indumentaria enart 2019

Saiba mais sobre indumentária ENART 2019 e o que apareceu por lá…

A roupa fala!

Sim. Há muitas teorias que comprovam cientificamente tal afirmação.

Posso dizer que vivenciei essa teoria ao assistir à final do ENART 2019.

Pois bem, se a roupa fala, arrisco dizer que conversei muito com os trajes e indumentárias (sim, são duas coisas diferentes – indumentária é um vestuário tradicional e traje é comum) apresentadas pelos grupos. Se durante o dia elas me falavam, à noite foi minha vez. Acho que travamos um rico diálogo!

Independente de “engessamentos” de coreografias por regulamentos, falta de sensibilidade com aqueles que se doaram tanto, bem como possíveis erros que possam ter acontecido, o ENART deste ano (em minha opinião) foi libertador em termos de trajes e indumentária, cujo objetivo era representar fatos históricos!

Deixo aqui registrada uma Resenha Crítica acerca delas, que eu prefiro chamar de minhas impressões – permeadas de elogios, fundamentações, análise histórica, críticas (bem pouco) e muita emoção!

IMPRESSÕES…

Se deveriam ou poderiam ter dançado com tais trajes, não cabe aqui a discussão, pois minha intenção é fazer uma análise da relação do vestuário com o fato histórico que se dispuseram representar. Só!

Também esclareço que, como tradicionalista, tenho um olhar muito mais inclinado às indumentárias do FEGADAN, que defendo a partir do contexto de indumentária tradicional gaúcha.

Mas uma coisa não anula a outra, pois como profissional das áreas de História e Moda, o ENART, seguramente, é a menina dos meus olhos. Não pelas danças, mas principalmente pela possibilidade de representarem as especificidades de fatos históricos por meio dos trajes de época, o que não quer dizer que se tornou tradicional do gaúcho.

O fato é que muitos grupos optam pela chamada “Pilcha Gaúcha Trajes de Época Histórico”, indo além das diretrizes do MTG-RS e do que se tornou tradicional, e isso é fantástico. É a oportunidade de levar ao público mais conhecimento histórico, trazendo à tona pesquisas de fatos, por vezes esquecidos, com a possibilidade de materializá-los no tablado. Além de impulsionar os participantes à buscarem mais conhecimento sobre a sua história. E, sobretudo, trazem vida ao Movimento Tradicionalista Gaúcho (que ultimamente anda faltando).

Sobre as normativas que orientam a indumentária, é preciso esclarecer que os grupos que optaram pelo Traje Atual tiveram que seguir as Diretrizes para Pilcha Gaúcha[1] de 29 julho de 2017.

Já os grupos que preferiram se embrenhar pela “Pilcha Gaúcha Trajes de Época Histórico[2], seguiram a Nota de Instrução 03/2019, MTG-RS (segue link dos referidos documentos no fim do texto).

Este último documento, no entanto, definia quais pesquisadores poderiam ser utilizados como referência para a criação da indumentária, os quais seriam balizas para a elaboração de uma pesquisa histórica, explicitando e fundamentando o traje que seria apresentado no evento. A mesma precisava ser entregue com antecedência para a Equipe de Indumentária (avaliadores) do MTG-RS, que este ano foi o dia 29/10/2019.

Os autores indicados pelo documento foram: Fernando Assunção, Luiz Celso Gomes Yarup, Edson Acri, João Carlos Paixão Cortes, Antonio Augusto Fagundes e Lilian Argentina, Sonia Abreu, Maria Isabel de Moura e Ilva Goulart (obra conjunta). Uma bela possibilidade de imersão por toda a Região do Prata. (Importa ainda esclarecer que nem todos os pesquisadores citados pesquisaram a indumentária tradicional, muitos deles pesquisaram os trajes utilizados ao longo da história e em períodos pontuais, no Rio Grande do Sul e outros em toda Região do Prata).

E este ano algo de extraordinário aconteceu!

Diferente dos documentos dos anos anteriores, que restringiam quais obras desses pesquisadores deveriam ser utilizadas, orientando os pormenores da pilcha com breve explanação sobre os detalhes que poderiam ou não, o documento atual só citava os autores acima, o que consentiu mais liberdade para os grupos explorarem as diferentes obras desses mestres (só para lembrar, do Paixão são 114 obras publicadas)! E, apesar de ter havido uma “integração” (farofa, mistura, sei lá!) de identidades platinas, o ENART aflorou com os melhores trajes das últimas décadas! (Na minha humilde opinião)

Os trajes apresentados pelos grupos foram emocionantes!

Arrisco dizer que, caso tudo fosse apresentado sem música, conseguiríamos compreender a mensagem histórica intencionada pela maioria dos trajes.

Muitos elaborados com excelência histórica, bem fundamentados, e com uma riqueza de detalhes que impressionava. Era possível identificar a preocupação que tiveram em pesquisar os fatos em diferentes fontes, de modo que retrataram épocas sem, no entanto, copiar modelos prontos dos pesquisadores citados na normativa – que já são reconstituições.

Não que seja inconcebível optar por criar réplicas de imagens já reconstituídas, pelo contrário, muitos pesquisadores fizeram isso com maestria, e suas obras imagéticas merecem ser apresentadas no palco desse rico evento.

