?

J: Eu comecei no CTG Quero-Quero de Esteio e depois de uns 5 anos, eu conheci o Brazão e nunca mais sai. Vim para ficar. E como eu falei, a dança era muita singela. O nosso instrutor que na época chamávamos de Posteiro, nos passava o que ele sentia que era a dança, pela análise dele. O filtro era feito pela cabeça dele. Tanto que viemos em um evento aqui no Brazão, e viemos com xiripá bem curtinho, era a coisa mais feia do mundo! Mas a percepção que tínhamos na época, é que era uma coisa de encher os olhos! E a pilcha desde sempre foi uma preocupação do gaúcho.

R: Eu já entrei no Brazão bem antes, quando tinha 14 para 15 anos, então eu participo do Brazão praticamente desde a fundação dele. Quando eu comecei a dançar, eu era o cara mais novo, o resto eram todos de mais idade. O nosso instrutor não tinha uma formação de dança, não tinha cursos de dança, o que ele conhecia vinha de outros grupos e de gostar da tradição. Então muito que fazíamos na época, era totalmente diferente, que se fosse feito hoje com certeza iriam achar graça. O Tatu de volta e meia na época a gente trocava de par e fazia em roda, então as coisas eram meio contrárias. Em termos de roupa, cada um fazia a sua, nós aqui no início nunca usamos xiripá e sim sempre bombacha. O xiripá começamos a usar no 1º ano do Mobral.

Roberto e Diego Muller

6 – Vocês acham que o movimento cresceu, por terem hoje tantos CTGs?

CTG S.A.Powered by Rock Convert

J: Se vangloriam que são sei lá quantos mil CTGs, e isso não é motivo de orgulho. Por que tem tantos CTGs assim? Tu inclusive falou que Caxias passou de 100 CTGs. Porque por exemplo, eu não concordo com a diretoria do CTG, saio e fundo outro!! E o que ganha o tradicionalismo com isso? Só perde…

R: Para ser sincero, se tu olhar o MOBRALl, o FEGART, o ENART e o FEGADAN, talvez o que se fazia mais singelamente teria sido, apesar de não ter a autenticidade coreográfica, seria o MOBRAL. Porque lá não se tinha inimizade com ninguém, nos respeitávamos, estávamos iniciando como grupo, apesar de termos tempo de dança, mas cada um tinha um tempo de dança em escolas diferentes… O pessoal de São Gabriel dançava de uma maneira, o pessoal de Pelotas dançava de outra maneira…

Troféus Festivais

7 – E o frio na barriga antes de entrar no palco, ainda existe?

IARA: Aaa sente! Toda a vida, todas as vezes…

J: O palco é uma coisa que bah, não tem explicação!

I: Primeiro momento treme um pouquinho… Mas isso aí não tem, acho que é em tudo que é tipo de evento. Mesmo que tu vá mais pra brincar. Se tu entrou no palco e tu gosta de dançar, sempre da. Mesmo que não esteja concorrendo.

J: Principalmente Vacaria. É uma coisa de louco né tchê! Tu pode ir em qualquer rodeio, mesmo os com alta disputa, mas Vacaria é totalmente diferente. Aquelas três dancinhas que tu dança ali, tu chega ao fim acabado. Tu não tem mais energia pra nada.

I: Vacaria pegou uma tradição! Não é o caso de ir porque tu TEM que ganhar, tu vai porque tu gosta de dançar a Vacaria, quando tu sobe para o palco tu esquece tudo, quando tu desce tu pensa: me realizei!

J: E já fica pensando em daqui 2 anos!

8 – E sobre a divisão dos estilos “Campeiro” (FEGADAN/VACARIA) e o ENART? Como aconteceu, quando aconteceu? Como o Paixão via tudo isso na época?

Diego e Roberto: O Paixão avaliou os FEGARTs de 1989 e 1990. Saíram muitos comentários de que ele não estava concordando com o caminho que o rumo ganhou, desde 83. E foi a partir daí que voltou a se envolver mais nas danças tradicionais. Então em 91 realizou um curso teórico aqui em Canoas, com o Brazão. Acho que foi um dos primeiros cursos depois do de 83. Foi trabalhando mais seguido, fez alguns seminários… E já em 91 foi feito o famoso seminário para o Rodeio de Vacaria de 92, onde estavam todos os instrutores, aonde não era um curso, era como se fosse um painel. Brasil inteiro la. Paixão botou a boca no trombone. Tinha muita gente que não concordou com o que o Paixão estava dizendo sobre a proposta que o meio e o FEGART estavam colocando como correta. Também, eram 20 anos dançando “espetáculo”, praticamente, para se corrigir. Enquanto outros, estavam dispostos a ficar pelo lado do Paixão, onde o que ele falasse seria o correto e dali para frente devia ser feito constantemente nos eventos. Então pode-se dizer que neste momento houve a ruptura inicial entre os estilos. Foi feita a Carta de Vacaria, para que tudo o que o Paixão falou e escreveu fosse cobrado, enquanto os outros se afastaram e continuaram trabalhando no FEGART, hoje ENART.

R: Então o Paixão ficou avaliando a Vacaria até o ano de 98, para que o que ele passou em 91 na Carta de Vacaria, fosse progredindo.

CTG de Canoas

9 – E sobre a diferença da Indumentária entre os estilos. O que vocês acham?

I: O Paixão sempre dizia nos cursos e nos livros: tu vem de Caxias, eu venho de Canoas, o outro vem de Porto Alegre… quem é que ia em um baile com uma roupa igual a outra? Se tu chegasse em um baile tu visse alguém com uma roupa igual a tua, tu ia querer um tecido para sair correndo e trocar, então por que que os grupos tem que ser tudo uniformizado? Como ele diz (Paixão) – uniforme é só pra militar e escola. E o pessoal não pensa nisso que é uma verdade mesmo. Ninguém colocava uma roupa igual a outra para ir aos bailes.

10 – E da vez que foram dançar para o Papa. Que história mais marcou?

R: Do Papa também tem uma coisa interessante. Uma vez a gente foi dançar… Só que bebida de álcool nem pensar né?! Aí tinha o Efraim Braga que tocava rabeca pra nós…

I: E ele não passava sem o aperitivinho dele

J: E ele tinha diabetes… Tomava insulina… Não podia beber.

R: Aí ele levou o dele pra ele né… E enquanto a gente tava ali aguardando o Papa chegar, ele meio que se escondia e tomava uns gole. Aí o Seu Paixão tava lá também, e quando descobriu da cachaça do home foi um Deus nos acuda! Aí não saíram mais de perto do véio!!!

Então gauchada, o que acharam? Se tu gostou, e quer saber um pouco mais, conheça a página das DANÇAS TRADICIONAIS, ou então a PROSA COM O PAIXÃO e também o BOLICHO DO JUVENAL SINCERO que vai te agradar com certeza! Não esquece de CURTIR nossa página no FACEBOOK, nos seguir no INSTAGRAM!

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