Vestidos para os grupos de danças são escolhidos com base em diferentes fatores de acordo com o estilo de dança.
Buenas amigos, como estão?
Recebemos via direct do Instagram uma sugestão de pauta muito interessante e que acreditamos ser realmente uma dúvida da maioria das prendas que dançam em CTG. Obrigada Amanda Fabro!
Afinal, por que os trajes no ENART são tão diferentes dos grupos no FEGADAN/VACARIA (grupos conhecidos como Campeiros)?
É interessante também lerem o texto: GRUPO COM PILCHA IGUAL x GRUPO COM PILCHA DIFERENTE, onde explicamos um pouco os motivos do ENART e do Campeiro serem tão diferentes nas escolhas das indumentárias.
Para explicar melhor, buscamos algumas referências no livro “Ponto e Pesponto da Vestimenta da Prenda“, de Marina Paixão Côrtes, além de conversar com modelistas e costureiros e costureiras de trajes aqui do Rio Grande do Sul.
OS VESTIDOS NO ENART:
Foto: Estampa da Tradição
O ENART, quando pensamos em grupos que dançam com Indumentária toda igual, parte-se da ótica do trabalho pensando no TODO, ou seja, no CONJUNTO. Não se avalia individualmente as características da prenda em si, e sim, em que contexto histórico estará inserida.
A lógica é que as prendas representam um personagem, um recorte de uma mulher em determinada época.
Dependendo do Tema que será apresentado, será buscado características que tornem o recorte o mais fiel possível. Por exemplo, se o tema representa uma sociedade rica, os trajes são com mais número de detalhes, emprega-se rendas, tecidos em veludo, diferentes elementos que se combinam entre si, com a expectativa de passar ao expectador a sensação de ser transportados há um momento histórico específico.
Porém se será falado de uma época mais primitiva, mais antiga, os trajes são simples, sem muitos detalhes, representando as mulheres de um tempo antigo em que o luxo não fazia parte do seu cotidiano.
A escolha das cores pode variar bastante e não tem uma “linha” definida. Muitas vezes representam cores que já lembrem um “padrão” da Entidade, ou então se é pensado no conjunto do traje feminino com o masculino, e imagina-se como ficará esta composição no palco.
Quando as indumentárias são todas diferentes, em modelos e cores, aí se enquadra um pouco mais no estilo Campeiro, a qual falaremos a seguir.
OS VESTIDOS NO CAMPEIRO:
Conversamos com nossos parceiros do NA PONTA DOS DEDOS – TRAJES GAÚCHOS, no qual nos trouxeram como fazem para montar os seus trabalhos.
“É preciso entender como será tratado o trabalho, se individual ou em relação ao conjunto do grupo. Se individualmente, trata-se de observar as características do corpo da dama, cor do cabelo e pele, altura e características da personalidade (este um ponto importante na escolha do tecido). Se mais alegre e espontânea, cores mais vivas e floreadas, modelos mais trabalhos e com detalhes mais vistosos, se mais discreta e tímida, as cores e texturas escolhida serão mais singelas, no modelo destalhes delicados e sutis.” – diz Glauber da Cruz, responsável técnico pelo trabalho do NA PONTA DOS DEDOS.
Estes aspectos são os fundamentais e que balizam a escolha dos modelos, cortes e tecidos para a maioria dos grupos. Porém, ao ser pensado em um conjunto, ou seja, um GRUPO DE DANÇAS, entra o elemento adicional, que é a HARMONIA DO CONJUNTO, pois caso contrário, talvez um grupo fosse para a sala com 4 ou 5 trajes parecidos, tanto em cor quanto em modelo.
“Se formos montar um conjunto para um grupo de danças, temos que trazer ao palco o máximo de modelos, cortes, cores, textura de tecidos e detalhes possíveis (boleros, casacos, vestidos, saias…), Sempre levando em conta todos os detalhes citados acima sobre o traje individual, porém focado no concurso, para que as damas, cada uma com seu modelo individual, traga sua personalidade a dança.” – completa Glauber.
O QUE PENSA A PESQUISADORA MARINA PAIXÃO CÔRTES:
Marina Paixão Côrtes, cita:
“É importante ter bom senso, o equilíbrio da cor, o devido tecido e respeitar as identidades das épocas, “descobrindo-se” a mensagem proposta pelo vestuário, dentro da concepção cultural da pessoa e do seu nível psico-social, traduzido, não só na personalidade individual do usuário como no ciclo panorâmico representativo econômico do seu viver.“
E ainda:
“Nos dias presentes, infelizmente figurinos (que causam risos), andam soltos pelos CTGs, deslustrando a vestimenta de nossas tradicionalistas em que o ego (individualização narcisista) de certas gauchinhas, criam desenfreadas “fantasias de prendas”, sem o menor constrangimento.“
Foto: Lidiane Hein
Mesmo para o ENART, que trabalha com grupos com modelos todos iguais, vale a pena ter um cuidado maior na escolha do seu “modelo padrão”, pois cada vez mais se está aparecendo muitas “invenções” a fim de trazer algo novo para o palco, porém acaba ficando chamativo pela ótica negativa, e não pela beleza.
O contrário também é verdadeiro. Quem realmente aprofunda o assunto, pesquisa modelos de épocas, e traz as particularidades do seu grupo, apresentam riquíssimos trabalhos em palco.
PARA FECHAR A CONTA:
O importante é se sentir bem no seu traje. Independe do estilo em que se dança. Não há certo ou errado, e sim estilos e formas diferentes de pensar, porém o bom senso precisa estar sempre presente para que invenções não continuem aparecendo…
É bom olhar para trás e ver como tantos e tantos CTGs se preocuparam de fato com a indumentária, e reconstituíram belos trabalhos.
Espero que tenhamos ajudado!
Ah, se quiser saber mais detalhes e peculiaridades sobre indumentária, temos uma categoria especial, só CLICAR AQUI!
Abração pessoal!
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