Porém, a pesquisa em diferentes fontes mostra a preocupação do grupo pela história, além de permitir a criatividade resultante de uma nova interpretação, que pode sim ser também autêntica (aliás, dessa forma, a tendência da pesquisa é se aproximar ainda mais da autenticidade).

É preciso parabenizar os grupos que foram nas fontes onde os referidos pesquisadores se debruçaram. Como, por exemplo, os viajantes do século XIX que balizaram a apresentação do CTG Tiarayu, ou ainda o pequeno documentário com pesquisas de campo produzido pelo CTG Rancho da Saudade, com o intuído de trilhar os caminhos por onde passou Paixão Côrtes por ocasião de suas pesquisas no século passado.

Excelentes pesquisas apresentou este ENART!

O evento passou, mas seguramente essas experiências ficarão para sempre.

Nesse contexto de pesquisa, criatividade, autenticidade e minuciosidade de detalhes, destaco alguns grupos que, no meu entendimento, materializaram, no palco, fatos que tiveram como protagonista o vestuário. Enquanto alguns se apoiaram na música, outros exploraram a coreografia, mas foi possível observar que a maioria preferiu abraçar um conjunto de possibilidades, se (re)vestindo com os detalhes mais ricos da história, envolvendo de sentidos tudo o que foi possível.

Ahhh minha gente! Este ENART me levou às lágrimas! 

Há anos me dedico a estudar os viajantes do século XIX, passo minhas madrugadas “conversando” com Alguste de Saint-Hilaire, Dreys, Debret, Emeric Vidal, Saldanha, Arsène, entre outros, e o que vi neste ENART foi mágico! Aliás, todos devem beber de suas obras para compreender o Gaúcho, seus hábitos, costumes – a indumentária!

Saibam que os melhores pesquisadores do nosso movimento, incluindo esses citados na normativa, os seguiram como linha principal de orientação de suas pesquisas. Então vamos beber deles também! Conheça um pouquinho sobre eles no vídeo no fim deste texto.

O que vivenciamos neste ENART foi um passeio por inúmeras pesquisas elaboradas com muita dedicação e destreza.

Sem dúvida que iniciarei falando do CTG Tarayu!

Não por terem vencido, pois este texto estava (quase) pronto antes mesmo do resultado. E também, não só por terem impressionado o público com luxuosos trajes (isso também), mas pela leitura de documentos, de cartas e do rico Diário de Saint-Hilaire que fizeram, pois as referências que apresentaram estavam diluídas em uma obra de mais de 650 páginas na versão em francês e mais de 500 páginas na versão traduzida para o nosso idioma.

O baile foi lindo, luxuoso, nobre! Mas o ponto alto, em minha opinião, foram os trajes indígenas, muito citados por Saint-Hilaire. Se o comportamento dos índios era tão intenso como foi apresentado, não sei. Mas a indumentária foi bem representada e retratou muito bem os registros que se tem.

Elas ainda permeiam minhas memórias…

Os Fichus fazendo sua função de recato, e não de estética visual, me fez suspirar e refletir… O quanto estamos escravos de fios sedosos industrializados… esquecendo da originalidade! Não é?

Fichu
Fonte: Aline Santos – CTG Tiarayu (@aline.branca), a qual gradeço pelas imagens.

Segundo o botânico, “as mulheres faziam seus próprios tecidos, e tingiam com folhas e raízes[3], e assim o Tiarayu retratou!

Na apresentação os tecidos planos e simples foram explicitados por suas bainhas por fazer… que desfiavam… e os fios voavam… e de repente varriam o chão, e ao se misturar com as imagens dos pés desnudos das prendas, também me faziam voltar no tempo.

 Quantas cenas históricas nos foram oferecidas…

Ahh… os tingimentos…

Quão perfeitos foram os tingimentos nas indumentárias, demonstrado principalmente pelos chiripás (maioria) com pigmento verde natural e pelas saias das prendas. Em especial pelas três saias azuis…

Aquela saia gritou para todos nós: “deem atenção ao natural, ao simples, ao que era!”.

indumentária gaúcha
Fonte: Aline Santos – CTG Tiarayu (@aline.branca), a qual gradeço pelas imagens.

Chegou a doer meu coração! Confesso que peguei meu livro e fui ler… novamente…

A saia azul estava lá… nos registros…

Todos os trajes estavam lá! No meu livro e nas cartas! E ainda a afirmação de Saint-Hilaire de que as mulheres no Rio Grande do Sul se vestiam melhores que as camponesas francesas[4].

Verdade. Estavam lá! Tinham pulado para o palco do ENART, todas graciosas! E ao final voltaram para o meu livro. Foi lindo!

Só posso dizer que isso se chama dedicação! Respeito pela história! Essa foi a representação de como era e não de como alguns querem que seja.

Recebi algumas ligações após essa apresentação, e todos foram categóricos: “Mas Edinéia, os peões estavam vestidos todos iguais, que pena né!”

Sim! Eles estavam vestidos todos iguais. Iguais em riqueza de detalhes, iguais em originalidade (o chapéu e as botas, por exemplo), iguais em criatividade, iguais em dedicação, iguais em conhecimento histórico, iguais aos citados por Saint-Hilaire. E diferente do seu pensamento, que, depois de tudo o que viu, infelizmente continua igual colega! (Tá! Essa última frase eu não falei… mas deu vontade …rs…).

Que possamos olhar para o todo e valorizar os pormenores, a dedicação, o amor por essa cultura e a riqueza da história! Sem sermos escravos de nossos pré-conceitos. Aliás, isso é regulamento, e regulamentos são discutidos em outras instâncias. Se eu concordo com esse regulamento? Claro que não! Mas estou falando de trajes que representaram fatos da história, e é preciso reconhecer que foram elaborados com excelência!

Mas vamos prosseguir!

Seguindo essa mesma linha, falamos agora dos trajes mais ricos do baile do Tiarayu e do Aldeia dos Anjos, tão criticados… e tão comum no Rio Grande do Sul no século XIX. Para você que nega a própria história… experimente ler!

Tanto os bailes apresentados pelo CTG Tiarayu, quanto pelo CTG Aldeia dos Anjos não foram os únicos, muitos deles foram citados também por outros viajantes. Eles eram tradicionais no século XIX. Sugiro que leiam ainda Conde d’Eu, Dionísio Cerqueira, entre outros que citam bailes semelhantes, também na segunda metade e fins do Século XIX. Agora se você me perguntar se eles se tornaram tradicionais no século XX, ok, sabemos que não. Mas a proposta dos trajes foi representar a história. E essa foi muito bem (re)constituída.

A imagem abaixo foi cedida pelo casal Marcelo Rosa e Mari Oliveira da Rosa do CTG Aldeia dos Anjos, e, em minha opinião, foi a indumentária que mais se envolveu com elementos autênticos da História da Moda do período em questão, seguindo a modelagem da época.

Fraque ENART
Fonte: @marcelosars o qual agradeço pela autorização do uso da imagem!

 

Os modelos dos vestidos foram cuidadosamente criados de acordo com a moda de 1820, que já se inclinava para o período/estilo denominado Romantismo cujo objetivo era a restauração dos ricos ornamentos deixados de lado na década anterior, por opção de Napoleão Bonaparte que se inclinou pelo estilo Império, na tentativa de se aproximar da estética visual dos trajes gregos, o que não encantava as mulheres, e por isso se entregaram ao Romantismo por volta de 1820.

Segundo François Boucher, um dos mais importantes historiadores do vestuário do Ocidente, citado inúmeras vezes por Paixão Cortes no livro “O Gaúcho”, a moda desta época trazia a cintura ajustada por um cinto, saias que terminavam com barrados em debrum, embaixo da qual ficava disposto um adereço, que no caso do CTG Aldeia dos Anjos, representaram por meio de um barra/babado em pregas combinando com a gola.

Bouchaer ainda esclarece que na época “a saia se detém a uma mão do tornozelo, deixando ver a meia em cor clara, e os pés calçando sapatos retos com fitas entrecruzadas, tão estreitos e finos que parecia impossível caminhar e dançar com eles”[5].

 Ahhh, mas elas dançaram… leves e primorosas!!

Os mesmos calçados foram descritos por Saint-Hilaire, e mais tarde também por Luiz Celso Gomes Yarup e Fernando Assunção. Eles bailaram no tablado do ENART de tal maneira que encantou o público, pois com a delicadeza das prendas, pareciam flutuar…

Elas bailavam tão leves que pensei que os sapatos eram mágicos …rs… Que lindo!

A gola larga caída nos ombros e as mangas gigot–bufantes, que se ajustavam ao chegar aos punhos, foram a marca do período, fato que pode ser observado entre as páginas 160 e 176 da obra “A Roupa e Moda” de James Laver, outro importante pesquisador do vestuário citado por Paixão Cortes na obra A moda: Alinhavos e Chuleios em coautoria com Marina P.C..

Confesso que quando vi essa gola larga e ainda drapeada perfeitamente simétrica, essas mangas tão bem modeladas em tecido fluido nessas prendas, que faziam questão de posicionar as mãos lentamente por meio de cuidadosas coreografias, a cena me transportou para outro tempo! Só não foi mais emocionante que os chapéus amarrados sob o queixo entrando um por um no tablado…

E os largos turbantes! Ahhh… os turbantes! Citados em todos os livros de História da Moda que conheço e nas revistas de moda de Buenos Aires que chegavam por aqui, segundo Arsène Isabelle. Que loucura! Observem o texto da revista La Moda de 1837, estão lá… os vestidos verdes do Tarayu  e os turbantes do Aldeia:

“(…) Vestido Verde botella e azul oscuro, manga ligeiramente abuchada hasta médio brazo y el resto perfectamente lisa. Gorrida varonil dicha ´de cuartel` com um trozo de gacilla flotante desde arriba. Largos tirabuzones em torno a la cabeza, al estilo romano. Esta moda há sido ysada em Francia em el último verano.”  (La Moda, Buenos Aires – 1837).

As cores lisas eram as preferidas das imperatrizes, e por isso muito copiada por duquesas e baronesas… como bem retrata a nobre Betty de Rothschid na obra de Boucher, que traz exatamente a cor escolhida pelas prendas do CTG Aldeia dos Anjos. E por aqui o verde e o azul também permeavam o gosto das mulheres, conforme a revista La Moda.

E o veludo verde das prendas do Tiarayu? Me hipnotizou. Um luxo! As sobre mangas abaloadas nos ombros, o Basquê rendado e os cabelos retorcidos me transportaram para o fim do período do Romantismo e início do Vitoriano, quando o luxo começa a tomar outra proporção e a criatividade começa a fluir ainda mais. E como foram criativas essas prendas! Foram transportadas do passado direto para o ENART.

E os penteados? Lindos! A travessa nos cabelos decorados com flores artificiais exatamente como relata Saint-Hilaire na página 72 ficou perfeita: “(…) les cheveux relevés avec um peigne et ornés de fleurs artificielles.” Um luxo!

penteado de prenda
Fonte: @dancarinosdectgs o qual agradeço imensamente pelo envio.

 

E eu que pensei que sabia descrever aos meus alunos essa cena, que, aliás, está na página 164 da obra de James Laver! Quando vi tudo isso no tablado, pensei: “como meu imaginário é pobre, diante do que estou vendo”. Quem fez a reconstituição dos dois CTGs tem o meu respeito e minha admiração. Talvez para alguns o que estou dizendo faz pouco sentido, mas quando você estuda e ensina isso todos os dias e consegue visualizar os franzidos dos turbantes sobre penteados, e os próprios penteados com travessas em mulheres deste tempo… É encantador!

Foi lindo! Tanto as prendas do Aldeia como do Tiarayu pareciam ter chegado alegres de um passeio pelos jardins de Tuileries, de tão singelas como caminhavam e dançavam. Foram encantadoras essas prendas!

A leitura que faço de Saint-Hilaire é que era apaixonado pela forma como se vestiam nossas mulheres. Também fico me perguntando se na época elas também dançavam em filas tão perfeitas como vocês! …rs…

traje de prenda
Fonte: Aline Santos – CTG Tiarayu (@aline.branca), a qual gradeço pelas imagens.

E os peões…

Pela elegância como se apresentaram, tanto os peões do CTG Tiarayu, quanto do Aldeia, arrisco dizer que eram Dândys Gaúchos dançando no ENART! Que luxo!

Como cita o mais famoso pesquisador brasileiro de História da Moda, João Braga “o estilo Dândy se tornou a marca registrada dos homens do século XIX”[6]. Modelagens justas, Cores sóbrias, casaco, camisas, colete e calça comprida eram impecáveis. Ou como registra Denise Pollini – profissional que admiro, os Dândys eram homens que se dedicavam obsessivamente a vestir-se bem no início do século XIX[7].

A moda ainda registra que os casacos eram normalmente azuis ou pretos[8]. Então, acertada a escolha das cores! (Os colarinhos das camisas e o lenço em forma de plastrom como dita a moda Dândy estavam ausentes. Mas claro! Estavam exatamente como registrou Saint-Hilaire e não só como ditava a moda). E os peões dos dois CTGs se vestiram elegantemente e dançaram ainda mais belos!

Entre os tantos elementos, destaco o que mais gostei – as calças claras riscadas e o peitilho rendado das camisas do CTG Tiarayu; e os sapatos de fivela e o discreto jabô das camisas do CTG Aldeia dos Anjos, pois todos esses elementos estavam lá… na obra de Saint-Hilaire.

Os demais elementos estavam bem explícitos na obra de Hyarup. Importa ainda esclarecer que muitos elementos citados por Hyarup reverberam na moda da época, já outros, seguramente, não fazem parte do período/ano da moda em questão. Mas… se Hyarup registra em sua obra e o documento que normatiza avaliza, quem sou eu para dizer que não se tenha usado no Rio Grande do Sul no período citado?! Essa é uma outra história…

SOBRE A OBRA DE SAINT-HILAIRE

Dica: Caso tenham interesse em fazer a leitura da obra de Saint-Hilaire, sugiro que optem pela versão original francesa, visto que na versão traduzida para o nosso idioma, há muitas passagens suprimidas, bem como palavras que foram traduzidas de maneira errada, como, por exemplo, o Fichu que só aparece na versão original. As citações feitas por Saint-Hilaire acerca do vestuário você poderá encontrar nas seguintes páginas: 5, 6, 14, 27, 33, 35, 40, 59, 72, 134, 148, 149, 156, 166, 212, 213, 240, 249, 271, 274, 297, 316, 355, 361, 396, 443, 444, 494, 502, 518, 534, 539, 567, 574, 599 e 610. (Dica: se você não domina o Francês, sugiro, ainda assim, optar por essa versão e usar o scanner do aplicativo do Google Tradutor do seu celular direto nessas páginas que citei, pois a tradução será um pouco melhor que a nossa versão em português.

Seguimos…

Outra proposta que também merece um olhar dedicado, foram os índios – os Kaigangs apresentando o Bugiu pelo CTG Estirpe Gaúcha e os índios da linha de frente da apresentação do CPF Piá do Sul, que trouxeram os Cayapis, lembrando os registros de José de Saldanha de 1787:

Os cabelos soltos e enriçados de que procede não cresceram muito, cobertos pelas costas até os calcanhares, com os Cayapis – ou grandes mantas de couro descarnado e sovado com o pelo para o corpo e o carnal para a parte de fora atados com hua tira do mesmo couro, por cima dos hombros, e por diante do pescoço: envolvidos desde a cintura até o joelho com volta e meya de panno de algodão, são estas as suas vestimentas. […][9]

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Trazer os Cayapis para o ENART foi de muita grandeza. Foi possível voltar à gênese dos elementos da história mais longínqua do Gaúcho, visto que este foi o primeiro viajante a registrar a palavra gaúcho no Brasil em 1787. Destaco aqui a mais conceituada historiadora do vestuário sobre os índios americanos – Patrícia Rieff Anawalt que, em sua obra mais famosa – História Mundial da Roupa, nos presenteia com uma fotografia do início do século XX, onde expõe índios da Patagônia com elementos semelhantes e com lenço à pirata[10].

Uma joia de imagem, talvez a mais rica que já vi, por se tratar de homens naturalmente vestidos no seu núcleo cultural aqui na América! Sou apaixonada por essa fotografia! (reparem no chiripá e nos desenhos do lado descarnado desta “capa”… mas essa discussão fica para um outro momento, pois renderia mais umas 10 páginas …rs…)

índios américa
Fonte: Patrícia Rieff Anawalt – História Mundial da Roupa

Passamos agora para os tantos outros grupos que trouxeram temas ricos de uma diversidade histórica também Gaúcha. Entre elas, a religiosidade que foi muito bem representada e, sobretudo, respeitada.

Tivemos Nossa Senhora dos Navegantes com seu manto azul celeste e uma pesquisa primorosa retratando os gaúchos litorâneos; também Santa Cristina com manto vermelho – cores tão cheias de simbolismo para os cristãos; Nossa Senhora do Rosário e o Congado, que trouxe as Gungas – latas/embalagem/recipiente com sementes lembrando os sinetes amarrados aos tornozelos dos escravos para barulhar na fuga, uma tradição da festa: acredita-se que o barulho das Gungas os aproxima dos antepassados.

E, Nossa Senhora de Aparecida com o manto tão simbólico para o nosso país, envolto de uma interpretação que dispensa comentários, da nossa musa maior da declamação – Liliana Cardoso. Quanta emoção e envolvimento com o sagrado! Por um momento me transportou para outra esfera! Permitiu uma reflexão sobre a vida e sobre o luto, também lembrados pelos grupos.

Mas digo que, em termos de vestuário coletivo, uma peça tão simples e ao mesmo tempo tão cheia de significados me conquistou –a peregrineta- capa aberta na frente que lembra uma Pelerine, e chamada de Murça ou Mozeta quando fechada.

A simplicidade de uma peça de vestuário, mas que ao mesmo tempo representa muito bem o cristianismo, até hoje usada pelo clérigos e pelo Papa de forma regulamentada pelo Estatuto da Igreja Católica. Criado no século VII, a peregrineta/Murça/Mozeta simbolizava a disciplina dos sentidos e do pensamento do sacerdote, que hoje se faz presente na Tradição da Festa do Divino. Uma peça cheia de significados que permeia o folclore do Rio Grande do Sul e que algumas vezes aparece bordada.

A peça “roubou” a cena!

Esvoaçante parecia que era parte da música, que, aliás, também foi protagonista na apresentação do grupo. A letra, de Diego Muller e Leandro Berlesi trouxe para o tablado a pureza do folclore gaúcho com o tema “A tradição da Festa do Divino”. Que linda música… imbuída de pesquisas que fundamentou a proposta!

Se os CTGs citados no início do texto se inclinaram para história e pouco trouxeram do folclore, este se (re)vestiu dele e bailou alegremente no ENART. O grupo me pareceu despreocupado com o concurso e viveu a Festa do Divino. Uma única peça, e nos remeteu para o sagrado. Ademais, estavam usando indumentária atual.

O que estavam corretíssimos!

Segundo Paixão Cortes acerca das demais peças do vestuário quando das comemorações do Divino, diz ele que: “Não existe roupa especial para tal festa. Geralmente, é a do nosso homem rural: bota, bombacha, camisa, lenço no pescoço, casaco, pala, calça corrida, guaiaca, chapéu, etc.”[11].

E, o grupo soube fazer muito bem as combinações. Sem segredo, sobrepôs as peregrinetas brancas sobre os vestidos de cor, e as vermelhas sobre a indumentária clara. Um contraste simples, que deu destaque. Em minha opinião, engrandeceu o grupo! (talvez eu encontrasse uma maneira de fixá-las na gola para não girar no pescoço, pois elas acabaram se movimentando… achei uma pena. Mas foi lindo igual.)

Destaco ainda outro grupo que se embrenhou por um tema envolto de mistérios – que foram as Bruxas.

Os vestidos nas cores roxo púrpura e amarelo/dourado fizeram um discurso inverso às religiosidades. As simbologias cristalizadas pela tradição Cristã, que traz a cor roxa como sagrada, trouxe outra proposta – apresentou a história das Bruxas. Não tive acesso às pesquisas do grupo, e talvez a intenção até tenha sido outra, mas posso dizer que a relação bruxa e roxo casaram muito bem com o atual momento que atravessamos no que se refere à falta de tolerância com a diversidade cultural que temos.

Fez-me refletir sobre o respeito que devemos ter pela nossa tradição e, sobretudo, pela tradição do outro, seja ela das Bruxas ou Cristã. Não importa! Todas são iguais em valores e devem ser respeitadas. Imaginamos que talvez as bruxas não tenham esse respeito, mas… são mistérios das nossas crenças.

Segue abaixo imagem da exposição permanente de túnicas eclesiástica originais com Murça/Mozeta na cor roxo púrpura com bordado em ouro que fotografei no Museu do Louvre. Indumentárias do século XV que demonstra o exagero da instituição igreja no uso do ouro e da cor roxa (cor mais cara da época).

Murça/Mozeta
Fonte: Acervo pessoal.

Sabe-se que o roxo (púrpura) é uma das cores mais importantes para a igreja, por isso pouco usamos na tradição gaúcha, em respeito às tradições Cristãs (como bem disse Paixão Cortes… devemos cuidar ao escolher essa cor, para não ficar parecendo santo de altar[12]), por isso imagino que tenham usado para fazer uma analogia. Gostei muito da proposta e se misturou com tudo o que já li e ouvi.

Que rico! Acho que este é o segredo… trazer o implícito e deixar as pessoas pensarem e buscarem. (Bom também não temos outra saída, já que as pesquisas dos grupos não são liberadas né! Eu criei o meu enredo… e gostei do que vi e do que imaginei ser!)

Vou caminhando para a conclusão deste texto falando daquele que tenho como mestre maior, principalmente em termos de pesquisa – Paixão Côrtes!

Ahhhh… foi gratificante ver as prendas bailando com tanta singeleza, fazendo movimentos tão delicados, pegando naqueles vestidos que pareciam ter saído do livro Alinhavos e Chuleios e/ou do Ponto e Pesponto da Indumentária da Prenda, ambos do Paixão Côrtes e Marina.

Suas obras invadiram o ENART este ano. E eu estou começando a ficar menos triste com essa coisa de “estilo campeiro” ou “estilo Paixão”, e “estilo ENART” ou “FEGADAN”. Será que estamos caminhando para um único?

Como foi gratificante ver aqueles vestidos tão perfeitos, diferentes e com ornamentos harmoniosos. Em especial, os vestidos do CTG Rancho da Saudade! Foram só suspiros. As estampas pequenas de padrões delicados[13] barradas me encantaram! Cito ainda o CTG Lalau Miranda que também trouxe as estampas em um dos seus trajes, o CTG Tropeiros do Ouro Negro, Ronda Charrua e ainda o CTG Sentinela do Pago, que encerrou nos emocionando com sua música… “Todos nós somos Paixão. Todos somos um só!”.

As prendas do CTG Ronda Charrua me lembraram as pesquisas do Paixão sim, mas os peões incorporaram Martin Fierro. Talvez a obra “Tienda – Buenos Aires” de Leon Palliere represente isso que quero dizer, pois traz os dois extremos – a moda europeia incorporada pelas mulheres de toda a Região do Prata de maneira semelhante, enquanto que os homens com características ligadas a estética visual se inclinando para a identidade regional, como mostra a imagem do gaúcho argentino. Reparem que as cores, bem como a largura das ceroulas de crivos/franjadas, segundo registram alguns viajantes, são distintas daquelas apresentadas nas obras dos pesquisadores brasileiros.

Ceroula
Fonte: Leon PALLIERE, Diario de viaje por la América del Sud[14].
Bom. Eu adoraria falar de todos os grupos individualmente, mas, como gosto de escrever e citar meus amigos historiadores da moda e do vestuário, daria milhões de páginas, e poucos ou ninguém, iria ler! …rs…

Então, de modo geral, vou agrupar o que nivelou as demais (agora) indumentárias, das prendas principalmente, pois é o que pesquiso e estudo mais, e traçar minhas considerações.

Ahh, uma dica: Não vamos focar nos erros, vamos aprender a caminhar abraçados com as pessoas, os grupos, as pesquisas. Vamos traçar nossos olhares de forma positiva, trazendo à tona o que deu certo, pois o que deu errado, no fundo todos nós sabemos, não precisamos que ninguém aponte (se eles quiserem saber o que deu errado, irão nos perguntar).

As cores. Vamos falar de cores. Essas deram certo!

Os grupos vestiram suas prendas com os diversos tons de vermelho e azul marinho. Em linhas gerais, os grupos que optaram por não usar os trajes históricos fizeram muito uso do vermelho. Lindos vestidos e com apelo histórico forte também.

Entre os tantos que optaram, cito o CTG Lalau Miranda, que trouxe os casais açorianos com a cor mais cobiçada no Brasil dos “descobrimentos”, me encheu de orgulho como professora de História ver aquele vermelho que atiçou a cobiça dos portugueses pelo nosso Pau Brasil, que fornecia exatamente aquele pigmento, tão desejado e escasso na Europa no período. O vermelho envolto de ricos modelos encantou a todos!

O vermelho tem sido a cor mais cobiçada desde a pré-história. Segundo a obra “Sobre o trilho da Cor: para uma rota dos pigmentos” editada pelo Instituto de Museus e de Conservação Europeu, o vermelho é historicamente a cor mais cobiçada. Cita a obra que:

Os têxteis coloridos são uma das primeiras manifestações desta relação intensa entre o ser humano e a cor. No Egito, no segundo milênio antes de Cristo, encontramos vestuário de linho tingido de vermelho (…). O vermelho parece ter sido a primeira cor a ser utilizada pelo homem.  (…) O vermelho é universalmente considerado como símbolo de vida, cor de fogo e do sangue. Fabricado a partir de corantes sempre muito dispendiosos.

Já para os Romanos, a cor representava prestígio, e esse costume permeou todo o período Medieval, usado exclusivamente pelo Clero e pela nobreza. Porém, se tornou ainda mais cobiçado após o nascimento da moda no século XIV, quando Luís XIV instituiu como cor oficial da nobreza, integrando as Leis Suntuárias – que foram leis que estavam em vigor entre os séculos XIII e o século XVIII que regulavam os hábitos, reprimia o luxo e a ostentação para os não nobres, proibindo as pessoas comuns de usarem. Só foi liberada a usabilidade da cor por pessoas comuns após a Revolução Francesa, em 1789.

Por isso ao ver a representação da chegada dos casais açorianos, onde as prendas aportaram com ricos vestidos vermelhos, numa época que em era proibido pessoas comuns usarem esta cor, me reportei para a história. E, logo, tudo fazia sentido! A vinda dos casais açorianos ao Rio Grande do Sul acontece pós Tratado de Madri, em 1750, por ordem da Coroa Portuguesa e, apesar da possibilidade de não terem vindo com títulos de nobreza, a ordem tinha partido da nobreza, diferente das imigrações posteriores (principalmente no século XIX).

E, quando elas foram trocando de vestidos ao longo da apresentação, fazendo alusão ao processo de aculturamento… Ahhh… foi mágico!

Açorianos ENART
Fonte: @ctglalaumiranda o qual agradeço a liberação das imagens.

Outra cor pela qual os grupos optaram, utilizando tanto nos vestidos das prendas, quanto na indumentária do peão, foi o azul. A cor mais emblemática, tanto da História Geral, quanto da História dos Gaúchos. Foi clássico e lindo! Aqui vou me ater à indumentária das prendas, pois não tenho mais tempo nem espaço para discorrer sobre o azul dos peões. Mas fica o compromisso de num próximo texto falar sobre o azul, pois ele tem uma história relacionada aos nobres, do mesmo modo que o vermelho e, sem contar que era a cor que Paixão mais usava em suas bombachas. Mas vai ficar para uma próxima oportunidade.

As prendas do CTG M’Bororé chegaram vestidas de Hyarup (modelo da página 26 da obra do pesquisador), fiquei tipo: ok, nada demais nesses trajes… uma réplica da obra do pesquisador. Mas, de repente… Trocaram os trajes e, para surpresa de todos voltaram de Debret e Saint-Hilaire. Foi maravilho quando entraram com o vestido azul Nankin de manga longa e fichu de tecido, como cita Saint-Hilaire: “Elle porte une robe de nankinbleu, a manches longues, et um fichu de mousseline (…)”[15]. O vestido ainda retratava a prancha “Viajantes da Província de Rio Grande” de Debret. Foi impressionante o quão maravilho retrataram as narrativas dos viajantes.

J.B.Debret
Fonte: J. B. Debret, Paris, 1954.[16]

Agora vamos às críticas!

Considero três os pontos negativos acerca do tema trajes/indumentária do ENART!

  1. Acesso às pesquisas históricas elaboradas pelos grupos.

Não tive acesso às pesquisas históricas apresentadas pelos grupos, como a maioria do público que assistiu. Logo, meus escritos são reflexos de minhas leituras. Se críticas posso aqui fazer, será essa a principal! Ahhh… se as pesquisas fossem liberadas, pelo menos, no dia do evento para todos! Certamente teríamos um público mais qualificado assistindo, e consequentemente, sairiam menos besteiras nas redes sociais.

Engrandeceria ainda mais esse rico evento, pois levaria conhecimento histórico para todos. Não disponibilizando, as pessoas ficam tentando adivinhar o significado das mensagens, dos trajes, da história. Fica a dica!

  1. Modelagem

Os trajes mostraram que foram reflexo de pesquisas, porém muitos pecaram na modelagem, principalmente em relação aos tamanhos. Bombachas muito estreitas destoando do grupo. Chegou ao estremo de repuxar ao fazer o sapateio. Da mesma forma, em muitos grupos, uma ou outra prenda com o vestido mais curto que as demais nos trajes atuais. Além de muitos coletes compridos demais cobrindo as guaiacas por completo, enquanto outros muito curtos. Por fim, destaco os ombros de alguns paletós que passavam exageradamente das medidas do corpo. Ficou estranho!

  1. Confusão dos elementos em relação ao seu tempo histórico da moda e regionalidades

Os elementos da história da moda de determinados período/estilos transitaram por estilos que não eram os seus, empregando elementos de um período no outro (uma farofa).  Embora o vestido da prenda siga a moda, no século XIX os estilos seguiam características cristalizadas em temporalidades específicas, diferente do efêmero da moda atual, em que tudo se mistura e segue rapidamente.

É preciso compreender a História da Moda, sua cronologia, os elementos de cada época, o que perpetuou nos anos seguintes, suas transformações, o que foi abolido, o que chegou aqui e o tempo em que ficou sendo usado, para que possamos fazer a reconstituição da maneira correta, principalmente nesses trajes históricos (nos trajes que se tornaram tradicionais, nem vou comentar). Como exemplo, cito aqui Arsène Isabelle, que registrou que, embora as mulheres seguissem as modas francesas, elas empregavam cores e gostos próprios que se diferenciava da moda[17].

Do mesmo modo, com a questão das regionalidades. Se há um ponto negativo na liberação de todas essas obras juntas, este é um! Não pelas obras, pois são riquíssimas, e vejo a liberação como ponto positivo. Mas pelo perigo na interpretação do contexto e espaço em que foram realizadas as pesquisas. Refiro-me a possível confusão de regiões e tempo histórico. Além de algumas serem pesquisas de indumentárias tradicionais, já outras apenas de trajes históricos.

Encerro com a frase de um amigo, muito dedicado em pesquisas dessa natureza, que vale uma reflexão:

“Como vou pegar um traje do livro de Fernando Assunção, e trazer pro ENART. E ainda dançar uma Queromana, pesquisada em Torres?”

Verdade! Há de se ter cuidados – E essa confusão? Teve sim!

Mas… de todo modo, a diversidade pairou sobre o ENART deste ano, com a liberdade de trabalhar as diversas faces de um mesmo Gaúcho, porém com histórias diferentes. Faces identitárias de toda Região Platina: sejam elas, os vasos das paraguaias, as tecelagens andinas ou ainda os vestidos de algodão estampados dos imigrantes de São Leopoldo, conforme foram apresentados. E, apesar de, em alguns momentos, terem misturado as regiões, países, épocas, na minha visão essa liberdade em transitar, ainda assim, foi positiva.

Agora é trabalhar para colocar cada coisa em seu lugar! Para não virar “farofa”! É necessário compreender o todo e os pormenores para que possamos prosseguir com uma história autêntica rica e que tenha sentido.

Bom… vou ficando por aqui! Mas por mim ficaria falando mais e mais …rs…

…Falar de história da moda é minha paixão!

Espero ter contribuído!

Com carinho

Edinéia

BÔNUS: Viajantes do século XIX

 

BÔNUS 2: SILHUETA INDUMENTÁRIA GAÚCHA

LEIA MAIS: O QUE VOCÊ SABE SOBRE O FICHU?

REFERÊNCIAS:

[1]http://www.mtg.org.br/public/libs/kcfinder/upload/files/DIRETRIZES%20PARA%20A%20PILCHA%20GAUCHA_2017%283%29.pdf

[2]http://www.mtg.org.br/public/libs/kcfinder/upload/files/NOTA%20DE%20INSTRUCAO%2003.2019.pdf

[3]SAINT-HILAIRE, Auguste de. Voyage a Rio-Grande do Sul (Brésil). Orléans: H. Herluison, Libraire-Éditeur, 1887. p. 271. (tradução da autora)

[4]SAINT-HILAIRE, Auguste de. Voyage a Rio-Grande do Sul (Brésil). Orléans: H. Herluison, Libraire-Éditeur, 1887. p. 5.

[5]BOUCHER, François. História do Vestuário no Ocidente: das origens aos nossos dias. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p. 338 e 340.

[6]BRAGA, João. História da Moda: uma narrativa. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 2004, p. 59.

[7]POLLINI, Denise. Breve História da Moda. São Paulo: Editora Claridade, 2007.

[8]LEVER, James. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 160.

[9] SALDANHA, José de. Diário resumido. Anais da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, v. 51, 1938, p. 233-234.

[10]ANAWALT, Patrícia Rieff. A História mundial da roupa. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011, p. 501.

[11]CORTES, João Carlos Paixão. Folias do Divino. Porto Alegre: PROLETRA, p. 39.

[12]CÔRTES, João Carlos Paixão; CÔRTES, Marina M. Paixão. A moda: Alinhavos & Chuleios. Caxias do Sul, 2000.

[13] CÔRTES, João Carlos Paixão. O Gaúcho: danças, trajes, artesanato. Editora Garatuja, 1980, p. 133.

[14]PALLIERE, Leon. Diario de viaje por la América del Sud 1856 a 1866. Buenos Aires: Ediciones Peuser, 1945, p. 109.

[15] SAINT-HILAIRE, Auguste de. Voyage a Rio-Grande do Sul (Brésil). Orléans: H. Herluison, Libraire-Éditeur, 1887, p. 6

[16] J. B. Debret. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil: Aquarelas e desenhos que não foram reproduzidos na edição de Firmin Didot – 1834 – Castro Maia. Editor Paris, 1954.

[17] ISABELLE, Arsène. Viagem ao Rio da Prata e ao Rio Grande do Sul. Brasília: Senado Federal, 2006.

 

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Edineia Pereira é graduada em História pelo Centro Universitário de Brusque – UNIFEBE; Design de Moda pelo Centro Universitário Carlos Drummond de Andrade; Especialista em História Cultural pela Facel; Mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC/RS e Doutora em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, com pesquisas e obras sobre o Gaúcho. Há dez anos se dedica a docência nos cursos superiores de Design de Moda e Arquitetura e Urbanismo, ministrando disciplinas de História da Arte, da Moda, da Indumentária e da Arquitetura. Atua na área de gestão universitária com pesquisa, extensão e cultura, como membro do Conselho de Ética em Pesquisa CEP/CONEP e Conselheira Municipal de Cultura. Participa efetivamente do Movimento Tradicionalista Gaúcho há trinta anos. Foi Primeira Prenda do MTG – SC e Primeira Prenda da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha – CBTG.

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